A Anptecre (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em
Teologia e Ciências da Religião) divulgou hoje uma nota contra a
proposta do governo Jair Bolsonaro de reduzir o investimento para áreas de humanas, em especial para faculdades de filosofia e sociologia.
A
associação, que reúne mais de 300 pesquisadores em teologia e ciências
da religião, defende que a investigação em humanidades "colabora de
maneira fundamental para o desenvolvimento da nação, em especial para o
campo da educação e da formação de visão crítica sobre a sociedade e
suas estruturas".
"Continuamos afirmando que o futuro de nosso país exige de
todos um compromisso responsável e incentivo à pluralidade de ideias, a
liberdade de pensamento, a autonomia das ciências humanas e sociais.
Tratar a educação a partir de premissas ideológicas não colaborará a
encarar os grandes desafios que precisam ser vencidos"
Anptecre (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Teologia e Ciências da Religião)
A
proposta de reduzir o investimento em cursos de filosofia e sociologia
foi anunciada na noite de quinta-feira (25) pelo ministro da Educação,
Abraham Weintraub, em uma transmissão ao vivo nas redes sociais do
presidente Jair Bolsonaro (PSL). A medida foi, então, reforçada por
publicações no Twitter do presidente na manhã de ontem.
O Ministro da Educação @abrahamWeinT estuda descentralizar investimento em faculdades de filosofia e sociologia (humanas). Alunos já matriculados não serão afetados. O objetivo é focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como: veterinária, engenharia e medicina.— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) April 26, 2019
O objetivo, segundo Bolsonaro, seria "focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como veterinária, engenharia e medicina". Para especialistas consultados pelo UOL, a proposta fere a Constituição.
Associações ligadas à filosofia e às ciências sociais, junto de outras entidades que representam setores da educação, criticaram a proposta. As falas de Weintraub e de Bolsonaro foram classificadas pelas entidades como uma "demonstração do mais completo desconhecimento sobre a ciência e sobre a produção do conhecimento científico".
Também em nota, a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), que representa mais de 6 mil cientistas, manifestou-se contra a medida.
"As Ciências Humanas e Sociais não são ideologias (...). Elas trabalham com metodologias científicas específicas, que incluem o levantamento cuidadoso de dados com o uso de questionários, entrevistas, análise de documentos e observações no campo de estudo, e suas conclusões estão baseadas em evidências", disse a associação. Uol
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