Talvez você não imagine que possa ser tão precoce. Mas a partir do
quarto mês de gestação, a criança é capaz de absorver sentimentos de
rejeição e abandono, os quais podem contribuir para o desenvolvimento de
um quadro depressivo. Isso acontece, por exemplo, em casos em que a mãe
tem depressão pós-parto. Diante de uma situação tão delicada, para
auxiliar os pais na prevenção da depressão infantil, o Clube de
Aventureiros realizou no dia 9 de fevereiro um encontro de sua Rede
Familiar, em Teresina, Piauí.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que a depressão afeta 322 milhões de pessoas no mundo.
A ocorrência do transtorno em crianças de 6 a 12 anos cresceu de 4,5%
para 8% na última década. Em seu nível mais severo, a depressão pode
levar a pessoa a cometer suicídio, e é a segunda maior causa de morte
entre jovens de 15 a 29 anos.
Mas o que leva uma criança a ter depressão?
São múltiplos os fatores que acarretam o transtorno, como herança
genética, a existência de traumas provocados por perdas, abusos na
infância, entre outros. Mas de acordo com o psicanalista Sulênio Vale
Júnior, a principal causa da depressão infantil é ausência de afeto do
pai e da mãe.
“A criança vai passar por um processo distímico, ou seja, uma
depressão leve, que se apresenta através de um choro suave, uma perda de
alimento. E esse quadro pode se agravar até o momento em que a criança
não vai mais querer sair de casa ou ir para a escola. Se essa depressão
não for tratada como deveria ser, a criança vai apresentar os sintomas
que um adulto com depressão tem”, explica.
Embora os sintomas de depressão na criança e no adulto sejam
parecidos, a maneira como a criança expressa suas emoções é bem
particular. Isto acontece porque a sua habilidade de comunicação ainda
está em desenvolvimento.
“Quando uma criança é acometida com a depressão, especialmente quando
é muito nova, ela pode não saber explicar como é a tristeza que ela
está sentindo. Por essa razão, os pais e professores devem ficar atentos
às mudanças de comportamento que a criança apresenta”, afirma a
psicóloga Juliana Sousa.
Maus hábitos da vida moderna aumentam a distância entre pais e filhos
Uma pesquisa realizada pela AVG Thecnologies em 2015 revelou que 87%
das crianças brasileiras acreditam que seus pais passam muito tempo
conectados a seus celulares e tablets. Juliana Sousa alerta para o
perigo que essa ausência – ainda que os pais estejam dentro de casa –
pode provocar.
“Pais que passam muito tempo no celular, nas redes sociais, passam
menos tempo com os filhos. Se eu passo menos tempo com a criança com a
qual convivo, eu não consigo observar uma mudança em seu comportamento.
Eu não conheço como ela é dentro de seu padrão normal”, afirma.
É preciso buscar apoio no lugar certo
O acompanhamento profissional é muito importante. Por essa razão,
Sulênio Júnior orienta que os pais não se apoiem exclusivamente em
informações encontradas na internet. “Recomendo que os pais procurem
bons profissionais. E que façam isso a partir da indicação de outros
pacientes que tenham sido acompanhados por eles. Busquem informações a
respeito do seu trabalho, conversem com o profissional primeiro. Só
depois levem seus filhos ao atendimento”, explica.
O psicanalista destaca ainda que grupos de apoio como a Rede Familiar
dos Aventureiros, coordenada pela Igreja Adventista, são importantes
parceiros no acompanhamento da criança. “Vejo a Igreja como um
fundamento básico nesse processo, porque ela ajuda a sedimentar limites e
valores ativos que levam ao respeito familiar e ao respeito pelo
outro”, conclui.
(Com Adventistas)
Nenhum comentário:
Postar um comentário