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terça-feira, 28 de abril de 2020

Novo ministro da Justiça é pastor e advogado premiado em combate à corrupção

Na manhã desta terça-feira (28), o Diário Oficial da União confirmou o nome do Dr. André Luiz de Almeida Mendonça como o novo ministro da Justiça e da Segurança Pública do Brasil, nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro, após a saída de Sergio Moro na última sexta-feira.

André Mendonça é um ministro de perfil discreto e técnico, chegando inclusive a ter sido cotado anteriormente para para o Supremo Tribunal Federal. Até a última segunda-feira (27), ele atuava como Advogado-Geral da União.

Ele tem pós-graduação em Direito pela Universidade de Brasília (UnB), doutorado em Estado de direito e governança global e é mestre em estratégias anticorrupção e políticas de integridade pela Universidade de Salamanca, na Espanha. Mendonça também já ganhou o Prêmio Innovare, que reconhece boas práticas do poder Judiciário e tem formação em Teologia, exercendo o cargo de pastor na Igreja Presbiteriana Esperança, em Brasília.

Além da nomeação de André, o Diário Oficial também confirmou os nomes de Alexandre Ramagem Rodrigues como o novo comandante da Polícia Federal (PF) e de José Levi Mello do Amaral Júnior como Advogado-Geral da União, conforme mostra a imagem abaixo:

Quando titular da AGU, Mendonça participou das sessões do Supremo Tribunal Federal (STF) e manifestou as posições da União em processos na Corte. Ele tinha sido escolhido para o cargo na AGU ainda na transição para o governo de Bolsonaro, logo após a eleição, em novembro de 2018.

Antes de assumir a Advocacia-Geral da União (AGU), Mendonça também havia atuado como corregedor-geral do órgão, entre 2016 e 2018 e foi diretor do Departamento de Patrimônio Público e Probidade Administrativa da Procuradoria-Geral da União.

Em 2011, o Prêmio Innovare veio veio em uma categoria especial. Mendonça foi premiado por idealizar e coordenar um grupo dedicado à recuperação de ativos desviados em casos de corrupção, recuperando assim bilhões de reais aos cofres públicos.

O outro nome cotado para o Ministério da Justiça era Jorge Oliveira, que trabalhou no gabinete de Eduardo Bolsonaro. Porém, diferente do que se especulou, Jorge recusou a proposta e Mendonça foi nomeado.
com informações: Guiame

Como a crise do coronavírus expõe racha entre evangélicos no Brasil

Divergências quanto a isolamento social e grau de ameaça da covid-19 mostram divisão entre evangélicos que se acentuou à medida que presidente Bolsonaro foi assumindo 'aura de autoridade religiosa', explicam teólogos e sociólogos evangélicos ouvidos pela BBC News Brasil.

O teólogo Kenner Terra, do Espírito Santo, teve que lidar com uma enxurrada de críticas e comentários agressivos de outros evangélicos quando publicou um texto defendendo o isolamento social para combater o coronavírus.

Coordenador do Fórum Evangelho e Justiça no Espírito Santo, Terra é pastor de uma igreja batista que está entre as que defendem as medidas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMSA) para evitar a disseminação da covid-19.

Em contraste com líderes evangélicos conhecidos que vieram a público criticar o isolamento e defender a abertura das igrejas, diversos pastores das mais diferentes denominações defendem a suspensão de cultos presenciais e estão disponibilizando cultos online, enviando cartas e promovendo eventos e debates na internet sobre a importância dos cuidados diante da pandemia.

"Mas é uma minoria", diz Terra. "Só de você estar considerando as recomendações da OMS já é quase como um 'ato de resistência'", diz ele.

As igrejas estão divididas. De um lado líderes que defendem o fim do isolamento, a manutenção dos templos abertos e os cultos presenciais — destes, alguns até entraram em disputa com o Ministério Público do Rio de Janeiro pelo direito de manter as igrejas abertas. Do outro lados, líderes que fecharam os templos, fazem cultos online e pedem para os fiéis orarem em casa.

