O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta segunda-feira (11) que a decisão da Ford de fechar todas as fábricas no Brasil é reflexo da falta de credibilidade do governo.
"O fechamento da Ford é uma demonstração da falta de credibilidade do governo brasileiro, de regras claras, de segurança jurídica e de um sistema tributário racional. O sistema que temos se tornou um manicômio nos últimos anos, que tem impacto direto na produtividade das empresas", afirmou Maia em rede social.
Segundo ele, é necessário proporcionar segurança jurídica para a iniciativa privada. "Espero que essa decisão da Ford alerte o governo e o Parlamento para que possamos avançar na modernização do Estado e na garantia da segurança jurídica para o capital privado no Brasil", disse.
Outros políticos, inclusive da base aliada do governo, criticaram o governo pelo anúncio.
O deputado federal Marcos Pereira (Republicanos-SP), ex-ministro da Indústria e cujo partido integra o centrão, afirmou que a decisão é lamentável e afirmou que a situação econômica do país pode ter reflexos nas eleições em 2022.
"Se é verdade que saúde econômica pode decidir as eleições presidenciais, com estes anúncios, podemos dizer que 2022 está logo aí, e, quem viver verá", disse.
Pereira também criticou o Ministério da Economia, defendendo que a pasta de Paulo Guedes tenha um olhar "mais amigável" para quem gera empregos.
Pereira ainda relembrou a frase de um dos secretários de Guedes, Carlos da Costa (de Produtividade, Emprego e Competitividade), a executivos da General Motors há cerca de um ano: "Se precisar fechar, fecha". Procurado, Costa não retornou até o fechamento deste texto.
Ciro Gomes, candidato a presidente em 2019, afirmou que a decisão da Ford é um desastre e pediu a saída de Jair Bolsonaro (sem partido) da presidência.
"Que desastre, meu Deus do céu!", afirmou em rede social. "Nosso país segue afundando no processo de desindustrialização. Bolsonaro vai liquidar nossa nação! Congresso, cumpra seu dever: impeachment já!", disse.
Nelson Barbosa, ministro da Fazenda e do Planejamento no governo de Dilma Rousseff, afirmou que esse é "mais um desastre do governo Temeraro".
O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) afirmou que bravatas não vão solucionar os problemas do país. "Lembram quando Bolsonaro disse que se a esquerda vencesse na Argentina nossos vizinhos fugiriam desesperados para cá? Pois a Ford vai fechar todas as fábricas no Brasil e manter a produção no Uruguai e Argentina. Bravata não gera emprego nem vai tirar o país do buraco", disse.
A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) afirmou que respeita e lamenta a decisão da Ford. E disse que a decisão corrobora o que a entidade vem alertando há mais de um ano sobre a ociosidade local e global e a falta de medidas que reduzam o custo no Brasil.
O chefe da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência), Fabio Wajngarten, respondeu às declarações de Maia dizendo que a Ford mundial teria fechado fábricas no mundo porque focaria sua produção em SUVs e picapes.
"Não tem nada a ver com a situação política, econômica e jurídica do Brasil. Quem falar o contrário, mente e quer holofotes", afirmou.
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