A Preto no Branco quer combater a “cultura cristã machista e homofóbica”
Preto no Branco quebrou
várias barreiras no meio gospel ao defender a causa LGBTQI+ no clipe de
“Meu Lugar é Seu Amor”. O novo vídeo da banda é protagonizado pelo ator
Guilherme Baptista, de orientação bissexual, e fala de forma delicada
como é a relação dos evangélicos com os gays, mostrando o preconceito
sofrido desde a infância pelos homossexuais.
Ao UOL,
o vocalista do grupo, Clóvis Pinho, reforçou a importância de tocar no
assunto dentro do meio cristão. “Preto no Branco já tem essa tradição de
falar de tabus no meio evangélico. O assunto por si só já é maciço e
quando o clipe foi feito usamos outra música, mas no meio do processo
sentimos a necessidade de ter uma música especialmente para o
vídeoclipe.
O desejo partiu ao olhar com mais profundidade os gays presentes na
igreja, que são obrigados a se anular o tempo todo para fazer parte da
comunidade. “A maioria dos profissionais gays, que cuidam dos camarins
das pastoras, inseridos dentro da logística do show gospel e de eventos
da igreja, ficam invisíveis, muitas vezes. É um drama para essas pessoas
ser o que é, viver a sua sexualidade”, opina.
A necessidade de expor o assunto foi detectada ao ver pessoas
próximas e até mesmo da família deles passando por este problema. “A gente sente o reflexo da nossa cultura cristã machista e homofóbica o tempo todo.
Decidimos ser a voz de muita gente que não tem. Nós percebemos uma
comunidade muito grande dentro da própria igreja, mas que não tinha voz.
Ninguém fala sobre o assunto, finge que não existe”, lamenta.
Clóvis afirma que a igreja está mais apta a aceitar o heterossexual
“pegador” do que um gay com um parceiro fixo. “Temos que abraçar todo
mundo, todo mundo mesmo. O amor acima de qualquer coisa tem que estar
presente em nossos corações. É esse tipo de situação discriminatória que
temos que combater”, condena.
Ao ser questionado se houve uma preocupação em parecer uma jogada de
marketing se apropriar de uma temática atual, Clóvis dispensa qualquer
suposição de interesse em promover a banda em cima do público gay.
“É absurda essa alusão. A gente perde mais do que ganha, abraçando
este tema na nossa comunidade. Nós fechamos portas, perdemos agenda. Não
é algo confortável de fazer no nosso meio gospel. Mas decidimos seguir o
nosso coração. Jesus não morreu só por heterossexuais. Ele morreu por
todos nós”, prega.
A intenção da banda, que ficou famosa ao viralizar o louvor “Ninguém
Explica Deus”, vídeo gospel mais assistido do YouTube no Brasil, somando
mais de 450 milhões views, é fazer com que os homossexuais não se
sintam mais rejeitados no meio evangélico e incentivar outros grupos a
fazer o mesmo. “O que o Preto no Branco está fazendo nada mais é que um
pedido de desculpas em nome de todo esse pessoal que errou desta forma e
mostrar que Deus não te odeia. Ele te aceita, te ama como você é.
Espero que outros artistas no meio gospel sigam este exemplo também, de
levar a palavra de Deus para todos, sem excluir, que queiram cantar mais
do que aleluia”, sugere.
JM
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