Para teólogos e sociólogos evangélicos ouvidos pela BBC News Brasil, essa divergência sobre o coronavírus expõe uma divisão nesse grupo religioso que se acentuou durante os últimos anos, à medida que o presidente do país, Jair Bolsonaro, assumia, cada vez mais, uma "aura de autoridade religiosa".

Eles dizem que, do lado dos que minimizam a ameaça da crise, estão, em geral, grupos que se alinham com o projeto Bolsonarista e o acompanham na forma de lidar com a pandemia; de outro, estão grupos que não aderiram ao que Kenner Terra chama de "bolsoreligiosidade".

Mas a situação embaralhou as divisões "clássicas" que normalmente se fazem dos evangélicos — entre os grupos de heranças protestantes mais tradicionais (como metodistas, batistas e presbiterianos) e os neopentecostais e pentecostais (igrejas como a Assembleia de Deus e a Universal).

Ou seja, não é possível separar a postura por tradição religiosa — dentro desses segmentos há uma divisão. Na igreja metodista, por exemplo, que em geral têm defendido o isolamento, há líderes divergentes.

Alinhamento com Bolsonaro

Segundo uma pesquisa recente do instituto Datafolha, os evangélicos continuam sendo um dos setores onde Bolsonaro tem aprovação. E, embora a maioria dos evangélicos no Brasil seja a favor das medidas de isolamento, o índice dos que são contra o isolamento e acham que a população deve sair para trabalhar (de 44%) é maior entre esses religiosos do que na população em geral (37%).

"Penso que o alinhamento ao projeto de Bolsonaro tem uma relação mais direta com a polarização entre conservadores (direita) e liberais (esquerda)", explica o teólogo conservador Guilherme de Carvalho, diretor do grupo de estudos L'Abri Fellowship Brasil e ex-diretor de educação em direitos humanos do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos.

No entanto, ressalva, a crise do coronavírus fez com que o apoio a Bolsonaro e às medidas de isolamento não seja unânime nem entre os conservadores, afirma Carvalho, que também é membro do conselho deliberativo do Instituto Brasileiro de Direito e Religião (IBDR).

"Posso dizer que há muitos conservadores católicos e evangélicos que não estão de modo algum alinhados com Bolsonaro na questão do coronavírus, tanto fora quanto dentro do governo, inclusive", diz ele, que deixou o ministério no mês passado.

Líderes da igreja Batista de Lagoinha, por exemplo, frequentada pela ministra Damares Alves, ao mesmo tempo que apoiaram o dia de jejum convocado por Bolsonaro ("para que o país fique livre desse mal"), têm feito cultos online, chamando os fiéis para ficarem em casa e criticado pastores que não fazem o mesmo.

"A covid-19 rachou o suporte evangélico transversalmente, em todas as denominações, excetuando-se as mais autocráticas (centradas na figura de líderes religiosos específicos)", afirma Carvalho.

Fator Moro

Outro fator recente que evidenciou a divergência entre as igrejas foi o pedido de demissão do ex-ministro da Justiça Sergio Moro.

A saída de Moro foi vista com desaprovação por boa parte da comunidade evangélica, explica Carvalho, que vê Moro como símbolo de combate à corrupção.

"Muitos ficaram bem desgostosos com esse processo todo, fazendo com que a posição de muitos evangélicos tenha se movimentado um pouco mais para a oposição", diz ele.

Até líderes que fazem parte da base mais fiel de apoio ao presidente — como o pastor Silas Malafaia — criticam a saída do ministro.

E entidades importantes e normalmente próximas ao governo Bolsonaro, como a Associação dos Juristas Evangélicos (Anajure), viram com descontentamento a saída do ministro. A Anajure emitiu uma nota de repúdio à "interferência do presidente na direção-geral da Polícia Federal".
No entanto, muitos pastores ainda se mantém fiéis à "bolsoreligiosidade".

