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quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Igreja Católica identifica 286 sacerdotes que abusaram de crianças nos EUA

Quinze dioceses do estado do Texas revelaram os nomes dos religiosos que supostamente abusaram de menores.

Líderes da Igreja Católica nos Estados Unidos identificaram nesta quinta-feira (31) 286 sacerdotes e outros funcionários eclesiásticos que supostamente abusaram sexualmente de menores de idade ao longo das últimas décadas.

Quinze dioceses do estado do Texas, incluindo as de Austin, San Antonio, Dallas e Houston, revelaram os nomes dos religiosos que supostamente abusaram de crianças e adolescentes, no marco de uma campanha iniciada em agosto de 2018, quando uma corte da Pensilvânia tornou públicos os casos de 300 sacerdotes que teriam cometido os mesmos crimes.

Desde aquele mês, cerca de 50 dioceses de todo os Estados Unidos publicaram listas com nomes de mais de 1.200 padres acusados de abuso sexual a menores. Veja

Ministra Rosa Weber e demais autoridades assinam digitalmente e lacram softwares da urna eletrônica

Os programas serão utilizados a partir de março deste ano nas eleições suplementares que ocorrerão em alguns municípios do país 

A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, participou, nesta quinta-feira (31), do encerramento da Cerimônia de Lacração e Assinatura Digital dos Sistemas Eleitorais que serão utilizados nas eleições suplementares que ocorrerão em alguns municípios a partir de março deste ano.

A cerimônia vinha ocorrendo desde a última terça-feira (29). Ao longo desses três dias, os programas que compõem o sistema eletrônico de votação foram compilados diante de representantes de partidos políticos, de órgãos públicos e demais entidades da sociedade civil que, em cumprimento à Resolução TSE nº 23.550/2017, que normatiza a cerimônia, foram convidadas a comparecer. Dentre as instituições legitimadas para acompanhar o trabalho estão a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF), o Departamento de Polícia Federal, as universidades federais e a Sociedade Brasileira de Computação (SBC).

A Cerimônia de Lacração e Assinatura Digital dos Sistemas Eleitorais tem o propósito de dar transparência e fortalecer a segurança do processo eleitoral, uma vez que as instituições que dela participam têm assegurado, para fins de fiscalização e auditoria, o acesso antecipado aos programas de computador desenvolvidos pelo TSE para uso nas eleições.

Ao abrir os trabalhos, a presidente do TSE ressaltou a importância do evento para a confiabilidade do sistema eletrônico de votação que é adotado no Brasil. “Este é um procedimento fundamental para a segurança do processo eleitoral como um todo, na medida em que atesta a autoria e a integridade dos programas, funcionando como uma espécie de impressão digital que permite a sua conferência, fiscalização e, sobretudo, auditagem”, disse Rosa Weber.

A ministra lembrou que a assinatura digital e a lacração dos programas são apenas parte de um amplo conjunto de procedimentos de auditoria e aferição de segurança das urnas desenvolvido pela Secretaria de Tecnologia da Informação (STI) do TSE. O objetivo é assegurar que os softwares utilizados na captação e apuração dos votos sejam dotados dos mais modernos meios de segurança disponíveis atualmente. “Trata-se de um mecanismo que evidencia o nosso compromisso com a transparência sobre toda a estrutura que envolve o processo de votação e apuração e confere confiabilidade ao sigilo do voto e à segurança do resultado das eleições”, concluiu.

Lacração de programas
O secretário da STI, Giuseppe Dutra Janino, explicou que a lacração consiste num procedimento matemático que confere uma blindagem em todo o conjunto de sistemas, conferindo-lhes assim dois atributos: a autoria do TSE e a integridade. Assim, tem-se a certeza de que não houve nenhuma adulteração dos programas que foram desenvolvidos pela Justiça Eleitoral. Todos os mais de 120 sistemas utilizados no processo eleitoral brasileiro são desenvolvidos pelos analistas da STI e, após concluídos, são lacrados.

Antes dessa lacração, a integridade e a funcionalidade dos programas são verificadas. O objetivo é conferir ainda mais transparência e credibilidade ao sistema eletrônico de votação, atendendo às exigências quanto à segurança jurídica que as urnas devem conferir às eleições, tornando-as absolutamente invulneráveis a qualquer interferência.

