
O novo ministro da Saúde, Nelson Teich Foto: Jorge William / Agência O Globo
BRASÍLIA - O ministro da Saúde, Nelson Teich, afirmou nesta quinta-feira que o plano para transição do isolamento social em função da Covid-19
não significa que "a gente vá sair amanhã" e enfatizou que o modelo
pode até ser mantido se for "o melhor para a sociedade". A declaração
foi dada ao ser questionado se cabe uma medida de flexibilização de
distanciamento social no momento em que se registra um recorde diário de
mortes, com 403 novos óbitos notificados em boletim da pasta hoje.
-
Quando digo que a gente vai ter que mapear no dia a dia, e que vai ter
critérios, estratégias de saída, isso não quer dizer, primeiro, que a
gente vá voltar, sair amanhã e que alguém defenda o isolamento ou não. A
gente defende o que é melhor para a sociedade. Se o melhor para a
sociedade for o isolamento, é o que vai ser. Se eu puder flexibilizar,
dando uma autonomia e uma vida melhor para as pessoas, e isso não vai
influenciar na doença, é o que vou fazer.
Teich
foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para conduzir a crise de
forma mais alinhada ao Palácio do Planalto do que seu antecessor, Luiz
Henrique Mandetta. O ex-ministro entrou em rota de colisão com o
presidente por defender medidas mais restritas de isolamento social,
enquanto Bolsonaro prega uma retomada das atividades econômicas, com
isolamento apenas de idosos e doentes crônicos, para minimizar o impacto
econômico no país.
O ministro disse que é preciso avaliar, nos
próximos dias, o dado de mortes para verificar se o recorde registrado
no boletim desta quinta-feira é uma tendência real de incremento ou um
reflexo do esforço em testar mais rapidamente, que vem ocorrendo em
vários estados. Teich já falou, em sua primeira coletiva à imprensa
sobre Covid-19, na quarta-feira, que a pasta estuda estabelecer
diretrizes para ajudar gestões locais a fazerem transições de suas
quarentenas.
Na coletiva desta quinta-feira, o ministro da Advocacia Geral da
União, André Mendonça, que esteve presente, disse que o governo estuda
"sistematizar melhor as orientações" do Ministério da Saúde por meio de
portarias, resoluções e até "medidas de caráter legislativo". Ele não
deu detalhes sobre o teor dessas normas e afirmou que ainda vai saber da
equipe da Saúde quais são as necessidades.
Mendonça fez críticas,
entretanto, a medidas como prisão para quem desrespeita regras de
isolamento, dando como exemplo a circulação em praias. A intervenção
policial já foi defendida por governadores, como Wilson Witzel, do Rio
de Janeiro, e João Doria, de São Paulo, ambos rivais político de
Bolsonaro. Segundo o AGU, tem havido prisões "arbitrárias" e "abusivas",
mas ele não citou casos específicos.
- Nas praias, por exemplo, a
orientação do Ministério da Saúde é para que se evitem aglomerações. O
que não significa que a pessoa não possa individualmente praticar um
esporte como natação ou surf -criticou.oglobo
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