Enquanto o presidente Jair Bolsonaro corre contra o tempo para criar seu partido a tempo de disputar as eleições municipais de 2020, o ex-presidenciável Cabo Daciolo
não tem pressa com seu projeto de poder. Depois de receber 1,3 milhão
de votos e superar Marina Silva (Rede), Henrique Meirelles (MDB) e
Álvaro Dias (Podemos) na disputa presidencial de 2018 (com menos de R$
10 mil investidos), o ex-deputado e cabo do Corpo de Bombeiros deixou o
Patriotas e nesse sábado, 7, liderou a convenção nacional de refundação
do Prona (Partido da Restaruação da Ordem Nacional).
A ideia, segundo ele, é começar agora a coleta de assinaturas para reerguer até 2022 a sigla criada pelo icônico ex-deputado Enéas Carneiro.
"Eu profetizo: serei presidente da República com 51% dos votos",
disse Daciolo para uma plateia de cerca de 50 pessoas em um longo
discurso no púlpito da Igreja da Unificação Mundial do Cristianismo, em
Pinheiros, onde ocorreu a convenção do novo Prona. O local foi decorado
com totens de Enéas em tamanho real, banners com a imagem do
ex-presidenciável, que morreu de câncer em 2007, e faixas com o slogan
“Nós temos fé no Brasil. Daciolo 56”.
No fim de seu discurso, o
ex-deputado chamou para o palco o vice – presidente do Prona, João Vitor
Sparano, e a ex-deputada Patrícia Lima, que foi secretária de Enéas e
uma de suas herdeiras políticas.
“Eu não vou assumir a presidência
do partido, que fica com você, Patrícia. Vocês nem conseguem falar
comigo”, disse Daciolo mostrando o seu celular modelo antigo e
arrancando risos da plateia. Em 2018, o então candidato, que anda sempre
com uma bíblia na mão, se isolou uma montanha em plena campanha para
orar.
O novo Prona vai ter que passar por todo o ritual de criação
de partidos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) porque a versão
original do partido se fundiu com o PR em 2006, um ano antes da morte de
Enéas.
Nos registros do TSE dois grupos tentam se registrar com o
nome Prona. O de Daciolo, que conta com o apoio da ex-deputada e braço
direito de Enéas, Havanir Nimitz, e outro do Rio de Janeiro.
“O
Prona atende a tudo que o Daciolo pensa. Getúlio (Vargas) e Enéas são as
grandes inspirações da minha vida”, disse Daciolo, sempre se referindo a
sí próprio na terceria pessoa.
Há, porém, uma divergência com o “legado” de Enéas. Para o
ex-deputado a bomba atômica, uma obsessão do fundador do Prona, não é
uma agenda prioritária.
Fiel ao seu estilo, Cabo Daciolo fez um
discurso repleto de passagens bíblicas e teorias conspiratórias. “A nova
ordem mundial serve ao mal. Vem para matar, roubar e destruir. Querem
trazer esse caos da América do Sul para o Brasil”.
Críticas a Bolsonaro
O governo Bolsonaro
também foi alvo de duras críticas do ex e futuro presidenciável. “A
maçonaria comanda tudo e o alicerce desse governo é a maçonaria. O
general Mourão, que grão mestre, está louco para sentar na cadeira do
Bolsonaro. Tem também o Paulo Guedes. O Bolsonaro está cercado de
inimigos ao redor”.
Um ponto que uniu Daciolo ao ideário de Enéas
foi o nacionalismo exacerbado. O novo Prona defende a reestatização de
empresas privatizadas, mas rejeita o rótulo de esquerda.
“Esse
papo de esquerda e direita é uma grande mentira. Querem dividir para
conquistar. São amiguinhos. Como se transforma isso Daciolo? Da forma
sobrenatural, a forma de Deus”, disse Daciolo ao Estado.
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