Os sistemas, após a lacração, só podem ser ativados por meio de senhas geradas pelo TSE de forma personalizada e controlada, e distribuídas para todo o país. No dia da votação, por exemplo, as próprias urnas eletrônicas verificam a assinatura digital ao serem ligadas, não havendo assim a possibilidade de que um software que não seja de autoria do TSE, ou que tenha sido adulterado, possa funcionar.

A Cerimônia
Após a verificação dos programas do sistema eletrônico de votação pelos representantes das entidades participantes da cerimônia, os programas são assinados digitalmente por eles. Nesta quinta-feira, além da presidente do TSE e do vice-procurador-geral Eleitoral, Humberto Jacques, também assinaram os programas o delegado da Polícia Federal Maurício Valeixo e o secretário-geral da Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),  Márcio de Sousa Oliveira.

Uma vez registradas as assinaturas digitais, os programas foram gravados em DVDs que, por sua vez, puderam ser assinados fisicamente por todas as autoridades presentes. Os estojos desses DVDs foram então lacrados e guardados em um envelope que também foi lacrado. Ao fim da cerimônia, a ministra Rosa Weber encarregou-se de levar pessoalmente o envelope à sala-cofre do TSE.

Eleições suplementares

No mês de março, cinco municípios terão eleições suplementares: Macaubal, Lagoinha e Cajamar, no estado de São Paulo; Cabedelo, no estado da Paraíba; e Piên, no Paraná. O calendário desses pleitos está disponível no Portal do TSE e pode ser atualizado a qualquer momento a partir de novas decisões de juízes eleitorais de todo o país que determinem novas eleições.
RG/RR

Renam Calheiros está na lista de prediletos de Bolsonaro para presidência do senado?

Uma nota divulgada no Twitter, blog do Noblat, traz uma afirmativa em que Bolsonaro faz contato com Renam Calheiros e o parabeniza por sua escolha para candidato do PMDB a presidente do senado. Uma afirmativa dada pela assessoria de Renam. Em forma de ironia Noblat trata a questão como a ''nova política'' a todo vapor.
A publicação repercutiu nas redes sociais, e apoiadores contestaram a publicação.

Alexandre Frota também postou em seu Twitter a matéria sobre a questão, publicada pelo jornal o globo, trazendo a seguinte indagação: e agora a direita xiita vai gritar? ou vai bater palmas para o Jair?



Temporal destrói templo e fiéis fazem culto na chuva: “A Igreja somos nós”

Uma tempestade destruiu parte do templo de uma igreja no litoral paulista, mas o incidente não limitou as atividades da congregação, já que os fiéis se reuniram mesmo com a interdição do templo e realizaram o culto na chuva.

A igreja Comunidade Apostólica Árvore da Vida, em Praia Grande (cidade vizinha a Santos), teve parte do telhado arrancado e paredes danificadas com uma forte chuva com ventos que atingiu a região. Até um portão de metal que fechava a frente do imóvel foi arrancado pela ventania.

Além disso, o temporal quebrou ventiladores, caixas de som, microfones, projetor de imagem e grande parte da iluminação do templo. O pastor Wellington Souza, responsável pela igreja, comentou o episódio afirmando que não se pode deixar abater por adversidades como essa.

“A primeira sensação é de tristeza, muita tristeza, choro entalado. Como pastor, a gente tem que engolir o choro, para poder ser forte e fortalecer os outros. Nós não temos a oportunidade de chorar a nossa dor”, desabafou o pastor, em entrevista ao portal A Tribuna. No momento do incidente, havia só uma pessoa no templo, que não sofreu ferimentos.

O pastor estava no trabalho quando foi informado que o templo tinha sofrido danos severos, mas se lembrou que a igreja havia realizado uma campanha recentemente com o lema “Depois da Tempestade”, quando foram pregadas mensagens ao longo de sete semanas sobre situações positivas que decorrem de adversidades.

“Isso trouxe conforto ao meu coração. Eu saí de Santos, fui à igreja, o pessoal estava muito entristecido, todos chorando, me abraçando e me dando palavras de conforto. Juntei as pessoas ali na frente da igreja mesmo e tentei consolá-las, dizendo que tudo ia ficar bem”, relatou.

