Em uma derrota para o governo, o Congresso Nacional decidiu derrubar o veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a um projeto de lei que aumenta o limite máximo de renda para que idosos e deficientes tenham acesso ao BPC (Benefício de Prestação Continuada). A medida terá um impacto anual de R$ 20 bilhões nas contas públicas.
Hoje,
têm direito ao benefício idosos de 65 anos ou mais e deficientes que
tenham renda familiar por pessoa inferior a um quarto do salário mínimo
(o que corresponde a R$ 261,25, em 2020). O projeto aprovado sobe o
limite de renda familiar por pessoa para meio salário mínimo (R$
522,50). Como resultado, aumenta o número de pessoas que podem pedir o
benefício.
Derrubado nas duas Casas
Para ser derrubado, um veto
presidencial precisa do voto contrário da maioria absoluta em ambas as
Casas, ou seja, 257 votos na Câmara dos Deputados e 41 votos no Senado
Federal. Os senadores votaram primeiro e derrubaram o veto por 45 votos a
14. Os deputados derrubaram o veto por 302 votos a 137.
A proposta, apresentada em 1996 no Senado, segue agora para promulgação.
Para
justificar o veto ao projeto, o governo disse que ele criaria despesas
obrigatórias ao Executivo sem indicação da respectiva fonte de custeio,
desobedecendo à Lei de Responsabilidade Fiscal e ao Regime Fiscal
Quem tem direito?
O BPC é um benefício assistencial da Lei Orgânica da Assistência Social. Têm direito:
- Idosos com 65 anos ou mais
- Pessoa com deficiência de qualquer idade. É preciso comprovar impedimentos de, no mínimo, dois anos de natureza física, mental, intelectual ou sensorial
- Com a aprovação do projeto, a renda por pessoa da família deve ser de no máximo meio salário mínimo (R$ 522,50, em 2020).
Tensão entre governo e Congresso
A
derrubada do veto presidencial ocorre em um momento de acirramento da
relação entre o Congresso e o Executivo, tendo como pano de fundo a
disputa pelo controle de recursos relacionados ao Orçamento Impositivo.
O
presidente Jair Bolsonaro negou ter fechado acordo com parlamentares,
apesar de cumprir a contrapartida de enviar projetos regulamentando o
Orçamento Impositivo. Além disso, chegou a sugerir que o Congresso
desistisse desse montante, acrescentando que isso reduziria a pressão
das manifestações convocadas para o domingo —que têm, entre outros
motes, protestos contra o Legislativo e o Judiciário. A posição pública
de Bolsonaro causou mal-estar no Parlamento.
Maia critica decisão do Congresso
O
presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a
derrubada de veto é uma decisão equivocada em um dia de nervosismo
econômico, após a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificar o surto
do novo coronavírus como uma pandemia.
"De fato, o impacto é
grande, num momento difícil. Num momento em que economia brasileira
começa a dar sinais de que não vai crescer aquilo que estava projetado
no início do ano, num dia da decisão da OMS de decretar pandemia, com as
bolsas caindo muito, com nervosismo muito grande dos atores
econômicos", disse a jornalistas, antes se reunir com a Mesa Diretora
para definir regras de restrição de acesso e circulação de pessoas na
Câmara.
"É uma decisão que eu acho mais atrapalha do que ajuda
nesse momento de crise na saúde e crise que já vai começar a afetar a
economia brasileira."
(Com Reuters)
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