O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou a legislação que permite ao PSL,
partido do presidente eleito, Jair Bolsonaro, ter direito a R$ 110
milhões em recursos públicos no próximo ano. Em palestra na Associação
Comercial de São Paulo (ACSP), o ministro defendeu uma “reforma política
séria” que fortaleça o Legislativo e diminua o número de siglas
partidárias no Brasil.
“O PSL, apesar de não ser a maior bancada, mas teve o maior
número de votos em legenda, vai ter R$ 100 milhões. Isso é um absurdo, e
não é porque é o PSL. Que empresa tem esse faturamento no Brasil?”,
declarou Moraes, para quem no Brasil ficou mais fácil fundar uma legenda
partidária do que abrir uma microempresa.
A afirmação de Moraes foi dada em São Paulo durante o evento “Os 30 anos da Constituição Federal”, promovido pela ACSP.
Para o magistrado, o País deve ter voto distrital misto e endurecer a
cláusula de barreira que limita a distribuição de recursos do Fundo
Partidário e tempo de televisão de acordo com o número de votos
recebidos pelos partidos.
Protagonismo
Durante a palestra na associação comercial, o ministro também
defendeu uma “autocontenção” do Supremo Tribunal Federal para evitar um
protagonismo excessivo do Judiciário. Ele observou que as instâncias
judiciais ganharam relevância após um enfraquecimento do Legislativo em
função de denúncias e investigações.
Na avaliação de Moraes, o Supremo precisa se “conter” para evitar
cometer o mesmo erro das Forças Armadas em 1964, quando os militares
assumiram o poder no País.
“Você não pode querer ser poder moderador, ter legitimidade como
poder moderador, dar a última palavra como poder moderador, e querer
estar no palco. Jogar e apitar ao mesmo tempo não vai dar certo”,
afirmou o ministro. “O Supremo não pode cometer o mesmo erro que o
antigo poder moderador de fato cometeu em 1964”, disse.
Para Moraes, o Supremo deve defender o direito de minorias quando
houver abusos para “impedir que a panela de pressão exploda”. “Em regra,
na democracia, é a maioria que impõe de maneira democrática por meio do
voto seus valores, mas a maioria não pode discriminar, desrespeitar e
perseguir as minorias”, alertou o ministro. Informações exame
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