Ela segue sendo liderada por Jair Bolsonaro (PSL),
que se manteve estável com 28%, mas perdeu fôlego nas simulações de
segundo turno, sendo derrotado em todas elas. A dupla lidera também no
quesito rejeição do eleitor, indicando a polarização na disputa.
Os dados estão na nova pesquisa do Datafolha. Nela, Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) empatam tecnicamente no terceiro posto. Marina Silva (Rede) murchou para um distante quarto lugar.
O instituto ouviu 9.000 eleitores em 343 cidades de quarta (26) a
esta sexta (28). A margem de erro é de dois pontos percentuais, para
cima ou para baixo. O levantamento foi contratado pela Folha e pela TV Globo. A pesquisa anterior havia sido feita nos dias 18 e 19.
Haddad, o preposto indicado por Luiz Inácio Lula da Silva para
concorrer em seu lugar, já que foi declarado inelegível por ter
condenação em segunda instância, cresceu de 16% para 22% nas intenções
de voto estimuladas. Nas menções espontâneas, também cresceu seis
pontos, chegando a 17%.
Ele teve seu mais forte crescimento nas regiões Nordeste (12 pontos) e
Norte (13 pontos). No tradicionalmente lulista e populoso Nordeste, ele
lidera com 38% das intenções de voto. Ali, Bolsonaro registra seu pior
desempenho regional, com 16% de intenções de voto, empatado com Ciro
Gomes (PDT), que tem 15% no seu território de origem.
O período da pesquisa coincidiu com uma zona de turbulência na campanha do capitão reformado, que se recupera internado de uma facada recebida no dia 6.
Na quarta, a Folha revelou um documento do Itamaraty
relatando uma ameaça de morte atribuída a Bolsonaro por uma ex-mulher,
que hoje nega ter dito isso. Na quinta, surgiu a fala de seu vice,
Hamilton Mourão (PRTB), criticando o 13º salário, e mais acusações
contra o deputado no processo de divórcio divulgadas pela revista Veja. É
possível que o efeito desses eventos, se houver, seja sentido só na
semana que vem.
Bolsonaro segue com os mesmos 28% que recebeu no levantamento
anterior, na pesquisa estimulada. Na declaração espontânea, oscilou
positivamente um ponto, para 25%.
No terceiro pelotão, a disputa está embolada entre Ciro, que oscilou
negativamente dois pontos e tem 11%, e Alckmin, que subiu dentro da
margem de 9% para 10%. No caso do pedetista, o forte crescimento de
Haddad no seu quintal eleitoral, o Nordeste, ajuda a bloquear seus
movimentos. Já o tucano, apesar de contar com o maior tempo de
propaganda eleitoral gratuita, viu sua campanha mais incisiva por um
voto útil contra Bolsonaro e PT fracassar em lhe auferir apoio.
Já Marina confirmou a tendência de queda livre e oscilou mais dois
pontos para baixo, atingindo 5% na pesquisa estimulada. A candidata da
Rede está agora um pouco acima do bloco dos nanicos eleitorais,
integrado por João Amoêdo (Novo, 3%), Alvaro Dias (Podemos, 2%),
Henrique Meirelles (MDB, 2%), Vera (PSTU, 1%), Guilherme Boulos (PSOL,
1%) e Cabo Daciolo (Patriota, 1%).
As simulações de segundo turno trazem más notícias para
Bolsonaro. Se nas duas semanas seguintes ao ataque de Juiz de Fora ele
viu seu desempenho melhorar nos embates com os principais adversários,
agora ele perde para todos com uma curva desfavorável.
Ciro ampliou a vantagem sobre o deputado, que batia por 45% a
39% na pesquisa anterior, derrotando-o por 48% a 38%. O pedetista segue
sendo o único a vencer todos os embates nas simulações de segundo turno.
Haddad saiu do empate em 41% e supera Bolsonaro por 45% a 39%,
melhorando também seu desempenho contra o PSDB: empata com Alckmin em
39%, o que dificultará a ideia tucana de vender o candidato como alguém
que venceria o PT com certeza no segundo turno. Questionados sobre
mudança de voto, 18% dos apoiadores do tucano optariam pelo capitão.
A raiz da dificuldade de Bolsonaro é sua rejeição, que
paradoxalmente é a principal fraqueza também de Haddad, hoje seu
principal oponente. Ambos os candidatos são os que registram a maior
taxa de “não voto de jeito algum” da pesquisa.
O deputado subiu de 43% para 46% e o petista, de 29% para 32%,
confirmando o caráter plebiscitário e polarizado da disputa. Isso também
se nota na convicção de seus eleitores, superior à dos outros
candidatos: 79% dos bolsonaristas e 78% dos pró-Haddad dizem não mudar
de opção.
A rejeição ao candidato do PSL segue forte entre as mulheres, objeto
da campanha #elenão. O rejeitam 52% das eleitoras. Na pergunta
estimulada, seu eleitorado feminino é de apenas 21%, contra os 37% que
alcança entre homens. Jovens de 16 a 24 anos (55%) e os mais pobres
(52%) são outros grupos que lideram a tendência de descartar o voto
nele.
Já Haddad é mais rejeitado pelos eleitores que ganham mais de dez
salários mínimos (59%), com nível superior (48%) e do sexo masculino
(39%). Informações Folha.uol