Líderes midiáticos

A pesquisadora metodista Magali Cunha, do grupo Comunicação e Religião da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), explica que são esses líderes mais "midiáticos"— nomes como Silas Malafaia (da Assembleia de Deus Vitória em Cristo) e Edir Macedo (Igreja Universal do Reino de Deus) — que têm sido os mais vocais na crítica às medidas de isolamento e mais negacionistas em relação à ameaça representadas pelo coronavírus.

Macedo compartilhou um vídeo em que dizia que o coronavírus não era uma grande ameaça. "Meu amigo e minha amiga, não se preocupe com o coronavírus. Porque essa é a tática, ou mais uma tática, de Satanás" dizia ele.

A Frente Parlamentar Evangélica também defendeu que as igrejas fiquem abertas.

"É fundamental que os templos, guardadas as devidas medidas de prevenção, estejam de portas abertas para receber os abatidos e acolher os desesperados", disse o grupo em nota emitida há algumas semanas.

"A fé ajuda a superar angústias e é fator de equilíbrio psicoemocional", afirma a bancada.
A BBC News Brasil tentou falar com o presidente da bancada, o deputado Silas Câmara (Republicanos-AM), e com líderes religiosos contrários ao fechamento dos templos, mas não obteve resposta.

A Igreja Universal disse em nota que serviços religiosos foram considerados essenciais por decreto presidencial e que está tomando medidas de "cautela sanitária", como oferecer álcool em gel e pedir para que os fiéis sentem longe uns dos outros nos locais onde os cultos ainda estão sendo realizados — eles foram suspensos nos Estados que os proibiram.

"Nas localidades onde está proibida a realização de cultos em templos religiosos, a Universal está aberta apenas para orações individuais e auxílio espiritual, e observando todas as cautelas sanitárias", diz a igreja.

"Percebe-se que um dos principais grupos que estão contra a medida (de isolamento social) são igrejas sem uma organização mais coletiva, governadas por líderes únicos com uma liderança mais personalistas — figuras sempre envolvidas em polêmicas que acompanham politicamente as orientações do presidente", afirma Cunha.

O próprio presidente, dizem os teólogos, acabou se transformando em uma figura de "autoridade religiosa", capaz de influenciar o posicionamento de pastores e fiéis.

Guilherme de Carvalho considera que esse fator é a principal motivação dos grupos contrários ao isolamento social.

"Bolsonaro claramente tem uma aura de autoridade religiosa. Essa aura foi evidentemente cultivada e explorada na 'Santa Convocação' ao jejum do dia 5 de abril, com um vídeo bastante divulgado em redes sociais com palavras de apoio de importantes lideranças evangélicas", afirma Carvalho.

Apoiaram o jejum lideranças importantes das mais variadas denominações religiosas: as igrejas Sara Nossa Terra, Mundial do Poder de Deus, Renascer em Cristo, Presbiteriana do Brasil, Quadrangular do Reino de Deus, Batista Getsêmani e outras igrejas batistas.

"Essa autoridade foi conferida pelas próprias autoridades religiosas, embora, a essa altura, tenha ganhado certa independência", diz ele.

Nesse contexto, explica, Bolsonaro é visto como representante de certos valores morais caros a esses grupos e qualquer oposição a ele é vista como sendo feita por "inimigos da fé".

"É o voto de confiança turbinado pela religiosidade", diz ele, para quem esse apoio também é perpassado por um temor entre os conservadores de que "o enfraquecimento de Bolsonaro permita a ascensão da esquerda".

"É o que eu chamo de 'bolsorreligiosidade', que tem em Bolsonaro uma figura sagrada, a fala dele representa a leitura de mundo que deve ser seguida", explica Kenner Terra.

"Há uma tendência de tornar esse apoio ao Bolsonaro em um ato piedoso: é óbvio que apoiá-lo é defender a família, quem não o apoia é inimigo, não é ouvido, precisa ser exorcizado e silenciado."

