A Reforma Protestante completa cinco séculos nesta terça-feira (31). Apesar de o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não ter as efemérides como referência, o tema tem desdobramentos em
diversas áreas do conhecimento e relevância em disciplinas como
história, já tendo sido cobrado em diversas edições da prova.
O G1 ouviu o diretor de conteúdo e aprendizagem do
Anglo, Renan Garcia Miranda, sobres mitos, legados e fatos essenciais
ligados à Reforma. Confira:
Mitos
“Um mito em torno da Reforma Protestante é o de que João Calvino,
fundador do Calvinismo, teria defendido que o homem que acumula riquezas
seria um predestinado à salvação. O religioso francês construiu em
Genebra uma comunidade religiosa marcado por uma disciplina rigorosa
quanto ao vestuário, aos costumes sexuais, ao comparecimento à Igreja e
aos negócios comerciais.
Quanto à predestinação, Calvino, que discutira muito pouco o assunto,
argumentava que, embora estivesse predestinado à salvação ou à danação, o
homem jamais poderia conhecer antecipadamente sua sorte. A escolha de
uns e a rejeição de outros era um sinal do mistério de Deus.”
"Após a morte de Calvino, seus seguidores foram, lentamente, tornando a
predestinação algo crucial e estabelecendo parâmetros lógicos para um
homem reconhecer os sinais de Deus. O trabalho passou a ser visto como
uma vocação divina, e o sucesso decorrente dele, um sinal da
predestinação."
Legados
“Um dos maiores legados da Reforma Protestante foi a abertura para a
livre interpretação da Bíblia. Enquanto a Igreja Católica sustentava que
só o clero — intermediário entre os homens e Deus — podia interpretar
adequadamente a Bíblia, Lutero dizia que, para descobrir seu sentido,
não era necessária a ajuda de padres. Segundo ele, em questões de fé,
não havia diferença entre padres e leigos. Todos podiam receber sua fé
diretamente de Deus. A postura de Lutero abre espaço para um modelo de
individualismo religioso que é uma das marcas da contemporaneidade.”
Fatos essenciais
“Em outono de 1517 um monge de nome Tetzel viajava pela área próxima de
Wittenberg, região de atuação de Lutero, vendendo indulgências. O
dinheiro obtido destinava-se em parte à reconstrução da basílica de São
Pedro, em Roma, e o restante ao pagamento de dívidas contraídas pelo
arcebispo local na compra de seu cargo com o papa. "
"Embora desconhecesse a segunda finalidade, Lutero irritou-se com as
maneiras grosseiras de Tetzel e lançou um ataque à venda de
indulgências, quando teria afixado à porta do castelo de Wittenberg suas
95 teses. A seguir, no dia 31 de outubro de 1517, enviou as Teses em
uma carta a Alberto de Mainz, o Arcebispo de Mainz. A data passou a ser
considerada o início da Reforma Protestante. "
No documento, Lutero questionava a ideia da venda de indulgências por
implicar uma prática corrupta e também por considerá-la frágil do ponto
de vista teológico. Como a salvação poderia ser conseguida por meio de
boas ações? No centro da argumentação de Lutero estava a convicção de
que o homem alcançaria a salvação pela sua fé pessoal, marca de um senso
de individualismo que se fazia presente na Europa naquele momento.
Afirmava que o comparecimento à igreja, o jejum, as peregrinações e a
boas obras não assegurariam a salvação. As boas obras não seriam a causa
da salvação, mas apenas seu resultado.”
Fonte: G1