RIO — O ministro Gustavo
Bebianno
, da Secretaria-Geral da Presidência, afirmou nesta quinta-feira que o presidente Jair
Bolsonaro
"está com medo de receber algum respingo" das investigações sobre o uso
de candidatas como laranjas pelo PSL nas eleições de 2018. Bebianno
afirmou em entrevista à Revista Crusoé ainda que não pode ser
responsabilizado pelas candidatas apontadas como laranjas, e que o
ministro Sergio Moro deve investigar tudo que é suspeito no governo.
— Não sou moleque, e o presidente sabe. O presidente está com medo de
receber algum respingo. Ele foi um mero candidato. Ele não participou de
Executiva, ele não tinha mando no partido. Ele não tem responsabilidade
nenhuma — disse.
No fim de semana, uma reportagem publicada pela "Folha de S.Paulo" apontou que o PSL, partido do presidente,
destinou R$ 400 mil de fundo partidário para Maria de Lourdes Paixão, de 68 anos,
candidata a deputada federal de Pernambuco que recebeu apenas 274 votos.
Na época, Bebianno era presidente da legenda. Ele comandou o partido
entre janeiro e outubro de 2018. Nesta quarta-feira, a Polícia Federal
intimou a candidata a prestar depoimento sobre a suspeita de ter sido
usada como laranja pelo PSL.
Ao ser questionado o que acha que poderia "respingar" no presidente, o
ministro afirmou que trata-se de uma "preocupação infundada" e que nem o
presidente, nem ele, podem ser responsabilizados por possíveis fraudes
na prestação de contas de candidatos do PSL. Segundo Bebianno, depois
que o dinheiro sai do diretório nacional a responsabilidade passa a ser
dos diretórios estaduais e dos candidatos. Ele ainda questiona porque
não há a mesma preocupação em relação.
— Alguém botou minhocas na cabeça dele em relação a esse assunto. Por
que ele não tem essa preocupação em relação a Minas Gerais? Não tem um
problema em Minas Gerais, supostamente? Alguém diz que a
responsabilidade é minha? É a mesma coisa, não é? É o mesmo caso.
Bebianno se referia à suspeita levantada por uma reportagem publicada
pela "Folha de S.Paulo" de que o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro
Antônio (PSL-MG), está envolvido em um esquema de corrupção de
candidaturas laranjas em Minas Gerais. De acordo com o jornal, ele usou
candidatos laranjas durante a campanha eleitoral do ano passado com o
objetivo de amealhar uma fatia maior dos recursos públicos destinados ao
financiamento eleitoral. O Globo
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