"Bolsonaro identificou que precisava do apoio dos evangélicos nas eleições e certos grupos evangélicos perceberam que poderiam usar isso para conseguir benefícios", explica. "É preciso lembrar que muitos desses religiosos apoiaram Dilma e Lula quando foi conveniente", afirma.

Carvalho vê uma origem diferente para essa autoridade que acabou sendo conferida ao presidente — uma espécie de vácuo de autoridade que o político soube aproveitar.

"Suas raízes estão, naturalmente, na necessidade de uma representação política que considere alguns valores cristãos importantes, como a família, a justiça, a honra a autoridades e a símbolos que promovam coesão social, e que deixe de marginalizar a voz cristã, erro sistematicamente cometido em governos anteriores", diz ele.

"Bolsonaro, corretamente, se lembrou de que existem milhares e milhares de igrejas no Brasil. Levou a sério os argumentos em favor da liberdade de religião ou crença, e as proteções especiais que essas liberdades recebem na Constituição Federal. Na verdade esse é um ponto a favor de Bolsonaro, e não contra", afirma Carvalho.

Carvalho defende o isolamento social como forma de combater o coronavírus, mas afirma que as autoridades estaduais e municipais, o Ministério Público e a imprensa não "compreendem a importância histórica e social da liberdade religiosa" e que muitos desses grupos estão com medo de perderem a liberdade de culto.

"Se alguém deseja enfraquecer a forma caricatural de conservadorismo representada por Bolsonaro, existe um e apenas um caminho: abrir diálogo com as igrejas evangélicas", diz ele.

Questão econômica

Segundo os analistas, há um setor, que inclui esses líderes, para quem a questão econômica é uma das motivações para a hesitação diante das medidas de isolamento.

"Há um medo das igrejas, porque a entrada financeira acontece principalmente nos cultos presenciais, há o risco da entrada ser menor, e há uma série de compromissos financeiros, aluguel dos templos, salários dos pastores, etc" afirma Kenner Terra.

"Em uma reunião que fui com o governador do Espírito Santo, 70% dos pastores tinham isso como principal preocupação, perguntaram se o Estado iria dar ajuda financeira para as igrejas."

"Não é diferente dos grandes empresários brasileiros que estão pedindo o fim do isolamento, é uma questão de fundo econômico. Eles vivem disso, não querem perder mercado. (O isolamento) interfere na estrutura de recolhimento de oferta", afirma o sociólogo Clemir Fernandes, do Instituto de Estudos da Religião (Iser).

Magali Cunha diz que "não podemos colocar na mesma balança" grandes conglomerados de igreja que possuem bens, influência política e até meios de comunicações, com igrejas menores, que funcionam com base nas doações do dia a dia.

"Muitas vezes é uma igreja que funciona em uma lojinha, em uma garagem, essas neopentecostais que surgem a rodo. Não podem ser comparados com esses líderes que têm compromissos públicos com uma agenda bolsonarista", diz ela.

"É verdade que alguns líderes de grandes igrejas tem feito muita pressão para manter abertas as igrejas, e pelo menos em alguns casos podemos especular que isso tenha relação com a sustentação financeira dessas igrejas. De certo modo, não difere muito do argumento de alguns empresários", afirma Guilherme de Carvalho.

"Mas tenho a impressão de que, para a maior parte das pequenas congregações, essa realmente não é a grande questão. Ouvi falar pouco sobre isso, entre pastores. A maior preocupação parece ser mesmo a ameaça à liberdade de culto", diz ele.

Pastores preocupados com a disseminação do coronavírus dizem que a solução para cumprir os compromissos econômicos é receber doações de outras formas, e que, embora legítima, essa preocupação não pode passar na frente da segurança e da vida.

