O presidente Jair Bolsonaro
é o que menos aprovou medidas provisórias nos primeiros cinco meses de
gestão desde o ano de 2003, indica levantamento realizado pelo
Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, o Diap, feito a
pedido do Estado.
Nos
primeiros 150 dias, foram aprovadas três medidas provisórias - duas do
governo Michel Temer e uma sua autoria, a reforma administrativa (MP
870), que reduziu de 29 para 22 o número de ministérios. As outras duas
vieram do governo passado. Uma aprovou o capital estrangeiro nas
empresas aéreas. A outra tratou da criação da Autoridade Nacional de
Dados.
Nesta terça, o governo tenta aprovar no Senado a medida provisória que faz um pente-fino em benefícios previdenciários e assistenciais, conhecida como MP Antifraude do INSS.
A matéria corre risco real de caducar, sobretudo por falta de quórum
para a votação, marcada para um dia em que parlamentares não costumam
estar de volta à capital federal. Veja o andamento de outros projetos do governo no 'Monitor Bolsonaro'.
O
outro governo que menos aprovou medidas provisórias em seus primeiros
meses foi a segunda gestão de Dilma Rousseff, com
seis. Algumas foram parte das medidas de ajuste fiscal. A MP 668/2015,
por exemplo, aumentou as alíquotas de duas contribuições incidentes
sobre as importações: o PIS/Pasep e a Cofins.
O presidente que
mais aprovou MPs em seu início, no período pesquisado, foi Luiz Inácio
Lula da Silva, com 25, no início de seu segundo mandato. Segundo o
cientista político Maurício Fronzaglia, do Mackenzie, a
relação entre os Poderes está complicada porque Bolsonaro não se
esforçou em criar uma base de apoio no Congresso. Em sua avaliação, isso
é reforçado pelo discurso de negação das negociações políticas, como se
elas equivalessem a um ato de corrupção.
“É
uma lógica de confronto, de demonizar a atuação do Congresso como se os
parlamentares fossem os únicos responsáveis pelo fato de a corrupção
existir. Eles ficam deslegitimando um poder que foi eleito tão
legitimamente quanto o presidente”, diz.
Já o analista político Cláudio André de Souza,
doutor em ciência política pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), o
problema na relação vem desde o período eleitoral, já que o presidente
chegou ao segundo turno e não organizou uma coalizão política para
governar, como ocorreu em gestões passadas. Segundo ele, é preciso
superar a compreensão “centralizadora” do poder para construir uma
governabilidade que apssa pela composição das forças
político-partidárias que ultrapassam o núcleo governamental.
“Esse
presidencialismo tem sido o padrão de funcionamento das democracias no
mundo. Me parece que o governo não entendeu ainda, do ponto de vista
institucional, o papel do Legislativo, e que não dá para governar
sozinho. Essa narrativa de criminalizar o Congresso e a Suprema Corte
atrapalha o País, é uma compreensão atabalhoada que não legitima os
Poderes”. Estadão
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