Essa reunião do lado de fora da igreja encorajou os fiéis a realizarem o culto ali mesmo, numa rua lateral ao templo: “Estamos realizando os cultos debaixo de chuva mesmo. As paredes do templo foram danificadas, o telhado foi destruído, mas a igreja está intacta, porque a igreja somos nós mesmos. Então, nós estávamos lá, como igreja do lado de fora, sem teto, mas muito felizes adorando ao nosso Deus”, disse.
O pastor conta que as pessoas estão mais motivadas do que entristecidas: “Essas destruições têm a força de ativar a solidariedade das pessoas. Estávamos lá com alegria, glorificamos a Deus por tudo, por ninguém ter se ferido. Estamos buscando força para nos reerguermos novamente”, comentou.

“Não temos muito o que fazer”, disse o pastor. “Os danos foram muito altos, e a igreja não possui fundos para arcar com o prejuízo. Precisamos de mão de obra especializada, pois o teto da igreja é alto, e todos os equipamentos precisam ser substituídos”, acrescentou.

Enquanto isso, a igreja vai se reunindo do lado de fora mesmo, com apoio da comunidade local e dos fiéis, mesmo que seja um culto na chuva: “É bonito de ver, porque são pessoas que não têm tantas posses, são trabalhadores de origem humilde, mas que se dispõem a oferecer o pouco que têm pra ajudar”.

A expectativa é que, depois que a igreja conseguir reconstruir o templo, os contratempos não tenham a menor importância: “Apesar da dor de ver tudo se perder, eu creio e acredito que as coisas vão ficar mais bonitas depois de reconstruir. A igreja precisa ser resiliente, porque por problemas sempre passaremos, e dificuldades sempre teremos, Mas, é como nos comportamos em meio às dificuldades que determina quem somos e em quem confiamos”.

PSOL anuncia que processará Malafaia e filhos de Bolsonaro por “mentiras” contra Wyllys

O PSOL anunciou que irá processar o pastor Silas Malafaia por supostamente difundir mentiras contra a legenda e o ex-deputado federal Jean Wyllys nas redes sociais. Além do líder evangélico, estão na mira do partido o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL), o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PSL) e o cantor Lobão.

Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL, afirmou na última terça-feira, 29 de janeiro, que o partido vai à Justiça contra essas figuras formadoras de opinião. “Quem inventar mentira contra a gente pode preparar o bolso porque vamos processar”, disse o psolista, sem explicar quais seriam as mentiras que teriam sido inventadas contra o ex-deputado, que protocolou a renúncia no mesmo dia.

A fala do presidente do PSOL aconteceu durante um ato em defesa de Jean Wyllys realizado na noite da terça, na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, no centro histórico de São Paulo.
Participaram do evento os candidatos derrotados à presidência Guilherme Boulos (PSOL) e Fernando Haddad (PT), a deputada estadual Manuela d’Ávila (PCdoB-RS), o cartunista Laerte, o cantor Criolo e o escritor Fernando Morais, além de ativistas da causa LGBT.

De acordo com informações do jornal O Estado de S. Paulo, durante o ato foram feitos discursos contra o governo Jair Bolsonaro, pedidos de punição aos assassinos da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e de libertação do ex-presidente Lula. “Estamos aqui para dar um recado: eles podem muito mas não podem tudo”, disse Medeiros.

Houve uma confusão durante o evento, com agressões ao deputado estadual eleito Arthur do Val (DEM-SP), do canal Mamãe Falei no YouTube. Ele e quatro aliados foram expulsos do local aos chutes, empurrões e palavrões enquanto gravava vídeos.

A Polícia Militar foi acionada e respondeu ao tumulto, enviando viaturas e aproximadamente 20 policiais ao local. Segundo o tenente Martins, a PM foi acionada via 190 para atender a solicitação de uma pessoa que se dizia impedida de transitar em espaço público, já que os manifestantes haviam fechado uma rua próxima à Faculdade de Direito da USP: “Enquanto houver risco à integridade física de alguém, qualquer cidadão, a PM estará à disposição”, disse o policial.

