Ainda durante o calor das manifestações de junho de 2013, a educadora Daniela de Rogatis convidou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
para participar de um projeto voltado à preparação de jovens lideranças
empresariais e ao aprofundamento do debate sobre a transição geracional
em diversos setores da sociedade brasileira. Foi a partir desse fórum, e
dos diálogos proporcionados por ele, que nasceu o livro Legado Para a Juventude Brasileira – Reflexões sobre um Brasil do qual se orgulhar (Ed. Record).
Na obra, que será lançada nesta segunda-feira, 17, o ex-presidente e a
educadora discutem os desafios do País, o papel do Estado e da
sociedade civil. Os autores também se aprofundam em um diagnóstico do
cenário atual. Ao se dirigir à uma audiência jovem, FHC diz que a nova
geração vai ter que tomar partido se quiser mudar a realidade. “Não
estou dizendo que ela deve ingressar em um partido, e sim tomar partido,
assumir uma posição, dizer o que de fato pensa…”
Daniela segue a mesma linha: “Cada geração herda da anterior um País
com certas características e, se não se omitir do papel a que é chamada,
transforma-o numa nova direção.”
No capítulo intitulado Juventude: perspectivas para um novo tempo,
Fernando Henrique fala sobre a ausência de lideranças: “Na atual
situação do Brasil, nota-se a ausência de vozes capazes de articular uma
saída razoável (…) Na sociedade em que vivemos, há uma grande
probabilidade da demagogia prevalecer (…) Às vezes, surgem pessoas
dotadas de enorme talento retórico, que convencem mesmo ao defender
posições equivocadas ou ao mentir deliberadamente.”
FHC diz que as redes sociais e a mídia tradicional não têm
consciência “de seu papel selecionador” e, segundo ele, acabam
promovendo as lideranças “mais extravagantes”.
“A demagogia tem forte apelo para a mídia, pois o demagogo acaba se
destacando por suas bizarrices. E como seres humanos não são racionais,
mas também emotivos, e até irracionais, eles vão ‘na onda’. Por isso,
temos de tomar cuidado com essas ondas todas, sobretudo no momento atual
do País, que virou um campo fértil para demagogos.”
Avulso
Quando aborda a política institucional, o ex-presidente cita
candidaturas avulsas para os Legislativos. “(…)Estou convencido de que
discutir a possibilidade de candidaturas avulsas, por parte de
indivíduos desvinculados de partidos, mas com projeção suficiente, é uma
das maneiras de conciliar o movimento da sociedade com o jogo
institucional(…).”
FHC ainda explícita seu ponto de vista sobre políticos/gestores: “A
tendência que se vê agora, de valorização do bom gestor, é algo bom, em
termos instrumentais, mas não é o que o Brasil precisa. O Brasil carece
de política boa, não é de não política, é de política boa, que por sua
vez implica gestão.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. Informações exame.abril.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário