O governo Jair Bolsonaro (PSL) finaliza esta semana tendo que recuar no seu primeiro posicionamento de não barganhar com o Congresso Nacional
para facilitar a aprovação da reforma da Previdência. Nessa
quinta-feira (4/4), o presidente da República abriu as portas do
Planalto para receber líderes partidários e buscar um entendimento que
viabilize a aprovação das mudanças de regras para a aposentadoria dos
brasileiros. Mas o governo ainda vai enfrentar chumbo pesado. E ele virá
da parte dos servidores públicos.
Entidades que representam a categoria (foto em destaque)
já se mobilizam para barrar a tramitação da PEC 006/2019 – da reforma
da Previdência. A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público
Federal (Condsef/Fenadsef), em seu endereço eletrônico, aponta quem, na
opinião da instituição, será atendido com o texto que o governo quer
aprovar: “Os verdadeiros privilegiados desse país, os bancos”.
Campanha nas ruasNessa quinta, centrais sindicais e entidades representativas dos servidores lançaram, em todo o país, a coleta de assinaturas (foto abaixo) “em defesa da Previdência Social e das aposentadorias” no Brasil.
As frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo também estarão engajadas na campanha, que inclui montagem de banquinhas nas quais sindicalistas ficarão abrigados para explicarem à população o que as entidades chamam de retrocessos da proposta.
A ideia é abrir o diálogo direto em locais de grande circulação de
pessoas – como terminais de ônibus, estações de metrô, feiras livres,
mercados, parques e imediações de universidades, entre outros espaços.
Sete retrocessos
Em sua página no Facebook, o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) lançou um vasto material audiovisual contra a reforma da Previdência proposta pelo governo. A entidade alerta que o projeto “atingirá os mais pobres, os trabalhadores rurais e os que recebem benefícios assistenciais”.
Em sua página no Facebook, o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) lançou um vasto material audiovisual contra a reforma da Previdência proposta pelo governo. A entidade alerta que o projeto “atingirá os mais pobres, os trabalhadores rurais e os que recebem benefícios assistenciais”.
No endereço do Fonacate, o deputado federal professor Israel Batista
(PV-DF) cita os retrocessos da PEC 006/2019: desconstitucionalização,
capitalização, os pobres perdem mais, fim do reajuste real, aumento dos
tributos, prejuízo maior aos professores e também para as mulheres.
Assista:
Assista:
A maior entidade sindical do país, a Central Única dos Trabalhadores
(CUT), também elaborou vasto material contra o projeto prioritário do
governo Bolsonaro. No seu endereço eletrônico, há o hot site https://reajaagora.org.br/, onde é possível baixar o “aposentômetro” e material gráfico contrário aos reajustes apresentados pelo Planalto.
A reforma da Previdência apresentada por Jair
Bolsonaro é um ataque brutal contra a classe trabalhadora brasileira. Ao
contrário do que diz a propaganda oficial do governo, a reforma de
Bolsonaro não combate privilégios, apenas dificulta o acesso à
aposentadoria e reduz drasticamente o valor do benefício previdenciário
no momento mais delicado da vida de um trabalhador"
A CUT reitera, na campanha: “A maioria dos trabalhadores e
trabalhadoras não vai conseguir se aposentar. Muitos vão morrer antes de
conseguir acessar a tão sonhada aposentadoria”.
Articulação políticaAlém do arsenal antirreforma
direcionado diretamente à sociedade, os sindicalistas também buscam o
apoio de parlamentares da oposição para barrar a versão do Executivo
federal de reformulação previdenciária.
Com deputados e senadores de partidos contrários à gestão Bolsonaro,
as lideranças debatem estratégias de como “desconstruir a narrativa
feita [pelo governo federal] para entregar a Previdência Pública nas
mãos de banqueiros, que, com a eventual mudança para um regime de capitalização, herdarão um mercado bilionário”.
Levar ao conhecimento da população qual é o
real impacto dessa reforma na vida de cada um é que vai nos ajudar a
combater esse projeto nefasto"
Governo parte para o ataque
Mas nem tudo foram flores no afago que Bolsonaro deu nos líderes de partidos, cumprindo o que prometeu ainda em Israel, quando falou que reservaria pelo menos “meio dia” de sua agenda presidencial para receber parlamentares e articular apoio à chamada nova Previdência.
Mas nem tudo foram flores no afago que Bolsonaro deu nos líderes de partidos, cumprindo o que prometeu ainda em Israel, quando falou que reservaria pelo menos “meio dia” de sua agenda presidencial para receber parlamentares e articular apoio à chamada nova Previdência.
Bolsonaro e o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), receberam caciques de seis partidos políticos para ampliar a articulação política entre o Planalto e o Congresso Nacional. Mas o dia terminou sem qualquer uma das siglas aderir totalmente ao principal projeto da gestão do militar da reserva do Exército.
Presidentes e líderes do PRB, PSD, PSDB, PP, DEM e MDB na Câmara e no
Senado foram recebidos no gabinete presidencial com toda pompa e
circunstância. E as conversas incluíram um pedido formal de desculpas do
presidente, que há poucos dias dizia que não cederia ao toma lá dá cá
ou à “velha política”.
Todos concordaram que é momento de passar por
cima das nossas diferenças, do que aconteceu no período eleitoral. O
presidente, com a sua humildade, se desculpou por uma canelada aqui e acolá. E a gente vai conseguir uma coisa que é muito importante, unir todos que são verde e amarelo a favor do Brasil"
Ou seja: aos parlamentares, o governo tem o que oferecer – cargos e
benesses. Mas, aos servidores, não bastarão promessas. E como é provável
que o Planalto se recuse a “desfigurar” a matéria que enviou ao
Congresso, pode-se acreditar que o cabo de guerra com a categoria está
apenas no início. O governo ataca. Os servidores contra-atacam. metropoles
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