Muitas doações têm migrado para a internet. A plataforma EuIgreja, que permite que os fiéis contribuam virtualmente, teve um aumento de 600% em inscrições de igrejas nas últimas três semanas, segundo Rafael Lazzaro, um dos sócios. Já são mil comunidades religiosas inscritas, incluindo a Igreja Metodista, a Igreja do Narazeno e a Assembleia de Deus.

Essa questão já levou inclusive a rusgas públicas entre líderes religiosos importantes. A pastora Ana Paula Valadão, da Igreja de Lagoinha, criticou pastores que não fecharam as portas e sugeriu que eles façam a coleta das doações pela internet. "Tá com medo de perder o quê? Arrecadação financeira?", disse ela.

Isso gerou uma resposta de Silas Malafaia. "Nunca cobrei um centavo para pregar o Evangelho", disse ele, que qualificou a crítica das pastora como uma "fala do inferno no nosso meio" e afirmou que "a igreja é o último reduto" das pessoas em tempos de crise.

Alas progressistas

Entre as igrejas evangélicas, os primeiros a defender o isolamento e transferir os cultos e estudos bíblicos para a internet foram os chamados grupos "progressistas", não alinhados ao presidente.

O pastor Henrique Vieira, líder religioso de esquerda visto no Rio de Janeiro como um "anti-Malafaia", tem feito toda sua pregação pela internet e veio a público criticar o jejum proposto pelo presidente.

"Abstinência de alimentos não parece o mais razoável em tempos de fortalecer nossa imunidade", diz ele, que fez um vídeo para explicar "o verdadeiro sentido do jejum religioso".

"A gente identifica claramente que as igrejas que apoiam as medidas preventivas são as que têm como base teológica do compromisso social" afirma Magali Cunha. "Historicamente trabalham temas como responsabilidade cristã, fazem trabalho social, têm uma preocupação de responder as demandas que surgem da sociedade."

O pastor Ricardo Gondim, da Igreja Betesda, em São Paulo, tem feito alertas diários no Twitter sobre os perigos da pandemia.

"Precisamos, urgente, dar nome, mostrar foto e contar a história das pessoas que morreram de covid", escreveu na quarta-feira (22). "Enquanto a discussão ficar nas futricas do Palácio e os números forem estatísticas frias, mais pessoas se manterão indiferentes."

Kenner Terra lamenta que a ala progressista da igreja evangélica tenha menos visibilidade. "São grupos menores, menos articulados e também que não são donos de grandes meios de comunicação", afirma. "Também é difícil você juntar pessoas muito críticas."

Fé e ciência

No vídeo em que duvida da gravidade do coronavírus, o pastor Edir Macedo mostra o trecho de um vídeo de um médico patologista que contraria a comunidade científica, o Ministério da Saúde e a OMS e diz que "de coronavírus a gente não morre".

"Fica aí o recado do doutor, que é cientista e tem fundamentos científicos para falar o que ele falou com certeza", diz o líder religioso no vídeo.

Mais de 210 mil pessoas já morreram por causa do covid-19 no mundo, mais de 4,5 mil delas no Brasil.

Para o sociólogo Clemir Fernandes, do Iser, o fato de muitos dos argumentos de religiosos e mensagens compartilhadas nas redes sociais trazerem supostos dados científicos, pesquisas e nomes de pesquisadores (muitas vezes incorretamente), mostram que o que existe não é uma descrença da ciência em si, mas uma tendência a acreditar somente naquilo que confirma uma visão já existente.

"Muitas das pessoas que defendem o uso da cloroquina (remédio que está sendo testado e ainda não tem eficácia comprovada) compartilham pesquisas que foram feitas com a substância, por exemplo", diz ele. "Se fosse uma descrença total por causa da religião, isso não aconteceria."

Ou seja, é problema muito mais de posicionamento político e ideológico do que a dificuldade em encaixar a ciência com a espiritualidade.

Para Guilherme de Carvalho, o fato de a "atitude leviana em relação à opinião científica e acadêmica" por parte do presidente não enfraquecer o suporte a Bolsonaro pode ter relação com o fato de a comunidade acadêmica "conversar pouco com a religião brasileira".

