O Ceará registrou 51 assassinatos em 48 horas - mais de 1 por hora -
em meio ao motim de policiais e bombeiros militares por aumento
salarial.
A paralisação começou na noite de terça-feira (18). Até
então, a média de homicídios no estado em 2020 era de 6 por dia. As 51
mortes ocorreram entre as 6h de quarta e as 6h desta sexta-feira.
Uma
delas ocorreu nesta madrugada no bairro Vicente Pinzón, em Fortaleza,
onde um adolescente de 16 anos foi atacado por 7 homens que estavam em
motocicletas. Outra, no Bairro José Walter, onde ocorreu um tiroteio que
deixou 1 morto e 1 ferido.
Na noite de quarta, a dona de casa
Maria de Paula Moura foi assassinada na frente da mãe e dos filhos numa
tentativa de assalto na capital.
Batalhões ocupados
Os
PMs têm cruzado os braços para pressionar por aumento salarial. O
movimento também tem fechado batalhões - nesta sexta, a unidade de elite
na cidade de Sobral foi ocupada por homens encapuzados - e atacado
carros oficiais, que têm os pneus esvaziados para não poderem ser
utilizadas.
Em um desses batalhões, o senador licenciado Cid Gomes
foi baleado ao jogar uma retroescavadeira contra o portão que era
mantido fechado pelos encapuzados. Ele não corre risco de morte.
A
proposta do governo é aumentar o salário de um soldado da PM dos atuais
R$ 3,2 mil para R$ 4,5 mil, em aumentos progressivos até 2022. O grupo
de policiais que realiza as manifestações reivindica que o aumento para
R$ 4,5 mil seja implementado já neste ano.
Na noite de
quinta-feira (21), houve um encontro entre representantes dos policiais
que participam do motim e uma comissão de senadores para por fim à
paralisação. Mas, não houve acordo. Um dos pontos discutidos foi a
anistia aos integrantes do movimento, mas o governo do Ceará diz esse
ponto é inegociável.
A Constituição proíbe greve de agentes de
segurança, como policiais militares, policiais civis, bombeiros e
agentes penitenciários. Em 2017, o Supremo Tribunal Federal (STF)
reiterou o veto.
A maioria dos ministros entendeu que, por se
tratar de um braço armado do Estado, a polícia não pode fazer
paralisação porque isso prejudica e afeta toda a sociedade. A decisão
teve repercussão geral, ou seja, vale para todos os casos de greve de
polícias que cheguem a qualquer instância da Justiça.
Nesta
sexta-feira, o Solidariedade anunciou a expulsão do vereador Sargento
Ailton, de Sobral, apontado como um dos coordenadores do movimento.
"Nós
não trabalhamos com militância do terror que causam a depredação do
patrimônio de pessoas e não podemos aceitar que policiais e agentes
públicos, encapuzados e armados como milicianos, levem o terrorismo às
ruas", diz a nota.
Exército e Força Nacional atuam no estado
Por
conta do motim, o estado pediu ajuda ao governo federal, e recebeu
reforço de tropas do Exército e de 300 agentes da Força Nacional, que já
começaram a operar.
As tropas do Exército que farão o
patrulhamento serão formadas por militares de Ceará, Paraíba, Pernambuco
e Rio Grande do Norte, e vão atuar de forma prioritária na capital e
cidades da Região Metropolitana. No interior, as forças serão empregadas
conforme a demanda. O número de militares não foi informado. gazetaweb
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