Bancada feminina na Câmara será composta por 77 deputadas na nova legislatura

Número representa 15% das cadeiras da Casa, um aumento de 50% em relação à legislatura anterior. Percentual, no entanto, ainda está muito abaixo da média de mulheres parlamentares em outros países latino-americanos

A bancada feminina na Câmara dos Deputados será composta por 77 mulheres na nova legislatura (2019-2023) – o que representa 15% das cadeiras. Na composição anterior, a bancada ocupava 51 cadeiras (10% do total). Entre as mulheres que tomarão posse no dia 1º de fevereiro, 43 ocuparão o cargo de deputada federal pela primeira vez.

Maranhão, Sergipe e Amazonas não elegeram nenhuma mulher em 2018. O Distrito Federal, que elegeu 5 mulheres em uma bancada composta por 8 deputados, será proporcionalmente o ente da Federação com mais deputadas. Em termos absolutos, o estado com maior número de deputadas é São Paulo, com 11 mulheres na bancada de 70 deputados.

Entre as deputadas novatas, está Joênia Wapichana (Rede-RR), que será a primeira mulher indígena a ocupar o cargo de deputada federal no País. Por sua vez, a deputada Luiza Erundina (Psol-SP) é a veterana na nova composição da Câmara. A parlamentar, que tem 84 anos, iniciará seu sexto mandato consecutivo.


Pauta
A nova bancada feminina eleita é diversa em termos ideológicos e partidários. Por exemplo, entre as deputadas, 9 são do PSL – partido do presidente Jair Bolsonaro – e 10 são do PT – legenda de oposição.

A deputada Carmen Zanotto (PPS-SC), que iniciará seu segundo mandato, disse acreditar que, respeitada a divergência de pensamento na bancada, a pauta mais importante deve ser a luta para redução da violência contra a mulher. “Não dá para a gente aceitar um país em que uma mulher morre a cada uma hora e meia apenas pelo fato de ser mulher.”

Decisão do TSE
Zanotto considera o crescimento da bancada importante, mas aquém do desejado. “Ainda é muito pequeno perto do que esperávamos”, avaliou.

A parlamentar atribui parte desse crescimento à decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de maio de 2018, que garantiu nas eleições de 2018 a aplicação de no mínimo 30% dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e do tempo de propaganda gratuita no rádio e na TV para as candidaturas de mulheres. “Isso nos deu condições de disputar as eleições em pé de igualdade”, observou.

O percentual de mulheres concorrendo ao cargo de deputada federal nas últimas eleições foi de 31% do total de candidaturas, percentual semelhante ao de 2014. Esse número é pouco superior ao número de candidaturas femininas exigido pela Lei das Eleições (9.504/97), que é de 30% do total.

Ranking
Com 15% de mulheres na Câmara dos Deputados, o Brasil continuará bem abaixo da média na América Latina. Nos países latino-americanos e do Caribe, a média do número de mulheres parlamentares nas Câmaras de Deputados ou Câmaras Únicas é de 28,8%.

Conforme levantamento de 2017 feito pela ONU Mulheres em parceria com a União Interparlamentar (UIP), o Brasil ocupava somente a 154ª posição em um ranking de 174 países sobre de participação de mulheres no Parlamento. Confira a lista das representantes: 'Agência Câmara Notícias'

Professor vê quebra de hegemonia católica no Brasil por evangélicos como risco ao Estado laico

A ascensão das forças políticas oriundas do segmento evangélico no Brasil – em franca expansão desde o início dos anos 2000 – é um fator importante para a compreensão do movimento que resultou na eleição de Jair Bolsonaro. Porém, na visão do professor Roberto Romano, o crescimento dos evangélicos é uma ameaça ao Estado laico.

Romano é professor de Ética e Filosofia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e produziu um artigo fazendo associação da presença evangélica na política à dominação católica no Brasil nos séculos em que o país foi colônia de Portugal e também durante a fase do Império, quando o catolicismo era a religião oficial, embora se permitisse a adesão a outras crenças.

“Com Bolsonaro quebra-se o elo entre ordem eclesial e sociedade civil. Desde 1500 o catolicismo teve hegemonia nos assuntos do Estado. Ainda agora majoritário, ele foi decisivo no controle ético e político do Brasil. A partir do século 20 sua importância diminui e hoje ele enfrenta movimentos evangélicos que aplicam, para se expandir, estratégias do moderno marketing“, contextualizou o professor.

