O déficit em transações correntes do Brasil fechou 2019 a US$ 50,762
bilhões (R$ 212 bilhões), alta de 22,2% sobre 2018 e no pior dado em
quatro anos, afetado pela piora da balança comercial, divulgou o Banco Central nesta segunda-feira (27).
O maior rombo das contas externas antes disso havia sido registrado
em 2015, quando o déficit foi de US$ 54,472 bilhões (R$ 227,4 bilhões).
O buraco nas transações correntes em 2019 passou a 2,76% do PIB
(Produto Interno Bruto), sobre 2,20% em dezembro do ano anterior.
Apesar da piora, ele seguiu coberto com folga pelos investimentos
diretos no país (IDP), que alcançaram US$ 78,559 bilhões (R$ 328
bilhões) no ano passado.
A expectativa do BC era de um déficit em transações correntes de US$
51,1 bilhões (R$ 213,4 bilhões) em 2019, mas com IDP um pouco melhor, de
US$ 80 bilhões (R$ 334,1 bilhões).
A autoridade monetária já havia justificado que as transações correntes foram prejudicadas em 2019 pelo pior desempenho da balança comercial,
num ano marcado pela desaceleração da economia na Argentina, peste
suína afetando a China e a demanda por soja brasileira, além da dinâmica
envolta em incertezas do comércio mundial em meio às tensões protagonizadas por Estados Unidos e China.
O ano passado também foi afetado por ruídos em relação aos números das transações correntes.
No início de dezembro, o governo anunciou uma correção para cima no registro das exportações
de setembro a novembro, atribuindo a uma falha humana uma
subnotificação de US$ 6,488 bilhões (R$ 27 bilhões) que havia ajudado a piorar o resultado da balança comercial brasileira divulgado originalmente.
Ao fim, o superávit da balança comercial encerrou 2019 em US$ 39,404
bilhões (R$ 164,5 bilhões), recuo de 25,7% sobre 2018, diante de uma
queda de 6,3% nas exportações e diminuição de 0,8% nas importações,
apontou o BC.
Em 2019, as remessas de lucros e dividendos de multinacionais
instaladas no Brasil caíram 14,8% sobre o ano anterior, a US$ 31,126
bilhões (R$ 129,9 bilhões). Esse foi o principal fator a guiar a
retração de 4,8% no déficit em renda primária, a US$ 55,989 bilhões (R$
233,8 billhões).
Na conta de serviços, houve redução no ano tanto nos gastos líquidos
de brasileiros no exterior, com recuo de 5,4% frente a 2018, a US$
11,681 bilhões (R$ 48,7 bilhões), quanto nas despesas líquidas de
aluguel de equipamentos, que caíram 8,2%, a US$ 14,483 bilhões (R$ 60,4
bilhões).
Fundamentalmente por conta desses dois movimentos, o déficit em
serviços diminuiu a 1,7% em 2019, a US$ 35,141 bilhões (R$ 146,7
bilhões), apontou o BC.
DEZEMBRO
Em dezembro somente, o déficit em transações correntes foi de US$
5,691 bilhões (R$ 23,7 bilhões), pior que a expectativa de um déficit de
US$ 4,5 bilhões (R$ 18,7 bilhões), conforme pesquisa da agência Reuters
com analistas. A conta de IDP alcançou US$ 9,434 bilhões (R$ 39,3
bilhões), abaixo da projeção de US$ 11 bilhões (R$ 45,9 bilhões). Folha