A posse dos deputados da 56ª Legislatura foi bastante concorrida,
nesta sexta-feira (1), atraindo cerca de 30 mil pessoas para a Câmara,
segundo a Polícia Legislativa. Normalmente, circulam diariamente pela
Casa um total entre 16 e 20 mil pessoas. Um dos motivos é justamente a
entrada de 243 deputados de primeiro mandato, muitos ligados ao PSL,
partido do presidente Jair Bolsonaro. Eles trouxeram amigos e
familiares, que também tiveram a oportunidade de acompanhar tudo por
telões em outros espaços.
O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que presidiu a sessão, leu o
juramento que cada um dos 513 deputados tem que fazer em Plenário:
"Prometo manter, defender e cumprir a Constituição; observar as leis,
promover o bem geral do povo brasileiro; e sustentar a União, a
integridade e a independência do Brasil. (...) Rogo aos senhores
parlamentares que um a um, de acordo com a chamada nominal, pronunciem
as seguintes palavras: Assim, o prometo."
No Plenário, os deputados do PT e de outros partidos de oposição
tomaram vários assentos à esquerda da entrada principal e os deputados
do PSL ocuparam as vagas da direita, lembrando a polarização da
sociedade nos últimos anos. Os deputados fizeram seus juramentos sem o
auxílio do microfone para evitar discursos pequenos, mas vários gritaram
palavras de ordem como "Lula Livre" ou "Mito" em uma referência a
Bolsonaro.
Também foram feitas referências ao ex-deputado Jean Wyllys, que
renunciou ao mandato por causa de ameaças de morte e à vereadora
Marielle Franco, assassinada no ano passado. Ambos do PSOL. Também foi
feita uma homenagem ao jornalista Wagner Montes, que havia sido eleito
deputado pelo PRB-RJ, mas morreu no dia 26 de janeiro.
Nas conversas com os jornalistas, os deputados já buscaram marcar
suas posições em relação ao governo Bolsonaro e às reformas que ele
pretende mandar para a Câmara. Um exemplo é a deputada Jandira Feghali
(PCdoB-RJ):
"De fato, as pautas que se apresentam para nós são pautas de
retrocesso no campo dos direitos civis, de reformas estruturantes que
atingem frontalmente os direitos das mulheres e dos homens trabalhadores
do país. A reforma da Previdência em particular é um tema que eu lido
há 30 anos aqui e que vai atingir o mundo dos trabalhadores de menor
renda e isso é muito grave. Coloca em risco a aposentadoria do povo
trabalhador. Vai ser um enfrentamento duro, difícil. Mas nós estamos nos
organizando não apenas na esquerda, mas nós precisamos juntar deputados
também do campo mais amplo para que a gente tenha garantia de vitórias
aqui."
Pelo lado governista, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) destacou a
disposição dos deputados que, como ela, estão estreando na Câmara:
"A pauta número um é a agenda econômica, a aprovação da reforma da
Previdência. Essa é uma pauta nossa, do partido e uma pauta do governo.
As minhas pautas, além dessa, envolvem o combate à corrupção. Já no dia 4
eu vou colocar aí um projeto em relação ao combate à corrupção, as
questões que envolvem educação. E agora tem um tema que não dá para
abrir mão, que é a CPI das Barragens. Para a gente investigar o que
aconteceu em Brumadinho e punir os culpados. Então, esse vai ser um ano
com muita agenda, muita pauta. Porque a maioria dessa turma que chegou
veio a trabalho e não a passeio. Então a gente veio para fazer a
diferença e a gente vai fazer a diferença nesse Congresso Nacional."
A bancada feminina cresceu e passou de 51 para 77 deputadas, com
destaque para Joênia Wapichana (Rede-RR), que é primeira deputada
indígena a ocupar o cargo. 75% deputados se declararam brancos, em uma
participação bem superior à da sociedade, que é de quase 48%. 415 dos
513 deputados têm nível superior completo e a profissão mais declarada é
a de empresário, com 107 deputados.
Quatro deputados são ministros e serão substituídos por suplentes:
Onyx Lorenzoni, da Casa Civil; Osmar Terra, da Cidadania; Marcelo Álvaro
Antônio, do Turismo; e Tereza Cristina, da Agricultura. camaranoticias
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