
O ministro da Saúde, Nelson Teich ( 22-04-2020) Foto: Jorge William / Agência O Globo
BRASÍLIA. O ministro da Saúde, Nelson Teich, planeja
alterações em matrizes desenhadas pela equipe da pasta para medir
riscos e sugerir o tipo de distanciamento a ser adotado para enfrentar a
Covid-19. Há cinco modelos nos mapas já formulados antes da chegada de Teich: distanciamento social seletivo básico, intermediário, avançado, ampliado e o "lockdown" - que significa o bloqueio total.
Em
todos eles, exceto no ampliado e no lockdown, que são modelos de
distanciamento mais duros, a reavaliação prevista é mensal. Teich tende a
diminuir esse prazo, para recomendar que os gestores locais revisem
mais frequentemente as consequências da medida adotada, a fim de adotar
novas providências, se for o caso.
O formato final das regras a
serem apresentadas por Teich, no entanto, ainda não é conhecida pela
maior parte da equipe técnica da pasta. Há incertezas sobre o quanto o
ministro aproveitará das matrizes já criadas pela equipe do ex-ministro
Luiz Henrique Mandetta.
Na modelagem já existente, o tipo de distanciamento sugerido dependerá da classificação do risco avaliado, que pode variar de "baixo" a "extremo". Para ajudar os gestores locais a fazerem suas medições, há uma matriz no estilo de batalha naval, combinando dados de ameaça em uma escala vertical com indicadores de vulnerabilidade na horizontal. Ao cruzar as duas informações, é possível visualizar no quadrante da matriz o nível de risco indicado.
Na modelagem já existente, o tipo de distanciamento sugerido dependerá da classificação do risco avaliado, que pode variar de "baixo" a "extremo". Para ajudar os gestores locais a fazerem suas medições, há uma matriz no estilo de batalha naval, combinando dados de ameaça em uma escala vertical com indicadores de vulnerabilidade na horizontal. Ao cruzar as duas informações, é possível visualizar no quadrante da matriz o nível de risco indicado.
Um
exemplo colocado em boletim da semana passada da pasta usou a
incidência da Covid-19 a cada um milhão de habitantes como informação da
escala vertical da matriz. Na horizontal, verificou-se a proporção de
leitos de UTI ocupados por casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave
(SRAG). A hipótese foi abstrata, em forma de exercício, e não se referia
a estado, município ou um bairro determinado.
É possível ver, no exemplo apresentado, que mesmo um local mapeado no
quesito incidência de casos como "muito alto", mas que tem uma ocupação
de leitos de UTI na faixa "mínima", será interpretado como de "risco
baixo". Para esse nível, é sugerido o "distanciamento social seletivo
básico", o menos restritivo. Outros dados podem ser jogados na matriz,
como equipamentos ou disponibilidade de recursos humanos.
Os
parâmetros de intensidade, a serem colocados na escala, de cada item
avaliado, podem ser definidos pelos gestores, uma vez que nem sempre
haverá dados fixos, tendo em vista a mudança diária nas informações
relacionadas à doença. "Se não houver resultados matemáticos de um
modelo quantitativo ou comparação com um valor de orientação, o processo
será baseado na opinião de especialistas da equipe", afirma o documento
do Ministério da Saúde.
Mais brando entre todas as ações sugeridas, o distanciamento social
seletivo básico inclui para toda a população medidas como lavagem das
mãos, uso de máscaras e limpeza de superfícies. Orienta também o
isolamento domiciliar de sintomáticos e de quem tem contato com essas
pessoas. Isso não se aplica, porém, aos integrantes de serviços
essenciais que estiverem assintomáticos. Além disso, abrange
distanciamento social para pessoas acima de 60 anos e para pessoas
abaixo dessa idade se tiverem. Em ambos os casos, haverá avaliação
mensal.
O quadro mais restrito, antes do "lockdown", é o distanciamento
social ampliado. Nele, há manutenção apenas de serviços essenciais com
avaliação semanal. Qualquer evento de aglomeração fica proibido (shows,
cultos, futebol, cinema, teatro, casa noturna etc), além de se indicar
medidas de distanciamento social no ambiente de trabalho, como trabalho
remoto e reuniões virtuais.

Uma modulação de medidas de
distanciamento social estava em debate desde o mês passado entre o
Ministério da Saúde e governos estaduais e municipais de Saúde. As
pressões aumentaram após o presidente Jair Bolsonaro se contrapor
publicamente às orientações da pasta. A divergência sobre o tema entre
ele, que defende volta às atividades econômicas, e Mandetta, que pregava
o distanciamento, levou à demissão do ex-ministro.
No dia 6 de
abril, já sob essa pressão de Bolsonaro, a pasta deu uma diretriz
genérica. Estados e municípios com regras de distanciamento mais amplo
poderiam migrar para o distanciamento menos rígido, desde que o número
de casos confirmados não tivesse impactado em mais de 50% a capacidade
instalada de saúde existente antes da pandemia, dizia boletim da pasta.
A regra foi considerada uma resposta inócua do ministério e de
Mandetta, que à época tentava se manter no cargo, pela simplicidade. Ao
mesmo tempo, os representantes do ministério passaram a dizer que
cidades sem casos de Covid-19 não tinham necessidade de fazer restrições
amplas, mas sempre com discurso de que, por outro lado, o
distanciamento era necessário de forma geral. Cerca de dez dias depois, a
pasta apresentou uma matriz mais detalhada, que agora poderá servir de
base para os próximos passos de Teich.Oglobo
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