Segundo ele, isso "contribui perversamente para que a religião opere como referência única de verdade".
"Nesse deserto sem respeito a autoridades e sem cooperação, florescem teorias conspiratórias e o espírito do populismo. Assim, entre um líder político 'ungido' pelos líderes religiosos, e uma academia e uma imprensa que sempre jogam contra a fé, o povo tenderá a seguir esse líder político", afirma.

"Eu diria que o desprezo à opinião científica que se tornou tão gritante nas últimas semanas foi intensificado por uma inimizade desnecessária entre fé e ciência do qual os culpados são tanto a universidade Brasileira quanto os líderes religiosos evangélicos", afirma. 
com informações UOL

Conquista passa a registrar 3 falecimentos por Coronavírus

A Secretaria Municipal de Saúde informou na manhã de hoje (28), por meio do Boletim epidemiológico, que os resultados das duas pessoas que faleceram nos últimos dias com suspeita de Coronavírus deram positivo. Assim, Vitória da Conquista passa a registrar três óbitos causados pela doença.

A primeira vítima fatal do município faleceu no dia 13 de abril. Trata-se de um homem de 69 anos. Já a segunda morte foi de um senhor de 76 anos ocorrida na última quinta-feira, 23 de abril. No último domingo, 26 de abril, a terceira paciente veio à óbito: uma mulher de 62 anos. As três pessoas possuíam comorbidades (quando duas ou mais doenças estão relacionadas).

Com esses resultados, o município passa a ter 30 casos confirmados de Covid-19.

A Prefeitura de Vitória da Conquista e o prefeito Herzem Gusmão lamentam pelos falecimentos e se solidarizam com as famílias neste momento de dor.

É importante reforçar que a Covid-19 é uma doença grave e o compromisso de todos na prevenção é essencial: lavar sempre as mãos, fazer o uso do álcool em gel, ficar em casa, evitar aglomerações e, caso seja extremamente necessário ir à rua, usar máscara.
 
Call Center – A Secretaria Municipal de Saúde disponibiliza um Call Center para tirar dúvidas da população sobre a Covid-19 e atender pessoas que apresentem febre de início súbito, acompanhada de tosse ou dor de garganta ou dificuldade respiratória, na ausência de outro diagnóstico específico. Além disso, crianças com menos de 2 anos de idade, considera-se também como casos de Síndrome Gripal: febre de início súbito e sintomas respiratórios (tosse, coriza e obstrução nasal), caso também não tenha outro diagnóstico específico.

Contatos:

  • Telefones fixos: (77) 3429-7451/3429-7434/3429-7436
  • Celulares: (77) 98834-9988/98834-9900/98834-9977/98834-9911

INSS: governo autoriza contratação de militares e aposentados

O Ministério da Economia autorizou a contratação temporária de aposentados e militares inativos para trabalharem no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A Portaria nº 10.736 foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira (28/04).

A medida foi autorizada pelo secretário de desburocratização, Paulo Spencer Uebel. Os contratados vão atuar na análise de processos, perícia médica, entre outras atividades.

A contratação de militares inativos e aposentados foi autorizada para ajudar na análise de pedidos de benefícios que estão parados no INSS.

O órgão tem cerca de 2 milhões de requerimentos na fila de espera para serem analisados. Desses, ao menos 1,3 milhão de pedidos excedem o prazo legal. Pedidos de benefícios do INSS, como aposentadorias, devem ser analisados em até 45 dias.
 Metropole

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Com pandemia de covid-19, cartórios registram alta de 43% em mortes por causa indeterminada

SÃO PAULO - Os cartórios brasileiros registraram alta de 43% no número de mortes por causa indeterminada notificadas no País desde o início da pandemia de covid-19 em território brasileiro. Os dados, antecipados pelo Estado, foram divulgados nesta segunda-feira, 27, em novo painel do Portal da Transparência do Registro Civil, mantido pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil). Segundo especialistas, o aumento de óbitos sem causa definida pode estar associado a vítimas de coronavírus que morreram sem ter o diagnóstico da doença. 

