Em Brasília, o presidente Michel Temer foi com o pré-candidato do MDB à Presidência, Henrique Meirelles, à assembleia geral da Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil,
cuja plateia era formada por milhares de pastores da denominação. Em
São Paulo, os pré-candidatos à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, e
pelo
PRB, Flávio Rocha, estiveram na Marcha para Jesus, organizada pela
Igreja
Renascer. O evento contou ainda com as presenças do ex-prefeito de São
Paulo
João Doria (PSDB) e do governador Márcio França (PSB), ambos
pré-candidatos ao
governo paulista.
Depois de 11 dias de crise por causa da greve dos caminhoneiros e
alvo de
críticas pela condução das negociações com a categoria, o presidente —
acompanhado de Meirelles — comemorou o fim da paralisação, diante de
milhares de pastores.
— Me disseram: ‘Olhe, vá lá, no templo da Assembleia de Deus, comemorar a
pacificação do país’. Com a graça de Deus, estamos encerrando a greve dos
caminhoneiros. Pelo diálogo, que é o que eu prego — disse o presidente.
Temer, que já foi chamado de “bom cabo eleitoral” por Meirelles, aproveitou
para propagar as “conquistas de seu governo” e pedir que os pastores levassem
sua mensagem às igrejas de todos os rincões do país.
— Nesse momento em que vamos entrar numa disputa eleitoral, peço que avaliem
nossos projetos, que são a favor do país. Que os senhores possam levar a todos e
todas essas palavras, também de paz e harmonia, pois sei que os senhores têm
templos nos lugares mais afastados — disse o presidente, enquanto membros da
igreja puxavam aplausos.
O presidente da congregação religiosa, Manoel Ferreira,
também pediu que seus pastores levem a palavra de Michel Temer aos fiéis
espalhados pelo país, e reforçou:
— Acima dele, só Deus e a nação.
De olho no eleitorado religioso, o ex-ministro Henrique
Meirelles entrou no templo junto com Temer e com o bispo Manoel Ferreira. Mesmo
antes da pré-campanha, o ex-ministro da Fazenda já vinha apostando no público
religioso como um eleitorado em potencial, participando de cultos de diferentes
denominações. Ao falar em igrejas e em rádios de interior, Meirelles chegou a
pedir que fiéis “orassem” pela economia do país.
MARCHA PARA JESUS CONCENTRA POLÍTICOS
Em São
Paulo, a Marcha Para Jesus reuniu milhares de pessoas na Zona Norte da
capital paulista ao longo de todo o dia. O presidenciável Jair Bolsonaro
disse querer como vice o senador Magno Malta (PR-ES) "também por ele
ser evangélico". Já o governador de São Paulo, Márcio França, que
disputará a reeleição este ano, chegou a se ajoelhar no palco durante
uma benção. Tanto Bolsonaro como França vestiram a camisa da marcha.
Pela manhã, o pré-candidato do PSDB ao governo de São Paulo, João Doria, participou do evento junto com outro presidenciável, Flávio Rocha (PRB).
Rocha, que é evangélico da Igreja Sara Nossa Terra, não discursou.
Assim como França, os dois também se ajoelharam durante uma oração.
À tarde, Bolsonaro chegou a falar ao público, mas foi econômico nas
palavras. Sua presença foi anunciada por Magno Malta. O público se
dividiu entre aplausos e algumas vaias. Muitos ficaram indiferentes à
presença do pré-candidato do PSL. Ele posou no palco com uma bandeira de
Israel.
— Brasil acima de tudo e Deus acima de todos — se limitou a dizer aos fiéis.
Antes, em entrevista, Bolsonaro negou que tentar se aproveitar do
evento para conquistar os votos evangélicos agora que é candidato a
presidente.
— Não estou vindo aqui por oportunismo. Não é a primeira vez que eu compareço a uma marcha.
Também falou sobre as negociações para escolher o vice de sua chapa.
— Já mandei cartinha de amor para ele. O vice dos meus sonhos é o Magno Malta.
O presidenciável do PSL declarou que o fato de Malta ser evangélico
ajuda em sua simpatia por ele. Foi o senador que o convidou para ir à
marcha.
— Também por ser evangélico. Não nego isso. Não é para atrair o povo
envagélico. Desde que cheguei na Câmara sempre marchei junto com a
bancada evangélica.
Responsável pela organização da marcha, o apóstolo Estevam Hernandes,
líder da Igreja Renascer, disse que nenhum presidenciável foi convidado
para o evento, apenas as autoridades.
— Nós não convidamos nenhum candidato. Os candidatos vieram por vontade própria ou porque outras pessoas convidaram.
Hernandes disse que ainda não escolheu um candidato para a disputa
presidencial e que uma definição sobre o caminho dependerá das
propostas.
— Não estou muito preocupado com a religião do candidato. Não é pelo
fato que nós temos que apoiar. Tem que ser em cima de propostas porque o
presidente da República jamais poderá ser presidente dos evangélicos,
ele terá que ser presidente dos brasileiros.
TOM AGRESSIVO DE BOLSONARO
Entre os
pré-candidatos, dois se declaram evangélicos: Flávio Rocha e Marina
Silva (Rede). Sobre Bolsonaro, o líder da Renascer disse que uma
aventual adesão dependerá de ele deixar o tom mais agressivo de seu
discurso de lado e que o plano de governo que atenda os "valores
cristãos evangélicos".
— O Bolsonaro tem por enquanto um discurso, mas não sabemos qual é
exatamente o plano de governo. A base do evangelho que nós pregamos é de
tolerãncia e de amor ao próximo.
O pré-candidato do PSL acredita que conseguirá convencer o apóstolo Hernandes a apoiá-lo.
— Eu aceito conselhos. Quantas pessoas falaram algo de mim sem me
conhecer? Conversei agora rapidamente com o bispo (apóstolo). Tenho
certeza que pela maneira que ele olhou pra mim já mandou alguma coisa a
meu respeito — afirmou Bolsonaro.
Antes de Bolsonaro, quem subiu ao palco foi Márcio França. Numa
rápida fala, destacou que, graças ao fim da paralisação dos
caminhoneiros, a marcha pôde ser um sucesso.
— Deus sabe providenciar as coisas na hora certa — discursou.
França acrescentou que a paz no país depende de Deus:
— O Brasil precisa de paz. Não adianta a gente colocar polícia, não
adianta a gente vigiar, se Deus não estiver no controle. A Bíblia que
fala: se você tiver a sua casa sendo vigiado por quem for, se Deus não
estiver lá, está vigiando à toa. É assim que deve ser o país é assim que
deve ser o estado é assim que deve ser uma cidade.
Geraldo Alckmin não foi ao evento e viajou para Pindamonhangaba, no
interior paulista, para visitar as irmãs. À tarde, ele deixou uma
mensagem para os simpatizantes da marcha em uma rede social. "Desde 2009
faz parte do calendário brasileiro e hoje milhões fazem parte deste ato
que é uma declaração de fé que reúne todos os cristãos. Aproveito a
data para relembrar o maior dos ensinamentos que Jesus Cristo deixou,
uma mensagem de tolerância, que é amar ao próximo", escreveu.
Católico, não é a primeira vez que o tucano deixa de participar do
evento gospel. No ano passado, a ausência dele na festa rendeu
alfinetadas públicas do apóstolo Estevam Hernandes.
informações o globo