Cotada para a Secretaria Nacional de Juventude, que a partir de agora
estará abrigada no Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, a
evangélica Desire Queiroz foi militante do CONJUVE (Conselho Nacional de
Juventude), que propõe cotas LGBT e gênero nas escolas.
Após sofrer resistência de vários setores cristãos conservadores em
razão da sua conhecida militância em organizações com perfil
progressista, algumas das quais ligadas à defesa da ideologia de gênero,
Desire Queiroz apagou suas redes sociais e passou a se afirmar
“conservadora” e “evangélica de berço”.
Porém, em entrevista ao jornal do CRA
do Mato Grosso do Sul, seu estado Natal, Desire Queiroz reconhece,
triunfante, sua militância no CONJUVE: “Sou a primeira mulher e negra a
ocupar a se tornar conselheira no CONJUVE e com muito orgulho de ocupar
esses espaços […] O CONJUVE é um Conselho Deliberativo e Fiscalizador
das atividades da Secretaria Nacional da Juventude (SNJ)”.
O CONJUVE, de matriz progressista e que já teve a comunista Manuela D’Avila (filiada
ao PCdoB e candidata a vice na chapa derrotada de Fernando Haddad) no
seu quadro de membros, participou da elaboração do Plano Nacional de
Juventude, cujo objetivo era de “apresentar ao Congresso Nacional um
conjunto de objetivos e metas para serem analisadas e consolidadas como
política pública de Estado para a juventude brasileira”.
O CONJUVE, ao lado de várias entidades, encaminhou ao Congresso uma
versão do Plano Nacional de Juventude repleto de referências à Política
de Gênero e toda uma plataforma voltada às minorias da nomenclatura
LGBTQI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais,
Transgêneros, Queer, Intersexuais).
No capítulo intitulado “Do direito à profissionalização, ao Trabalho e
à Renda”, por exemplo, o Plano Nacional de Juventude sugere: “Promover
parcerias entre as escolas […] para direcionar os jovens para as
oportunidades de bolsas, projetos de extensão acadêmica, estágios e
emprego, com recorte racial, de gênero, juventude rural, PCT’s, LGBTI
[…]”.
Na página 53 há também um aceno aos direitos LGBT, entre eles de que
casais homoafetivos possam adotar crianças: “Respeitar todas as formas
de orientação sexual e o direito do jovem à livre expressão da
sexualidade, combatendo comportamentos discriminatórios e intolerantes
em relação à sexualidade dos jovens, bem como assegurar aos casais
homoafetivos e à população LGBTI o direito à união civil, herança,
adoção, pensão e plano de saúde, entre outros”.
O Plano Nacional de Juventude concebido pelo CONJUVE e outras
entidades da sociedade civil também sugere a “efetivação das cotas para
mulheres, pessoas com deficiência, negros, PCT’s, indígenas, LGBTI, para
o acesso em todos os programas que tenham por objetivo a formação
educacional técnica para o mercado de trabalho”.
No CONJUVE, Desire Queiroz fez gestão para estabelecer uma política
de cotas para mulheres dentro do próprio Conselho, procedimento que abre
espaço para cotas sexuais de todo tipo. E fez gestão ainda para que o
SINAJUVE focasse em Políticas Públicas de Gênero: “Pela primeira vez o
Conjuve estabelece cláusula de paridade de Gênero em seu regimento. É um
orgulho ter participado desta conquista ativamente. […] Além disso, fiz
a solicitação de que o SINAJUVE rediga um instrumento de análise e base
de Políticas Públicas de Gênero”.
Militância pró-ideologia de gênero
Em 2015 o CONJUVE protestou oficialmente contra a dissolução do Comitê de Gênero
no interior do Ministério da Educação, criticando a “onda conservadora”
e uma suposta bancada [evangélica] fundamentalista no Congresso: “O
Governo Federal, sob pressão da onda conservadora e da bancada
fundamentalista da Câmara Federal, extinguiu o Comitê de Gênero,
instituído pela Portaria 916/2015 […] uma ação que mais uma vez busca
invisibilizar e silenciar as discussões sobre gênero, orientação sexual,
identidade de gênero, direitos sexuais e reprodutivos e sobre todos a
famílias”.
Diz ainda a nota do CONJUVE: “Temos compromisso com a educação
crítica, emancipatória e cidadã, com a educação em Direitos Humanos, com
a educação para a igualdade de gênero, com a educação efetivamente
inclusiva”.
“Eu também sou Marielle”
Na condição de representante do CONJUVE, Desire Queiroz discursou no
evento de assinatura do decreto do presidente Michel Temer (MDB) que
viabilizou o Sistema Nacional de Juventude, enfatizando que a luta de
Marielle Franco era a sua própria, segundo informações do jornal O Globo.
“Hoje foi um dia histórico para a Juventude brasileira. Foi assinado o
decreto que institui o Sistema Nacional de Juventude […] Não pude
deixar de citar o assassinato da vereadora Marielle France e seu
motorista. Uma mulher guerreira, sem medo […] Falei sobre minha filha,
minha luta que é a de muitas outras mulheres. Eu também sou Marielle”,
declarou na ocasião.
Desire também é uma ilustre militante do RAPS (Rede de Ação Política
pela Sustentabilidade), que tem como “entidades parceiras” a Fundação
Lehmann, Fundação FHC, Humanistas, Instituto Alana, Sustainable
Development Solutions Network da ONU.
Ainda de acordo com o portal Crítica Nacional,
seu nome teria sido indicado por “um candidato derrotado de Mato Grosso
do Sul, sobre o qual pesam acusações de desvio de recursos públicos em
uma estatal daquele Estado”. O nome dela vem sofrendo resistência de
lideranças cristãs que atuam na política por conta de sua simpatia a
figuras da extrema esquerda.
“A ativista Desire Queiroz, por sua vez, é conhecida por sua simpatia
por figuras públicas da esquerda como Marielle Franco, a deputada
eleita do PSOL Sâmia Bomfim, além de lideranças da UNE. Em suas
postagens nas redes sociais, a ativista exibe um discurso recheado de
clichês esquerdistas como transformação social e laivos de vitimismo
racialista, além do endosso à proposta comunista de candidaturas
coletivas”, destaca o portal.
Desire Queiroz foi candidata a deputada federal pelo Mato Grosso do
Sul no PRB (Partido Republicano Brasileiro), legenda popularmente
tratada como o “partido da Igreja Universal” e que integrou a base de
Dilma Roussef até 2016.
O Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos será comandado pela pastora Damares Alves,
que teria descartado o nome de Desire Queiroz para a função por conta
de sua atuação junto a grupos de esquerda, segundo informações do Diário Republicano.
No entanto, fontes que atuam nos bastidores da equipe de transição de governo indicam que Desire continuaria fazendo lobby,
com ajuda de seus padrinhos políticos, para que seu nome seja o
escolhido para a Secretaria Nacional de Juventude no governo Bolsonaro.
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