Imóveis estão em declaração de patrimônio anexada pela
ex-mulher de candidato em ação de partilha. Ana Cristina Valle afirma
que fez acusações movidas por mágoa, e presidenciável diz que
‘cotoveladas’ são comuns em separação
O presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) omitiu das declarações de bens
entregues à Justiça Eleitoral, nas disputas de 2006 e 2010, ao menos
duas casas avaliadas em R$ 2,6 milhões. Em ambas as campanhas, ele
concorria à Câmara dos Deputados. Os imóveis constam da lista de bens
apresentada pela ex-mulher de Bolsonaro Ana Cristina Siqueira Valle em
processo de partilha, movido após a separação do casal em 2007.
O processo foi publicado pela revista “Veja” na edição de ontem. A
ação judicial trata de detalhes da separação entre o deputado federal e
Ana Cristina. E revela que Bolsonaro e a ex-mulher detinham, em 2009, um
patrimônio que somava R$ 4 milhões.
Na listagem apresentada à Justiça estão os dois imóveis registrados
em cartório no Rio de Janeiro. Procurados, Bolsonaro e Ana Cristina não
responderam ao GLOBO. Para a “Veja”, a ex-mulher do presidenciável
sustentou que foi movida pelo sentimento de mágoa ao fazer acusações
contra o ex-marido no processo judicial, onde também afirmou que
Bolsonaro teria furtado um cofre de sua propriedade e que tinha
comportamento agressivo.
Ela disse que, “brava”, fala “besteira”.
Informou também que chegou a um acordo com o ex-marido para dar fim ao
litígio.
Em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, da Band, Bolsonaro
afirmou que a própria Ana Cristina desmentiu as acusações. Na
entrevista, o candidato afirmou que, em processos de separação, “é comum
ter problemas” e “as cotoveladas acontecem de ambas as partes”.
LISTA DE BENS
Na lista de 17 itens que aparecem na declaração de bens anexada ao processo judicial, o de maior valor é uma casa avaliada em R$ 1,66 milhão, localizada na rua Maurice Assuf, na Barra da Tijuca. Bolsonaro comprou a casa em 22 de novembro de 2002. O imóvel foi vendido em 2009, porém não aparece na declaração de patrimônio entregue à Justiça Eleitoral em 2006, três anos antes.
Na lista de 17 itens que aparecem na declaração de bens anexada ao processo judicial, o de maior valor é uma casa avaliada em R$ 1,66 milhão, localizada na rua Maurice Assuf, na Barra da Tijuca. Bolsonaro comprou a casa em 22 de novembro de 2002. O imóvel foi vendido em 2009, porém não aparece na declaração de patrimônio entregue à Justiça Eleitoral em 2006, três anos antes.
O levantamento do GLOBO mostra que a
casa foi adquirida por R$ 500 mil. O preço da compra, registrado em
cartório, difere do valor de mercado, utilizado para o cálculo para a
cobrança do Imposto sobre Transmissões de Bens Imóveis (ITBI), que
apontava na época que o imóvel era avaliado em R$ 1,66 milhão. Na
campanha de 2006, Bolsonaro listou apenas uma sala comercial, três
veículos, duas aplicações no banco e um lote, que somavam R$ 433,9 mil.
Em 21 de janeiro de 2009, Bolsonaro comprou outra casa, em um
condomínio de frente para o mar, também na Barra da Tijuca. A
residência, no entanto, não foi declarada à Justiça Eleitoral nas
eleições de 2010. Bolsonaro registrou no cartório a transação por R$ 400
mil. A guia de pagamento de ITBI da época revela, no entanto, que o
preço de mercado era de R$ 1,05 milhão. O presidenciável só declarou
este imóvel nas eleições de 2014. Além dos dois imóveis, o processo
judicial traz outros bens que entraram na partilha, como um apartamento
na Barra da Tijuca, uma sala comercial no Centro do Rio, uma casa e uma
sala em Resende, além de cinco lotes no mesmo município do sul
fluminense.
ROUBO DE COFRE
Também constam uma variedade de veículos: a caminhonete Land Rover, ano 2007; um veículo tipo reboque, ano 2006; uma Pajero 2006, além de um Jet Ski Yamaha, ano 2006. Como o presidenciável pode ter comprado os bens após a eleição de 2006 e parte deles está somente em nome de Ana Cristina, não é possível afirmar que o deputado também omitiu este patrimônio da Justiça Eleitoral, sem a confirmação por meio de certidões de compra e venda.
Também constam uma variedade de veículos: a caminhonete Land Rover, ano 2007; um veículo tipo reboque, ano 2006; uma Pajero 2006, além de um Jet Ski Yamaha, ano 2006. Como o presidenciável pode ter comprado os bens após a eleição de 2006 e parte deles está somente em nome de Ana Cristina, não é possível afirmar que o deputado também omitiu este patrimônio da Justiça Eleitoral, sem a confirmação por meio de certidões de compra e venda.
A reportagem da “Veja” também traz os relatos que Ana Cristina fez à
Justiça sobre a situação financeira do deputado. Ela afirmou que o casal
vivia com renda mensal de R$ 100 mil, acima dos ganhos do parlamentar e
dos vencimentos do capitão da reserva. “Outros proventos” garantiriam a
vida de conforto, mas Ana Cristina não explicou quais seriam estas
fontes de renda. Segundo a reportagem, Ana Cristina acusou o ex-marido
de ter roubado o cofre dela numa agência do Banco do Brasil, no Centro
do Rio, onde estariam guardados US$ 30 mil, R$ 200 mil e joias avaliadas
em R$ 600 mil. Ela chegou a prestar queixa na delegacia.
À “Veja”, Ana Cristina disse que não levou a queixa sobre o roubo do
cofre adiante porque “não se sentia à vontade”. “Iria dar um escândalo
para ele e para mim”. “Nós dois tínhamos um acordo de abrir mão de
qualquer apuração porque não seria bom”. O motivo da separação seria o
“comportamento explosivo” e “desmedida agressividade” do ex-marido.
Nas eleições deste ano, Bolsonaro declarou patrimônio de R$ 2,28
milhões. Entre seus principais bens, estão a casa de R$ 400 mil,
adquirida em 2009, e outra comprada no mesmo condomínio, em dezembro de
2012, por R$ 500 mil, segundo registro no cartório. O imóvel comprado há
seis anos tem valor de mercado de R$ 2,2 milhões, conforme guia do
ITBI. Ontem, o candidato também se manifestou nas redes sociais. Disse
que responde “qualquer acusação sem problema nenhum, no momento
oportuno. Estamos na reta final de uma campanha”. “A revista fez uma
matéria (sobre fato) ocorrido há mais de 10 anos, que correu em segredo
de Justiça. O objetivo? Tentar me desconstruir”. (Colaborou Stéfano
Salles) Por Hudson Corrêa, de O Globo
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