Segundo Romano, “nossa terra não gerou a República sonhada pelos que, desde a colônia, lutam por um país livre e laico”. Com a chegada de Bolsonaro à presidência, o professor entende que “sai o mando teológico-político católico, igual pretensão protestante bate às portas”.

Indicando apreço ao secularismo, o professor diz que “desde o Renascimento a Igreja [Católica] se coloca contra os regimes de liberdade e democracia”, e sugere que os evangélicos seriam atores com iguais pretensões. “Ao reagir à Reforma [Protestante] ela definiu uma pauta contra o âmbito secular”, acrescenta o professor, que lista, em seu artigo, diversas iniciativas de oposição eclesiástica à “modernidade e ao liberalismo”.

“No Brasil, Rui Barbosa luta em prol do Estado laico […] desenvolve as bases jurídicas que separam os campos religioso e político”, recapitula Romano, referindo-se à atuação do jurista nos anos que precederam Constituição de 1891, que instituiu a conceito de laicidade ao Estado brasileiro, dois anos depois do golpe militar que derrubou o Império e instituiu a República.

O professor – autor do livro Razões de Estado e outros estados da Razão – pontua que “a Igreja, antes base do poder, é reduzida à forma privada”, o que não foi bem aceito pelas lideranças religiosas à época: “As pressões católicas para retomar o status anterior à Carta de 1891 levaram-na a apoiar a ditadura Vargas, na qual obteve vitórias. A presença católica na educação foi estratégica”, recapitulou.

A ditadura de Getúlio Vargas permitiu, segundo o professor, que os católicos continuassem sua “luta contra o modernismo, o liberalismo, o protestantismo e outros ismos odiosos à hierarquia”.
Toda essa revisão histórica feita pelo articulista deságua na especulação de que os evangélicos brasileiros pretendem emplacar uma hegemonia que traria riscos ao Estado laico: “Hoje o país está perto de nova aliança entre sacerdotes e políticos. O presidente eleito proclama não sermos um Estado laico, mas cristão (sic). Importa recordar que as sementes teológico-políticas foram disseminadas pela Igreja Católica. Os evangélicos aproveitam o solo adubado, em séculos, pelos integristas, que sorvem o próprio remédio aplicado por eles à vida nacional”, critica Roberto Romano.

Confira a íntegra do artigo “Sobre o Estado laico”, publicado no jornal O Estado de S. Paulo:
As incertezas da vida brasileira, no instante em que assume um governo incerto no plano religioso, exigem cautela. Com Bolsonaro quebra-se o elo entre ordem eclesial e sociedade civil. Desde 1500 o catolicismo teve hegemonia nos assuntos do Estado. Ainda agora majoritário, ele foi decisivo no controle ético e político do Brasil. A partir do século 20 sua importância diminui e hoje ele enfrenta movimentos evangélicos que aplicam, para se expandir, estratégias do moderno marketing. Mas o modelo de tal proselitismo foi a Propaganda Fidei (1622, obra jesuítica). Nossa terra não gerou a República sonhada pelos que, desde a colônia, lutam por um País livre e laico. Sai o mando teológico-político católico, igual pretensão protestante bate às portas. Inglaterra, França, Estados Unidos, parte dos países civilizados definiram as balizas da liberdade ao separar Igreja e Estado. Aqui a fachada sobrenatural integra governos à esquerda ou direita.

