Depois de dar um tapa no rosto um morador em situação de rua, no
último sábado (4), e a imagem do momento da agressão viralizar pelas
redes sociais, um empresário da cidade de Tabaporã, no Mato Grosso, diz
que não se arrepende.
Ao BHAZ, Adonias Correia de Santana disse que “faria de novo. Não me
arrependo”. E ainda justificou dizendo que a vítima é “um vagabundo” que
o morador de rua teria lhe assaltado um dia antes da filmagem. No
entanto, o empresário não registrou o boletim na polícia.
Na filmagem, em Sinop também no Mato Grosso, o empresário aparece em um
carro conversando com um homem que passa pela rua. A vítima fala sobre
as dificuldades enfrentadas para conseguir ajuda. Na sequência, Adonias
oferece R$ 20 ao homem e pede que ele se aproxime do carro. Neste
momento, ele agride a vítima com um tapa no rosto e esbraveja: “Vai
trabalhar, vagabundo”.
Faça esse autoproclamado “cidadão de bem”, de SINOP MT ficar famoso!!! pic.twitter.com/Hk8e2dtI0x— MarcioLote @marciolopeste🚩🚩🚩🚩🚩🚩 (@LoteMarcio) April 9, 2020
Adonias é dono de uma madeireira e tesoureiro do PSL (Partido Social Liberal) na mesma cidade. Após a repercussão do vídeo, ele foi expulso da sigla.
Em conversa com a reportagem, Adonias se defendeu e disse que vem
sofrendo ameaças por conta da repercussão do vídeo. “Esse vídeo criou um
grande transtorno na minha vida. Esse cara que eu dei um tapa nele, que
todo mundo está colocando ele de santo, ele me assaltou um dia antes.
Fiquei uma hora com um revólver na cabeça e ele quase me matou, esse
bandido. A mídia quer fazer ele de santo”, denuncia o empresário.
“Dou razão para a pessoa [que assiste ao vídeo]. No contexto, parece
um cara que está pedindo ajuda e leva um tapa, mas não é isso. Eu o
conheci na rua no dia anterior. Pode ver que estou dando R$ 20 para
segurar ele e chamar a polícia. Mas não é real isso aí que eu bati nele
porque ele é morador de rua. Morador de rua não rouba, não mata, não
trafica e não estupra. E eu nunca neguei ajuda para morador de rua. Esse
aí me assaltou , mas a imprensa não fala isso”, relata.
Perguntado novamente se está arrependido do ato, o empresário diz que
não. “Não me arrependo e faria de novo, não sou hipócrita. Eu jamais
bateria na cara de um mendigo, um necessitado ou morador de rua por
causa de um prato de comida ou R$ 20”, diz.
Adonias responde a mais de 20 processos na Justiça, dentre eles,
apurações ligadas a crimes eleitorais, trabalhistas e uma acusação de
ameaça. Sobre isso, o empresário assumiu a extensa ficha na justiça.
“Respondo – aos processos -. Nenhum por estupro, nenhum por assalto,
nenhum por homicídio. Respondo a processos eleitorais e coisas
corriqueiras”, diz.
A Polícia Civil do MT informou que foi realizada diligências para
encontrar e responsabilizar os autores do crime. “A Polícia Judiciária
Civil de Sinop não coaduna com qualquer ofensa à dignidade da pessoa
humana e preza, antes de tudo, pela elucidação de todos os delitos que
ofendem a ordem pública”, diz a PCMT.
O empresário negou à reportagem que esteja sendo procurado pelas
autoridades. “Isso é mentira, não estou sendo procurado por nada, estou
em casa”, afirma. Adonias também disse que não vai se apresentar para
prestar esclarecimentos.
Ajuda
O ex-jogador Juninho Pernambucano se
sensibilizou com o caso junto ao advogado Rogério Pereira e encontrou o homem
agredido, ele foi identificado como Anderson. Trata-se, segundo Juninho, de um
dependente químico. O ex-atleta vai ajudar a vítima.
“Dito isso, com o Rogério Pereira,
estamos enviando hoje, o Anderson, com seu consentimento, para uma clínica
especializada em dependência química, onde ele ficará no mínimo três meses. A
família do Anderson só falou coisas boas dele. E sabe que ele precisa de ajuda”,
escreveu o jogador.
Além disso, Adonias deve ser acionado, novamente, na Justiça. “Depois
da tortura (imensurável, inexplicável), a humilhação, é a pior agressão
feita ao ser humano, ela agride muito mais que o tapa em si. Sobre
isso, o Rogério Pereira se responsabilizará do processo. Agradecendo a
todos a intenção de ajuda, seja ela por sentimento ou doações”,
finalizou Juninho.bhaz
Pra quem se sensibilizou com o vídeo, do rapaz que leva um tapa no rosto por pedir dinheiro, é o seguinte. Falei com Rogério Pereira, que é professor de processo penal e advogado, que foi até a casa dele. Ele se chama Anderson. Segue..— Juninho Pernambucano (@Juninhope08) April 10, 2020
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