SÃO PAULO — O coordenador da força-tarefa da Lava-Jato do Ministério Público Federal (
MPF
) em Curitiba,
Deltan Dallagnol
, criticou nesta quarta-feira a decisão do ministro do STF
Marco Aurélio Mello
que determinou a libertação de presos condenados em segunda instância
, que não tenham tido todos os recursos julgados. A medida pode
beneficiar alguns dos condenados no âmbito da Lava-Jato, entre eles o
ex-presidente Luiz Inácio
Lula
da Silva.
— A decisão quebra a estabilidade do próprio Supremo e nós esperamos que
seja revertida, para que não tenhamos os efeitos catastróficos que
podem surtir sobre a sociedade brasileira — afirmou o procurador.
Para Deltan, a decisão viola princípios como a estabilidade das instituições jurídicas e da coletividade.
— O órgão Supremo Tribunal Federal é maior que suas partes, ministros
não devem funcionar como ilhas isoladas. Entendemos que a decisão
contraria o sentimento da sociedade, que exige o fim da impunidade. Ela
na verdade consagra a impunidade, violando os precedentes estabelecidos
pelo próprio STF — disse o procurador.
Deltan convocou a entrevista coletiva na tarde desta quarta, que contou
com a participação de outros cinco procuradores da força-tarefa.
— Estamos reiterando nossa confiança de que o STF vai reverter essa decisão em tempo hábil — completou.
O procurador lembrou que embora o MPF considere haver pelo menos 35
presos relacionados a processos da Lava-Jato atualmente detidos em
unidades prisionais do Paraná. Mas, disse ainda não ser possível dizer
quantos seriam libertados pela decisão de Marco Aurélio. Isso porque há
presos cumprindo pena após confirmação de sentença em segunda instância e
que também têm, contra si, pedidos de prisão preventiva ainda válidos.
Esses casos não seriam atingidos pela decisão do ministro do STF.
O procurador Diego Castor lembrou que o tema já foi discutido quatro
vezes pelo plenário do supremo nos últimos dois anos, por isso, pelo seu
entendimento, não havia razão para a decisão na véspera do recesso
forense.
— O ministro deferiu liminar sem que houvesse fato novo (a justificar decisão) — criticou o procurador.
Integrantes da Câmara Criminal do MPF também divulgaram, no fim da
tarde, uma nota de repúdio à decisão de Marco Aurélio e registro de
confiança na reversão da medida pelo presidente do STF, José Dias
Toffoli.
"Essa decisão monocrática contribui para a insegurança jurídica e
aumento da impunidade. Além do mais, pode significar a soltura de
inúmeras pessoas com condenações por crimes gravíssimos como homicídio,
latrocínio, estupros, pornografia infantil, participação em milícias,
organizações e facções criminosas, corrupção, desvio de recursos
públicos e fraudes a licitação, que prejudicam a real implementação de
políticas públicas como as de saúde, educação e segurança pública",
escreveram os procuradores.Informações O Globo
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