Após as turbulências da pandemia de coronavírus passarem, o ministro Paulo Guedes vai voltar à carga com seu programa de reformas trabalhistas e tributárias. Ele insiste na capitalização da Previdência, na qual cada trabalhador é que tem de poupar para a aposentadoria. Isso foi rejeitado no debate da reforma da Previdência.
O ministro também trabalhará pela criação de um imposto sobre
transações digitais, nos moldes da extinta CPMF. Também quer ampliar a
contratação por hora trabalhada, em vez de salário mensal.
O
objetivo, segundo a equipe econômica, é incluir no mercado de trabalho
os 38 milhões de brasileiros considerados invisíveis socialmente e que
fazem bicos e não trabalham com carteira assinada.
Na avaliação
de Guedes, os programas sociais do governo precisam ser destinados a
garantir renda para os mais pobres. Por isso ele quer a unificação do Bolsa-Família com outros benefícios e criar o Renda Brasil. Entretanto, o ministro quer que esse programa estimule a educação e a ascensão social das famílias de baixa renda.
Quem
receber o Renda Brasil terá de fazer cursos de capacitação para
reforçar o ensino fundamental. Além da formação técnica, aulas de
português e matemática devem ser ministradas. Essa capacitação deve ser
oferecida pelo governo e pelo Sistema S (Senac, Sesi etc.).
Imposto digital e trabalho por hora
Passada
a fase de capacitação, Guedes defende que a contratação dessas pessoas
depende da extinção da contribuição previdenciária patronal de 20% sobre
a folha de salários.
A ideia da equipe econômica é substituir
essa contribuição pelo imposto sobre transações digitais. Seria similar à
CPMF (o imposto do cheque), embora o ministro rejeite essa comparação.
As alíquotas ainda estão em definição pela equipe econômica.
Também
está em debate se o imposto será cobrado por qualquer movimentação
financeira ou só em compras com cartão e pelo sistema de pagamentos
instantâneos desenvolvido pelo BC (Banco Central).
Contratação por hora
Guedes
também quer criar um regime de trabalho mais flexível. Com isso, o
governo deve enviar ao Congresso Nacional uma proposta para criar o
regime de contratação por hora trabalhada.
Na
prática, será definido um valor mínimo por hora trabalhada, com base no
salário mínimo. Hoje já existe o trabalho intermitente, pago por hora.
Mas no regime intermitente não é possível que o contrato seja contínuo e
sem intervalos.
A ideia original era de que no regime de hora
trabalhada não existissem férias remuneradas, 13º salário e FGTS (Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço).
Entretanto, técnicos da equipe
econômica alertaram que esses benefícios são constitucionais, e a
proposta sofreria grande oposição dos parlamentares. Assim, os valores
de férias, 13º e FGTS devem ser calculados proporcionalmente, com base
nas horas trabalhadas.
Previdência com capitalização
O
governo também quer criar o regime previdenciário de capitalização para
quem se formalizar. Na capitalização, o trabalhador faz a própria
poupança para sua aposentadoria. Não há contribuições do governo.
Apesar
disso, a ideia da equipe econômica é garantir uma complementação do
governo para quem não conseguir atingir o valor do salário mínimo como
valor da aposentadoria.
Incentivos para estudantes
Em
outra frente, a equipe econômica também quer criar um sistema de prêmios
em dinheiro para os melhores alunos das escolas públicas. Com uma alta
taxa de evasão escolar, o Brasil possui vários jovens que nem estudam
nem trabalham.
Está em debate garantir um incentivo de até R$
1.000 para os alunos que se destacarem em olimpíadas do conhecimento. O
governo também prepara outros incentivos para as famílias que devem
receber o Renda Brasil.
uol