LISBOA, PORTUGAL (FOLHAPRESS) -
Em evento em Lisboa, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB)
disse achar que o futuro governo de Jair Bolsonaro (PSL) deve ser
prejudicial à imagem do Brasil no exterior.
"Será um impacto, no meu modo de ver, negativo. Ele disse que o
Mercosul não é prioridade, o que abala a relação do Brasil com parceiros
do Sul. Foi dito que, eventualmente, o Brasil poderia cortar relações
com certos países", enumerou.
"Se formos por esse caminho, vamos levar o Brasil para uma posição
como se fosse os Estados Unidos, mas sem ser os Estados Unidos. Nós não
temos esta possibilidade. A China é nosso maior parceiro comercial e, se
o Brasil tomar certas medidas, eles vão reagir", previu o tucano.
As declarações foram feitas em Lisboa, durante o evento Fronteiras
XXI, promovido pela Fundação Francisco Manuel dos Santos e a emissora
RTP 3. O programa, transmitido pela TV e na internet, vai ao ar no
próximo dia 7.
FHC destacou ainda seu próprio desconhecimento quanto ao presidente eleito.
"Parece que [Jair Bolsonaro] foi parlamentar por 27 anos. Eu fui
presidente durante oito, fui ministro durante dois, fui senador por mais
não sei quanto tempo e não o conheço. Nunca o vi ou ouvi. Ouvi só
agora, recentemente. Não tenho conhecimento pessoal para julgá-lo",
disse.
Apesar do discurso de tom autoritário do capitão reformado, FHC diz que o Brasil não vai se tornar uma ditadura.
"O Congresso é forte, os tribunais são fortes. As Forças Armadas são
bastante treinadas no sentimento democrático e de respeito à
Constituição", avaliou.
Em conversa com a Folha de S.Paulo após o evento, o tucano afirmou
que o mundo ocidental vive uma onda de conservadorismo, mas que ainda é
cedo para dizer se Bolsonaro faz parte da extrema-direita.
"Eu quero ver o que ele vai fazer. Uma coisa é o que as pessoas dizem
na campanha, outra coisa é o que fazem. Se for [extrema-direita],
contará com a minha oposição", considerou.
Em reflexão sobre sua própria
sigla após as eleições, o ex-presidente afirmou que, "como a maior parte
dos partidos, o PSDB sai bastante atingido, com menos força do que
tinha antes, talvez até mesmo fragmentado".Informações yahoonotcias
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