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O esqueleto quase completo de 3,6 milhões de anos - Themba Hadebe / AP |
JOANESBURGO — A posição da África do Sul como um possível “berço” da
Humanidade teve revelado nesta quarta-feira sua principal “embaixatriz”.
Apelidado “Little Foot” (”Pé Pequeno” em inglês), o fóssil de 3,67 milhões de anos é um dos mais antigos, e de longe o mais completo, esqueleto
já encontrado de uma fêmea de australopiteco, espécie de hominídeo que
estaria na origem do gênero humano. A datação dos restos da “Pé
Pequeno”, ainda objeto de dúvidas e debates entre os cientistas, a faria
cerca de 500 mil anos mais “velha” que “Lucy”, outro famoso fóssil de
uma fêmea de australopiteco achado na Etiópia nos anos 1970.
— Esta é uma das mais notáveis descobertas de fósseis na história das
pesquisas sobre as origens humanas e é um privilégio exibir um achado
desta importância hoje (ontem) — declarou Ron Clarke, professor do
Instituto de Estudos Evolucionários da Universidade de Witwatersrand, em
Joanesburgo, África do Sul, na apresentação do esqueleto.
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Fóssil pode revelar detalhes sobre a anatomia e habilidades físicas dos nossos ancestrais - Themba Hadebe / AP |
Clarke encontrou os primeiros fragmentos do esqueleto nas cavernas de
Sterkfontein, a cerca de 40 quilômetros a Noroeste de Joanesburgo, em
1994. Os quatro pequenos pedaços de ossos de um pé (daí o apelido do
fóssil, dado por seu colega e também professor da universidade
sul-africana Phillip Tobias) foram originalmente achados por ele
incrustados em rochas removidas de uma das cavernas da região para
mineração de cal. A partir daí, Clarke e assistentes trabalharam
incessantemente na busca das “peças” restantes do fóssil no interior da
caverna, num processo de escavação delicado que só acabou quase 20 anos
depois, em 2012, e na sua limpeza e reconstrução, completada agora.
— Eu e meus assistentes trabalhamos duro na remoção dos ossos dos
blocos de pedra e na reconstrução do esqueleto completo até o dia de
hoje — destacou Clarke. — Muitos dos ossos do esqueleto são frágeis, mas
apesar disso estavam profundamente encrustados em um tipo de rocha
parecido com o concreto chamada brecha. O processo demandou uma
escavação extremamente cautelosa no ambiente escuro da caverna. Assim
que as superfícies de cima dos ossos do esqueleto foram expostas, a
brecha por baixo de onde eles ainda estavam presos foi cuidadosamente
cortada e removida em blocos para limpeza no laboratório em
Sterkfontein.
Agora com o esqueleto virtualmente completo nas mãos, os cientistas
estão analisando minuciosamente as características da “Pé Pequeno”. Os
estudos devem revelar mais detalhes e descobertas sobre a aparência,
anatomia geral, comprimento de membros e capacidades locomotoras dos
australopitecos que vão em muito melhorar e aprofundar nosso
conhecimento sobre estas espécies que estão nas raízes da evolução
humana.
— Este é feito marcante para a comunidade científica global e o
patrimônio histórico da África do Sul. É por meio de descobertas
importantes como de “Pé Pequeno” que obtemos um vislumbre de nosso
passado que nos ajuda a melhor entender nossa humanidade comum — afirmou
Adam Habib, reitor da Universidade de Witwatersrand.
Clarke e colegas esperam apresentar os primeiros resultados das
análises do fóssil e suas implicações para o que sabemos hoje sobre como
eram os australopitecos e seu papel na história da evolução humana em
uma série de mais de 20 artigos científicos a ser publicada em diversos
periódicos já a partir do ano que vem.
com informações Oglobo
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Ron Clarke, da Universidade de Witwatersrand, descobriu os primeiros fragmentos do fóssil em 1994 - Themba Hadebe / AP |
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