A alta refere-se ao período de 26 de fevereiro, data em que o primeiro caso de infecção por coronavírus foi registrado no Brasil, até 17 de abril. O painel traz os dados em tempo real, mas, como os cartórios têm até dez dias para repassar os registros para a Central de Informações do Registro Civil (CRC Nacional), a reportagem optou por um recorte até dez dias atrás.

Em 2020, o País teve 1.329 mortes por causa indeterminada no periodo mencionado. Em 2019, 925 óbitos do tipo foram registrados pelos cartórios no mesmo intervalo. De acordo com especialistas, o dado pode ser mais um indício de subnotificação do número de óbitos por coronavírus no País. Com a falta de testes e a alta demanda sobre o sistema de saúde em algumas regiões, doentes podem estar morrendo sem ter uma avaliação médica.

Para Fátima Marinho, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e integrante do grupo de especialistas que auxiliou a Arpen-Brasil na elaboração do painel, é provável que o aumento de mortes por causa indefinida tenha como uma das razões a morte de pessoas por covid-19 que não tiveram acesso ao sistema de saúde. "Em uma situação de uma doença nova, uma pandemia, a gente espera um aumento de mortes em casa, sem que a pessoa sequer consiga ter atendimento médico. Isso pode estar acontecendo agora", explica.

Pneumologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a médica Margareth Dalcomo diz acreditar que a maioria dos registros está relacionada a mortes por covid-19 não identificadas. "Pode até ser que a pessoa tenha ido a uma unidade de saúde, mas a gravidade não tenha sido notada a tempo. Há casos de pessoas que pioram de forma abrupta, principalmente aquelas com alguma doença crônica ou condição que aumente o risco de complicação", afirma a especialista.

Se analisadas as mortes também por faixa etária, o aumento de óbitos por causa indeterminada é maior entre idosos, principal grupo de risco para complicações do coronavírus. O número de mortes sem causa definida entre pessoas com idade a partir de 60 anos passou de 568 em 2019 para 879 em 2020, alta de 54,8%. Já entre indivíduos com menos de 60 anos, a variação foi de 30,5% - subiu de 321 para 419 no mesmo intervalo de tempo.
 
Fátima diz que outra razão que pode estar impactando na alta de mortes por causas indeterminadas é o provável crescimento de óbitos por outras causas que não estão chegando aos hospitais pela dificuldade de conseguir leitos no meio da pandemia ou pelo eventual medo de pacientes em procurar unidades de saúde e se contaminarem. "Provavelmente teremos um aumento de mortes por infarto, AVC e outros problemas registrados em casa porque as pessoas estão adiando a ida ao pronto-socorro ou tendo que disputar leitos com pacientes com covid-19", diz ela. 
 
Para Margareth, mesmo em casos de mortes em casa, ocorridas antes de qualquer assistência médica, é fundamental que seja realizado um teste após o óbito para que seja conhecida a causa real do falecimento. "Não tenho dúvidas que um porcentual muito grande de mortes sem causa definida são por covid. Todas essas causas, tanto mortes por problemas respiratórios quanto causas indeterminadas, precisarão ser revisitadas para que possamos determinar o real impacto epidemiológico que o coronavírus causou no Brasil", defende.

Salto em mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave

O portal da transparência mantido pela Arpen-Brasil também passa a disponibilizar o número de mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que registrou aumento de 680% entre 26 de fevereiro e 17 de abril de 2019 e o mesmo período de 2020. Os números contemplam casos dessa condição respiratória em que não foi especificado o agente causador da síndrome, que pode ser coronavírus, mas também influenza ou outro vírus respiratório.