Para garantir semelhante dinâmica o catolicismo foi essencial. Desde o Renascimento a Igreja se coloca contra os regimes de liberdade e democracia. Ao reagir à Reforma ela definiu uma pauta contra o âmbito secular. Trento marcou a plataforma reativa diante do mundo moderno, algo que permaneceu até o Concílio Vaticano II. Uma idiossincrasia da forma romana foi o veto à modernidade e ao liberalismo. Até o século 20 cátedras universitárias católicas exigiam dos professores o juramento contra as ideias laicas. Dizia Pio X no Motu Proprio Praestantia: “Os modernistas são os piores inimigos da Igreja, o modernismo é reunião de todas as heresias” (1907). Desde o Syllabus (1864) a guerra contra os “erros” do Estado e da sociedade civil é movida pela Santa Sé, que exige adesão incondicional do clero e dos leigos. O juramento contra as doutrinas liberais modernas encontra-se no Motu Proprio Sacrorum Antistitum (1910), do mesmo Pio X. 
Já na era das Luzes Clemente XIII escreveu um rascunho de encíclica (Quantopere Dominus Jesus), onde reafirmava que o desejo de verdade é natural no homem. Mas tal anelo “o Espírito Santo quer refrear, como prova o Eclesiastes”. O pontífice ordena que os fiéis se abstenham de pesquisas sobre o saber científico. Tal mote atravessa o ensino da Igreja do Index Librorum Prohibitorum (1559, só abolido em 1966) aos acordos com Mussolini e Hitler. O alvo maior foi atenuar a prática política autônoma dos católicos. A Concordata com o governo hitlerista impediu a ação política das forças religiosas. Mesmo os conservadores do Zentrum tiveram diminuída, pelo Vaticano, sua ojeriza ao totalitarismo. 

Os liberais católicos da Alemanha e do mundo, desde o século 19, são derrotados pelo setor ultramontano. Este reforça o mando absoluto do papa e gera o dogma da infalibilidade, o que impede todo diálogo ou ação conjunta de católicos e liberais. No Brasil Rui Barbosa luta em prol do Estado laico, escreve um prefácio (mais longo do que o livro original) ao volume de Johann Joseph Ignaz Dollinger O Papa e o Concílio, 1877. O civilista desenvolve as bases jurídicas que separam os campos religioso e político. Ele antecipa a Constituição de 1891, que ordena: “Todos os indivíduos e confissões religiosas podem exercer publica e livremente o seu culto, associando-se para esse fim e adquirindo bens, observadas as disposições do direito comum (…). A República só reconhece o casamento civil, cuja celebração será gratuita (…). Os cemitérios terão caráter secular e serão administrados pela autoridade municipal, ficando livre a todos os cultos religiosos a prática dos respectivos ritos em relação aos seus crentes, desde que não ofendam a moral pública e as leis. (…). Será leigo o ensino ministrado nos estabelecimentos públicos. (…) Nenhum culto ou igreja gozará de subvenção oficial, nem terá relações de dependência ou aliança com o Governo da União, ou o dos Estados”.

Para notar a diferença entre o afastado na Carta e as formas institucionais anteriores, tomemos a Constituição de 1824: “A religião católica apostólica romana continuará a ser a religião do Império. Todas as outras religiões serão permitidas com seu culto doméstico ou particular, em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior de templo” (citado por F. S. L. Azevedo Ferreira: A liberdade religiosa nas Constituições brasileiras e o desenvolvimento da Igreja Protestante). Cemitérios abertos a todos (só aos católicos eram eles reservados), educação laica (a religião omitida dos bancos escolares). A Igreja, antes base do poder, é reduzida à forma privada. As pressões católicas para retomar o status anterior à Carta de 1891 levaram-na a apoiar a ditadura Vargas, na qual obteve vitórias. A presença católica na educação foi estratégica. 

E segue sob Getúlio a luta contra o modernismo, o liberalismo, o protestantismo e outros ismos odiosos à hierarquia. E logo as cruzadas: da boa imprensa, do bom cinema, da LEC, a Liga Eleitoral Católica, a reunião de “autoridades civis, militares, eclesiásticas”. Em congressos eucarísticos a Igreja exige privilégios (Romualdo Dias, Imagens de Ordem, a doutrina católica sobre autoridade no Brasil, 1922-1933). Como a França, o Brasil é consagrado à soberania espiritual com o Cristo Redentor. Com Vargas brotam as censuras, os processos torcionários, os exílios (os administradores do jornal O Estado de S. Paulo passam por eles), os atentados aos direitos humanos (Sobral Pinto evoca a lei de proteção dos animais em defesa de Prestes). Tais vilipêndios escapam à atenção católica. Importa vencer a modernidade, o liberalismo, o socialismo. 

Hoje o País está perto de nova aliança entre sacerdotes e políticos. O presidente eleito proclama não sermos um Estado laico, mas cristão. Importa recordar que as sementes teológico-políticas foram disseminadas pela Igreja Católica. Os evangélicos aproveitam o solo adubado, em séculos, pelos integristas, que sorvem o próprio remédio aplicado por eles à vida nacional.