Um professor de um projeto social foi morto após ser baleado no Complexo do Alemão,
na Zona Norte do Rio, nesta terça-feira, de acordo com moradores da
comunidade.Segundo eles, a vítima foi identificada como Jean Rodrigo
Aldrovande, e estaria chegando ao local onde dá aulas de jiu-jitsu
quando foi atingido. Após a ação, moradores realizaram um protesto,
veiculado ao vivo na Página Voz das Comunidades, onde os participantes
do ato chegaram a atear fogo em objetos — um trecho da Estrada Adhemar
Bebiano foi fechado. Policiais chegaram até o local e dispararam bombas
efeito moral para dispersar o ato.
Jean foi baleado ao sair de seu
carro, um Fiat Palio branco, quando estacionou o veículo em frente ao
projeto social, num dos acessos ao Complexo do Alemão. No momento em que
o professor deixou o automóvel, teve início uma troca de tiros entre
policiais militares e traficantes e Jean foi atingido. Um aluno, que
estava próximo ao atleta, também foi atingido por disparo, de acordo com
a mãe do professor, Sandra Mara. Ele foi socorrido e levado para o
Getúlio Vargas. Ainda não há informações sobre o estado de saúde dele.
Segundo
a Polícia Civil, as investigações estão em andamento na DH/ Capital. A
perícia foi feita no local. O corpo de Jean Rodrigo da Silva Aldrovande
foi encaminhado para o IM. Entretanto, às 19h 40 o corpo de Jean ainda
não tinha sido retirado e não havia policiais da Divisão de Homicídios
no local.
Pai da vítima, Carlos Alberto Aldrovande, de 65 anos,
disse que o filho dava aulas de lutas há sete anos. No período da manhã,
Jean trabalhava com o pai, num depósito de gás na Ilha do Governador. À
tarde, ia para o Complexo do Alemão. Ele estava próximo ao corpo, que
estava coberto.
— Meu filho é morador do Complexo do Alemão desde
pequeno. Dava aula de luta há sete anos. Estava chegando para dar aula.
Estava na frente do projeto. Foi baleado com um tiro de fuzil na cabeça.
Para mim, foi execução — disse o pai do atleta.
Outro amigo disse que ele tentou fugir dos disparos, mas foi atingido.
—
O Jean tentou se abaixar, mas uma bala pegou nele — disse um amigo da
vítima, que, com medo, pediu para não ser identificado. — Jean sempre
ajudou o bairro. Falava com garotos que queriam se envolver com o crime,
conversava para que eles começassem a praticar o Jiu-Jitsu, fazer um
esporte.
Outro amigo da vítima, Vitor Gomes, de 20 anos, que trabalha com
recreação infantil, disse que Jean havia sido morador de rua e era
comprometido com o trabalho na comunidade:
— Ele era um rapaz
muito motivador, carismático, brincava com todos. Às vezes, mesmo sem
receber, iria trabalhar, dava as aulas. Olhava para ele e jamais
pensaria que, no passado, foi morador de rua. Podia estar sol ou chuva,
não tinha tempo ruim pra ele — disse o Vitor.
Ele morou alguns
anos na rua, depois de se separar de uma ex-mulher. Mas a situação mudou
quando conheceu a atual mulher, uma jornalista. Jean foi vice-campeão
em uma competição estadual do Rio recentemente.
Protesto após professor ser baleado
As
imagens veiculadas pela Página Voz das Comunidades mostram o momento em
que os policiais chegam ao local e atiram as bombas de efeito moral
para dispersar o ato. Houve correria. Crianças deixavam a escola às
pressas, com medo do que ocorria por ali. O clima era tenso na região.
Por volta das 17h, um caminhão do Corpo de Bombeiros chegou ao local para apagar o fogo nos objetos do local.
O
professor dava aulas de jiu-jitsu no projeto que fornecia aulas
gratuitas na região. Segundo testemunhas, ele foi baleado e "morreu com
as chaves nas mãos".
Pelas redes sociais, internautas comentaram
sobre o episódio e o clima tenso na região: "Descanse em paz, que Deus
te receba de braço aberto", consta de um comentário na internet.
"Indignado, me pergunto: até quando?", reclamou outro. extraglobo
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