De acordo com o portal, o número de mortes do tipo passou de 156 para 1.217 no período citado. A alta nos óbitos por SRAG não especificada registradas em cartórios seriam outro indício de subnotificação. Ela é ainda maior em Estados com muitos casos da doença. No Amazonas, o aumento foi de 1.214%. No Ceará, de 3.828%. Em São Paulo, Estado com o maior número de infectados, o crescimento observado foi de 916%.

Outros dados anteriormente divulgados pela Arpen-Brasil mostravam indícios de que o número de mortes por coronavírus no Brasil pode ser maior que o computado oficialmente pelo Ministério da Saúde. Como revelou o Estado em 13 de abril, o número de registros de mortes por insuficiência respiratória e pneumonia no Brasil teve um salto em março, contrariando tendência de queda que vinha sendo observada nos meses de janeiro e fevereiro. Foram 2.239 mortes a mais em março de 2020 do que no mesmo período de 2019.

O número de mortes suspeitas ou confirmadas por covid-19 registradas nos cartórios também vem se mostrando maior do que as registradas pelo Ministério da Saúde (que considera só os óbitos confirmados por coronavírus). Na tarde desta segunda, por exemplo, os cartórios já registravam 4.839 vítimas com confirmação ou suspeita da doença. Já o Ministério contabilizava 4.543 registros.
Para Luis Carlos Vendramin Júnior, vice-presidente da Arpen-Brasil, a disponibilização dos dados dos cartórios ajudam a entender o avanço da epidemia. "Como temos esses dados com atualização diária, avaliamos que ampliar a transparência e divulgar dados também sobre mortes por SRAG e causas indeterminadas, além das que já vínhamos divulgando, vai auxiliar tanto o poder público quanto a imprensa e a população em geral na análise de números", destacou.
Estadão

STF abre inquérito contra Bolsonaro após acusações de Moro

O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), acolheu, na noite desta segunda-feira (27/04), o pedido da Procuradoria-geral da República (PGR), nesta segunda-feira (27/04), para abrir investigações contra o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). O inquérito diz respeito às acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro.

Celso de Mello deu 60 dias para as apurações. O objetivo é apurar se foram cometidos os crimes de falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de Justiça, corrupção passiva privilegiada, denunciação caluniosa e crime contra a honra.

Após pedir demissão do cargo, Moro revelou uma série de atos ilícitos que teriam sido cometidos por Bolsonaro. Segundo o ex-juiz da Lava Jato, o chefe do Executivo insistiu na troca do comando da Polícia Federal para fazer uma “interferência política”.
 Metropole

Nada está oculto aos olhos de Deus, diz Bolsonaro nas redes

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) usou as redes sociais na noite desta segunda-feira (27/04) para compartilhar uma passagem bíblica, na qual diz que “nada, em toda a criação, está oculto aos olhos de Deus”.

A publicação foi feita em meio ao embate com o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro, que pediu demissão na última sexta-feira (24/04). Na ocasião, Moro alegou que Bolsonaro estava interferindo politicamente na Polícia Federal e queria “relatórios de inteligência” da instituição, algo que não é parte das incumbências da corporação.


Durante a conversa com a imprensa, um dos jornalistas afirmou que o ministro Celso de Mello indicou que deve aceitar o processo de investigação sobre as falas de Moro e perguntou o que o presidente achava disso. O chefe do Executivo foi categórico:

“O que acontece, o [ex-]ministro que saiu, fez acusações, e é bom que ele comprove. Até para minha biografia, tá ok? Agora, o processo no Supremo [Tribunal Federal] é o contrário, é ele que tem que comprovar aquilo que ele falou ao meu respeito”, disse o presidente.

“Eu espero que o Supremo analise para tirar a dúvida. Uma acusação grave que foi feita a meu respeito. Seria bom o Supremo decidir isso o mais rapidamente possível. E o [ex-]ministro pode apresentar as provas, se ele tiver, obviamente”, acrescentou.
 Metropole