A Justiça do Rio suspendeu nesta quinta-feira a realização do show da
cantora gospel Anayle Sullivan, que seria a primeira a cantar no palco
principal do réveillon de Copacabana este ano, e também de qualquer
outro artista religioso na festa. A decisão judicial considera que há
violação aos princípios da laicidade do Estado e da liberdade religiosa
na escolha da artista. A ação civil pública foi ajuizada pela Associação
Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea). Em caso de descumprimento, a
prefeitura do Rio pode ter que pagar uma multa de R$ 300 mil.
"A
realização de shows de música gospel em mais de um palco na festa de
Réveillon de Copacabana na virada deste ano de 2019 para 2020, promovida
pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, foi amplamente divulgada
pelo próprio Prefeito, sendo fato público e notório. Como sabido, a
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 prevê,
expressamente, o princípio da liberdade religiosa e o princípio da
laicidade do Estado", diz trecho da decisão da juíza Ana Cecilia Argueso
Gomes de Almeida.
"Em respeito aos princípios constitucionais da laicidade do Estado e
da garantia da liberdade religiosa, que determinam a promoção da
tolerância e do respeito mútuo entre os adeptos de diferentes concepções
religiosas e não religiosas, de modo a prevenir a discriminação e
assegurar o pluralismo religioso, concedo a tutela de urgência requerida
para determinar a suspensão da realização do show religioso gospel da
cantora Anayle Sullivan ou de qualquer outro cantor ou grupo religioso
na festa de Réveillon de Copacabana, que será realizada na virada dos
dias 31/12/2019 e 01/01/2020, promovida pela Prefeitura do Rio de
Janeiro, sob pena de multa fixa de R$ 300.000,00", conclui o ofício.
Em
nota, a prefeitura afirmou que a Procuradoria-Geral do Município (PGM)
irá recorrer da decisão, e que a escolha e contratação dos artistas que
se apresentarão no réveillon de Copacabana é de responsabilidade da
empresa vencedora do caderno de encargos, a SRCOM, e que coube à empresa
apresentar a relação de shows, que foram aprovados formalmente pela
prefeitura.
No início do mês, Crivella comentou, na coletiva de imprensa de lançamento da festa do réveillon, a qual a equipe do GLOBO foi impedida de entrar, sobre a presença de Anayle na festa.
—
Essa ideia de mais três palcos em Copacabana não só privilegia o
trânsito, mas também dá espaços à canção gospel, que é na nossa cidade o
primeiro lugar disparado nas rádios. Essa música, pela primeira vez,
terá palco especial para ela — disse.
Procuradas, a empresa SRCOM e a artista ainda não se pronunciaram.Extra
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