A Polícia Federal realiza na manhã desta quarta-feira (10), a
Operação Bellum, que tem como objetivo apurar a
existência de fraude na compra de respiradores pulmonares pelo governo do Pará para ajudar no
combate ao coronavírus. São 23 mandados de busca e apreensão no Pará e mais seis estados.
São alvos de busca o governador Helder Barbalho (MDB) e o presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), Alberto Beltrame. Além
deles, outras treze pessoas são alvos - sócios da empresa investigada e
servidores públicos estaduais. As medidas foram pedidas pela PGR ao
STJ.
As buscas foram realizadas nas residências dos investigados, em
empresas e, também, no palácio dos despachos, do governo, e nas
secretarias de estado de Saúde, Fazenda e Casa Civil do estado do Pará.
Indícios levantados pela Procuradoria-Geral da República apontam que o governador tem relação próxima com o empresário responsável pela concretização do negócio.
Mostram, ainda, que sabia da divergência dos produtos comprados e da
carga de ventiladores pulmonares inadequados para o tratamento da
Covid-19 que foi entregue ao estado. Além do contrato dos respiradores, a
organização ligada a este empresário foi favorecida com uma outra
contratação milionária, cujo pagamento também foi feito de forma
antecipada, no valor de R$ 4,2 milhões.
Em sua rede social, o governador Helder Barbalho disse que está tranquilo e à disposição para qualquer esclarecimento.
"Agi
a tempo de evitar danos ao erário público, já que os recursos foram
devolvidos aos cofres do estado. Por minha determinação o pagamento de
outros equipamentos para a mesma empresa está bloqueado e o Governo
entrou na justiça pleiteando indenização por danos morais coletivos
contras os fornecedores. Por fim, esclareço que não sou amigo do
empresário e, obviamente, não sabia que os respiradores não
funcionariam", disse Helder.
Em nota, o governo do estado diz que "reafirma seu compromisso de
sempre apoiar a Polícia Federal no cumprimento de seu papel em sua
esfera de ação" e destaque que o "recurso pago na entrada da compra dos respiradores foi ressarcido aos cofres públicos por ação do Governo do Estado".
O governo também afirma que "entrou na Justiça com pedido de
indenização por danos morais coletivos contra os vendedores dos
equipamentos."
O G1 entrou em contato com Alberto Beltrame e com o Conass, e não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
Helder é o 2º governador alvo de operação da PF sobre contratos relacionados ao combate ao coronavírus. O primeiro foi Wilson Witzel, do RJ, em maio.
Segundo a PF, a compra dos respiradores custou ao estado do Pará o
valor de R$ 50.400.00,00. Desse total, metade do pagamento foi feito à
empresa vendedora do equipamento de forma antecipada, sendo que os
respiradores sofreram grande atraso na entrega, além de serem diferentes
do modelo comprado e não funcionarem no tratamento da Covid-19, razão
pela qual foram devolvidos.
Os crimes sob investigação são de fraude à licitação falsidade
documental e ideológica, corrupção ativa e prevaricação e lavagem de
dinheiro.
Wilson Witzel, 1° governador investigado
No Rio de Janeiro, a Operação Placebo, deflagrada no dia 26 de maio cumpriu 12 mandados de busca e
apreensão — um deles no Palácio Laranjeiras, residência oficial do
governador Wilson Witzel (PSC), e outro na casa dele, no Grajaú.
A investigação apura supostas fraudes na contratação da Organização
Social Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas) para
construir hospitais de campanha. Witzel nega participar de esquemas.
Operações da PF contra desvios na saúde
O presidente da República Jair Bolsonaro afirmou no dia 27 de maio que teriam novas operações da Polícia Federal (PF) nos estados.
"Vai ter mais, enquanto eu for presidente, vai ter mais. No Brasil
todo. Isso não é informação privilegiada não, vão falar que é informação
privilegiada", disse. A afirmação foi feita na saída do Palácio da
Alvorada, residência oficial do presidente.
A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), uma das principais aliadas
do presidente Jair Bolsonaro no Congresso, antecipou no dia 25 de maio
em entrevista à Rádio Gaúcha, que a Polícia Federal estava prestes a deflagrar operações contra desvios na área da saúde nos estados. "A gente já teve operações da Polícia Federal que estavam na agulha para
sair, mas não saíam. E a gente deve ter nos próximos meses o que a
gente vai chamar talvez de Covidão, ou de, não sei qual é o nome que
eles vão dar, mas já tem alguns governadores sendo investigados pela
Polícia Federal", afirmou a deputada. G1