O segredo de Justiça que guardava a sete chaves os trâmites para a
saída do ex-presidente Lula para velar seu neto Arthur caiu nesta
quarta-feira (6). O documento que registra a decisão da juíza substituta
Carolina Lebbos, da 12ª Vara Federal de Curitiba, ao deferir o pedido
da defesa de Lula, deixa claro os bastidores do drama e revela o que os
Jornalistas Livres já haviam adiantado durante o cobertura do velório:
Lula não é um preso comum.
Pressionada entre um parecer assinado por cinco
procuradores, entre eles Deltan Dallagnol, coordenador da Lava-jato em
Curitiba, que se apressou em reproduzir a decisão do ministro do STF,
Dias Toffoli na ocasião da morte do seu irmão Vavá no final de
janeiro; o potencial de comoção pública que a morte trágica do menino; e
uma carta branca da Polícia Federal que garantia a segurança de Lula e a
“ordem” social no local do velório, a Juíza cedeu aos apelos de Lula,
seu advogado e o Partido dos Trabalhadores, representado por sua
presidenta, a deputada federal Gleisi Hoffmann.
A CHANTAGEM FOI CLARA: PARA QUE O SENHOR DE 73 ANOS, EXERCESSE O DIREITO
DE ESTAR PRESENTE AO VELÓRIO DE SEU NETINHO DE 7 ANOS ERA PRECISO
GARANTIR QUE LULA E O PT NÃO FARIAM NENHUM APELO POR MANIFESTAÇÕES
POPULARES DE CARINHO E APOIO AO PRESIDENTE. A PRÓPRIA JUÍZA SUBSTITUTA
NARRA NO DOCUMENTO UMA CONVERSA NESTE SENTIDO.
Diante das garantias dadas por Lula, um avô que “desabava em prantos“ há
poucas horas – como registrou a própria mídia empresarial – de seu
advogado e do seu partido, obviamente preocupados com a saúde física e
psicológica que a impactante noticia poderia causar em alguém usurpado
de sua liberdade, a juíza cedeu. Contrariou inclusive o parecer
de Dallagnol que não previa a chegada do ex-presidente mais popular do
Brasil ao Cemitério Jardim das Colinas, em São Bernardo do Campo.
O DOCUMENTO É ESTARRECEDOR E REFORÇA A TESE DE QUE LULA ESTÁ
ARBITRARIAMENTE SEQUESTRADO PELO PODER JUDICIÁRIO DO PAÍS POR UMA
CONDENAÇÃO SEM CRIME E SEM PROVAS APENAS PARA IMPEDI-LO DE EXERCER SUA
LIDERANÇA POLITICA CONTRA O CONDOMÍNIO QUE TOMOU O PODER DESDE O
IMPEACHEMENT DA PRESIDENTA DILMA EM 2016.
Se por um lado poderíamos supor que a Policia Federal tenha sido
condolente com o ex-presidente que mais investiu na instituição,
garantindo-lhe a devida proteção do Estado e o pleno exercício de seu
direito em velar o neto, quem esteve presente nas exéquias viu o
espetáculo pavoroso de violência e humilhação que Lula e seus familiares
foram submetidos.
Homens fortemente armados chegaram a violar até a sala em que o corpo
do menino estava presente, mesmo muito antes da chegada do avô. Um show
deprimente.
O momento só não foi mais triste porque Lula ainda guarda o carinho
de milhões de brasileiros. Alguns destes burlaram a falta de informação
sobre a movimentação que faria para deixar claro que Lula não esta só.
Para estes Lula desobedeceu o delegado que o acompanhava, a juíza e o
MP, e, mesmo cercado de armamento pesado e na mira de homens fardados,
subiu no carro e acenou. Disse tudo o que podia dizer.
Aparentemente o processo aberto hoje não traz nada de novo, além de
reforçar a ideia de que Lula é um preso político do Estado brasileiro.
Mas revela nas entrelinhas a responsabilidade de iniciativas próprias
dos movimentos sociais e dos coletivos e de todos os comprometidos com a
democracia, na luta pela liberdade de Lula. Esperar de Lula e
unicamente do PT este chamado pode não ser só improdutivo, mas perigoso
para a vida do ex-presidente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário