Em seu discurso após a derrota nas eleições presidenciais de 2018, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad
(PT) pediu, em um tom emotivo, “coragem” a uma plateia formada por
militantes e políticos aliados e colocando a sua “vida à disposição
desse país”.
“Não tenham medo. Nós estaremos aqui, nós abraçaremos a
causa de vocês. A vida é feita de coragem”, disse o petista, pouco
depois de colocar “a sua vida à disposição desse país” e de citar as
eleições presidenciais de 2022, projetando-se para liderar o PT após o
pleito deste domingo. “Verás que um professor não foge à luta, nem teme
quem adora a liberdade à própria morte”, disse, em outro trecho.
Haddad não citou o presidente eleito Jair Bolsonaro
(PSL) em nenhum momento do seu discurso, mas cobrou do novo governo
“respeito” a “uma parte expressiva da população brasileira” que o
escolheu neste segundo turno. “[Essa parte] Diverge da maioria e tem
outro projeto de país, mas precisa ser respeitada”. Ele também defendeu a
posição da sua legenda para liderar a oposição, em especial na
vigilância das instituições, que, diz, passam por instabilidades nos
últimos anos, citando o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT)
e a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Desde o início da tarde, o clima de velório no hotel onde a militância
petista acompanhava a apuração se alternava com fiapos de esperança, em
virtude do crescimento do ex-prefeito nas pesquisas realizadas durante a
última semana. Mas tão logo as pesquisas de boca de urna e a primeira
parcial da apuração foram divulgadas, a tensão e as conversas foram
substituídas por um silêncio sepulcral, aos poucos seguidos de choros da
militância petista.
Ao longo da tarde, também foi possível identificar aquele que passa a se tornar uma persona non grata
no partido, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), duramente criticado em
caráter reservado por lideranças da legenda. E outros que se tornam
aliados ainda mais próximos, como o também ex-presidenciável Guilherme
Boulos (PSOL), levado ao palco durante o discurso de Haddad, junto com
dirigentes dos partidos que integravam a coligação petista, o PCdoB e o
Pros.
Após o discurso de Haddad, a militância começou a entoar gritos de “a
luta começou” e também a invocar o nome do ex-presidente Lula. A
cerimônia foi antecedida por gritos de “fascista” durante o discurso de
Bolsonaro. Antes do início, foi feito um minuto de silêncio em homenagem
à vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada no Rio em março deste
ano, e ao capoeirista Mestre Moa do Catendê, assassinado durante uma
discussão política na Bahia na campanha eleitoral deste ano.
Fonte: Veja
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