O presidente Jair Bolsonaro reconheceu nesta sexta-feira (2), que
cometeu um erro ao ter assinado uma nova medida provisória transferindo
para o Ministério da Agricultura a responsabilidade de demarcar terras
indígenas.
Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a suspensão da
iniciativa e a prerrogativa de demarcação com a Fundação Nacional do
Índio (Funai). O Poder Legislativo já tinha se posicionado contra a
mudança, mas o presidente insistiu e enviou uma nova medida provisória
sobre o mesmo assunto, o que a legislação não permite que seja feito na
mesma legislatura.
– Teve uma falha nossa. Eu já adverti a minha assessoria, teve uma
falha nossa. A gente não poderia no mesmo ano fazer uma medida
provisória de um assunto. Houve falha nossa. É falha, é minha, né? É
minha porque eu assinei – disse.
Bolsonaro fez questão de ressaltar que a decisão da Suprema Corte foi
“acertada”. Em seu voto, o ministro Celso de Mello disse considerar a
reedição da iniciativa “um resquício de autoritarismo”.
O presidente reconheceu o equívoco após cumprimentar simpatizantes na
entrada do Palácio do Alvorada. No local, ele avaliou ainda que há um
mal-entendido no país sobre a atividade de garimpagem.
Segundo pesquisa Datafolha, divulgada nesta sexta-feira (2), 86%
rejeitam proposta elaborada pelo Palácio do Planalto de permitir a
garimpagem em reservas indígenas.
– Eu acredito que possa ser um número realmente compatível, porque,
do lado de cá, quando se fala em garimpo, vem a imagem de um cara com
jato de água desbarrancando tudo. Não é assim esse garimpo. Esse é o
industrial, geralmente – disse.
Ele explicou que a iniciativa permitirá a atuação de garimpeiros
autônomos, mas reconheceu que é uma medida polêmica. Por isso, avalia
divulgar o conteúdo da proposta antes de enviá-la à Câmara dos
Deputados.
– O que tenho vontade de fazer, antes de apresentar um projeto
polêmico, é publicar o anteprojeto de lei, para ter críticas – disse.
Bolsonaro lembrou que ele próprio já garimpou e que a ideia é que os
garimpeiros passem, a partir de agora, a fazer a atividade respeitando o
meio ambiente, sem utilizar mercúrio.
– O garimpeiro vive disso. São seres humanos. Se você não
regulamentar ou legalizar, eles vão continuar fazendo isso. Algumas
vezes de forma inadequada – disse.
*Folhapress
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