Em um estudo publicado pela Academia Chinesa de Ciências,
a pesquisadora Alida Bailleul e seus companheiros de equipe divulgaram
que podem ter encontrado partes de DNA em um fragmento de cartilagem do
crânio de um dinossauro conhecido como Hypacrosaurus, que existiu há
mais de 70 milhões de anos atrás.
O fóssil é pequeno, mas pode conter restos de DNA de dinossauros que
nunca haviam sido descobertos. O material genético traz evidências de
proteínas originais e células criadoras de cartilagem e, além disso, uma
assinatura química que é consistente com o DNA.
Um material genético tão antigo é considerado uma raridade. De acordo
com os cientistas, o DNA de dinossauros não-aviários, que é o caso
deste animal, pode fornecer informações inéditas e ricas sobre a
biologia dos dinossauros. A descoberta, além disso, pode atestar que
material genético de dezenas de milhões de anos atrás ainda pode ser
detectado. Entretanto, os cientistas ressaltam que mais estudos ainda
são necessários.
Caso sejam confirmadas, as descobertas de Bailleul podem significar
que é possível descobrir muito mais sobre os seres antigos. “Acho que a
preservação excepcional é realmente mais comum do que pensamos, porque,
como pesquisadores, ainda não examinamos um número de fósseis
suficientemente grande. Nós devemos continuar procurando”, disse a
pesquisadora no estudo.
Paralelamente, uma equipe da
Universidade de Princeton conseguiu identificar micróbios dentro de um
fragmento de um Centrosaurus, que tem idade similar ao hipacrosauro.
Essa e outras descobertas indicam que comunidades bacterianas podem
estar presentes em DNAs de milhões de anos, mas especialistas ainda não
descobriram como um osso de dinossauro é capaz de manter os organismos.
“Ainda não descobrimos todos os mecanismos complexos da fossilização
molecular usando a química. E não sabemos o suficiente sobre os papéis
que os micróbios desempenham”, diz Bailleul.
Apesar de diversas incógnitas, a pesquisadora reconhece que é
importante levar em conta diversas formas de microorganismos que antes
não eram conhecidas e que podem ser encontradas em ossos de dinossauros.
Ela acredita, porém, que é improvável que as bactérias entrem na
cartilagem e reproduzam seu núcleo.
A paleobiologia molecular está desenvolvendo, ainda, padrões de
evidências e buscando pistas em ossos milenares. “Espero que muitos
paleontólogos ou biólogos, ou ambos, também estejam tentando fazer isso.
Podemos descobrir as respostas mais rapidamente se todos trabalharmos
juntos nisso”, completou Bailleul.
Ela conclui que a pesquisa não é conclusiva, mas que novos estudos
podem comprovar sua hipótese: “Essas são perguntas muito difíceis. Mas
se continuarmos tentando, há esperança de que possamos descobrir a
maioria das respostas”, disse a pesquisadora.
Exame
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