A praga de gafanhotos que está a devastar o Corno de África foi
declarada “emergência nacional” na Somália, onde estes insectos têm
devastado as provisões alimentares de uma das regiões mais pobres do
mundo, anunciou hoje o Ministério da Agricultura.
“O Ministério da Agricultura (...) declarou emergência nacional devido
ao aumento actual dos gafanhotos, que constituem uma grande ameaça para a
frágil situação de segurança alimentar na Somália”, referiu o Governo,
em comunicado.
A Somália é o primeiro país da região mobilizar-se para combater a praga
de gafanhotos, cujo surgimento, segundo os especialistas, se deve às
variações climáticas extremas. Nuvens de gafanhotos de magnitude
histórica devastam há várias semanas largas zonas da África Oriental,
após variações climáticas extremas que ameaçam ser catastróficas para
uma região já debilitada pela seca e inundações.
“As fontes de alimentação para as pessoas e seus animais estão em
risco”, acrescentou o Ministério da Agricultura da Somália, uma vez que a
praga de gafanhotos consome grandes quantidades de culturas e
forragens.
Nuvens espessas de gafanhotos famintos têm-se espalhado da Etiópia e
Somália para o Quénia, onde a agência das Nações Unidas para a
Agricultura e Alimentação (FAO) estimou no final de Janeiro que apenas
uma dessa nuvem cobriria uma área de 2.400 quilómetros quadrados (o
tamanho do Luxemburgo).
Entretanto, milhões de gafanhotos que atingem parte do Quénia, na pior
praga dos últimos 70 anos, estão a ser combatidos por aviões que lançam
pesticidas, o único meio efectivo de controlo, segundo os especialistas.
Os gafanhotos, com o tamanho de um dedo, atingiram o Quénia a partir da
Somália e da Etiópia, no seguimento de intensas chuvas, pouco
habituais, nos últimos meses. O trabalho de combate é feito por cinco
aviões, com o objectivo de tentar impedir os gafanhotos de se espalharem
aos vizinhos Uganda e Sudão do Sul. Trata-se de um trabalho desafiante,
especialmente em partes remotas do Quénia, onde não existe rede de
telemóvel e as equipas em terra não conseguem comunicar facilmente as
coordenadas ao pessoal de voo.
As Nações Unidas afirmaram que são necessários imediatamente 76 milhões
de dólares para desenvolver tais esforços no leste de África. Só que uma
resposta rápida é crucial. Especialistas avisaram que sem controlo, o
número de gafanhotos pode crescer 500 vezes até Junho, quando o tempo
mais seco poderá ajudar a controlar o surto. publico
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