O deputado estadual Marcelo Freixo
(PSOL-RJ), eleito como deputado federal pelo Estado do Rio de Janeiro
para o período 2019-2022, concedeu entrevista coletiva nesta
sexta-feira, 14, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj),
para falar das ameaças recebidas nesta semana e sobre a morte da
vereadora Marielle Franco,
também do PSOL. O deputado foi crítico em relação à forma como a
segurança pública é tratada no Brasil e reclamou da falta de ação do
governo fluminense, que não usou seu dossiê sobre as máfias.
“O Brasil é um dos países em que mais morrem defensores de
direitos humanos e policiais do mundo. Isso é reflexo de uma segurança
pública que acredita que os direitos humanos atrapalham a segurança
pública. Defensor de direitos humanos não é defensor de bandido. Pelo
contrário, os bandidos querem matar os defensores de direitos humanos.
Isso ficou claro dessa vez. Defensores dos direitos humanos defendem a
lei. E a lei não pode permitir que um grupo tão violento e criminoso
domine territórios e a vida das pessoas”, reclamou o deputado,
criticando as milícias.
“A sensação é muito ruim, porque na semana em que completamos dez
anos da CPI das Milícias, recebemos novas ameaças. Temos dezenas de
ameaças ao longo desses dez anos, mas é inadmissível imaginar que no Rio
de Janeiro, em que uma vereadora foi assassinada sem que o crime tenha
sido esclarecido, em pleno século XXI, você tenha um grupo criminoso
controlando uma quantidade tão grande de território e capaz de ameaçar,
matar e explorar uma quantidade tão grande de gente”, explicou o
deputado, autor do dossiê que envolve as milícias.
“Não me arrependo do trabalho que fiz. Nunca fiz um trabalho específico
contra uma ou outra milícia. Nosso trabalho foi pela defesa da lei”,
explicou o deputado federal eleito, que disse não ter certeza da conexão
do assassinato de Marielle Franco com as milícias. “Não conheço as
provas, as investigações e os elementos. Foi um crime sofisticado, por
isso não acho que tenha sido por motivo fútil, mas tudo pode acontecer
enquanto a gente não souber. Cabe ao secretário de segurança pública,
mais do que dizer o que ele acha ou o que ele tem certeza, dizer o
porquê ele tem certeza. Mostrar quais são as provas, que levam a esse
entendimento. A milícia pode ter matado a Marielle? Pode.
Outro grupo
criminoso pode ter matado a Marielle? Pode. A razão pode ter sido algo
relacionado à grilagem de terra? Pode, apesar de ser um trabalho muito
frágil do mandato de Marielle, porque não deu tempo de alcançar um
resultado concreto”, completou o deputado.
“Eu não acredito que o debate de regularização fundiária tenha colocado a
vida da Marielle em tamanho risco. Se foi isso, e não estou dizendo que
não foi, tem que ser provado. Os elementos têm que aparecer, e não
frases para supostamente a gente entender que as investigações estão
avançando”, afirmou Freixo, criticando o secretário de Segurança do Rio,
que deu essas declarações em entrevista ao jornal ‘O Estado de S. Paulo’. Fonte: Veja
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