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sexta-feira, 6 de abril de 2018

Entrevista com Mateus Santana (P3) - Embates: Direita X Esquerda - Cê Viu?


A terceira parte da entrevista com Mateus Santana (cientista social) já está disponível. A estreia do canal "Cê Viu?" apresentou aos espectadores pontos importantes relacionados ao meio político, que foram desde o Evangelicalismo e suas influências na esfera política, o caso Marielle Franco e seu elo com o feminismo, e agora para o ultimo vídeo da série de abertura do canal, o assunto tratado é os embates entre Direita e Esquerda, uma questão delicada que permeia pelo processo histórico social, mas, que é bem elucidada por Mateus Santana, durante suas pontuações.

Assista o vídeo

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Igreja usa o dízimo para quitar dívidas de 48 famílias de sua congregação

A Igreja “Worship Center Christian Church”, que fica no estado do Alabama – EUA, usou seus recursos financeiros para quitar dívidas de 48 famílias de sua congregação. Cerca de 41 mil dólares foram usados de forma generosa para que estas famílias possam ter um novo começo, longe das dívidas.

O dinheiro doado foi o mesmo dinheiro que a instituição recebeu de doações de seus fiéis e a ideia foi do pastor presidente, Vanable H. Moddy, que afirmou que através deste ato pretende ser as “mãos e os pés de Jesus”, para aqueles que enfrentam adversidades: “Nós sentimos o chamado para erradicar essas dívidas, porque queremos dar às pessoas um novo começo e ajudá-las a sair deste buraco”.

A Igreja já trabalha há algum tempo ajudando os mais necessitados, realizando trabalhos para pessoas desabrigadas, visitando prisões na região e distribuindo alimentos. O pastor, que costuma dar alguns sermões relacionados à gestão financeira, explica o porquê considera sua atitude importante: “Tivemos uma série de mensagens que ensina sobre as finanças, e uma das mensagens direcionadas foi sobre a importância de viver livre de dívidas. Nesta mensagem, tratei com a dor que a dívida realmente provoca nas pessoas e prejudica a qualidade de vida de diferentes maneiras”.

As famílias ajudadas pela Igreja também receberam aulas sobre gestão financeira e a partir de agora poderão viver com a paz de quem não tem nenhuma dívida para quitar. Vanable disse que começou a prestar atenção e viu que muitas famílias no estado do Alabama estão com problemas financeiros, então além de sua igreja oferecer aulas, ele achou que poderia fazer algo a mais, os ajudando a “sair do buraco”: “Nós sentimos o chamado para erradicar essas dívidas, porque queremos dar as pessoas um novo começo e ajuda-las a sair deste buraco”.

Recentemente, o Alabama aprovou uma lei que permite que os credores possam quitar suas dívidas nos bancos, com taxas mais baixas. É importante salientar que o pastor não estava em busca de uma solução de curto prazo, pois foi à procura das famílias que estavam endividadas há bastante tempo e entendeu que elas precisavam de conselhos e aulas de educação financeira. Após quitarem suas dívidas, essas pessoas participaram de workshops de finanças, para que de fato, possam nunca mais contrair dívidas e passar os ensinamentos aos seus filhos.

No Brasil, um pastor evangélico resolveu investir o dinheiro dos dízimos e ofertas de uma maneira totalmente diferente, com ajuda dos fiéis ele construiu dezenas de casas populares para famílias carentes
.
Com informações de AOL
Foto: divulgação Worship Center Christian Church

Governo chinês proíbe venda de Bíblias em lojas online para tentar barrar avanço do cristianismo

Pelas redes sociais, cristãos relatam que não estão conseguindo comprar bíblias pela internet.

Depois de anunciar oficialmente seu apoio à liberdade religiosa, a China impediu que a Bíblia Sagrada fosse vendida nas livrarias online e nas grandes lojas de livros do país.
A remoção da Bíblia nas livrarias acontece em meio a tensões entre China e Roma. O motivo é por causa de um acordo que daria ao Vaticano mais controle sobre a nomeação de bispos chineses.
As principais plataformas de e-commerce chinesas como Alibaba’s Taobao, JD.com e Amazon não vendem mais Bíblias. O mesmo acontece nas maiores livrarias de Pequim, de acordo com funcionários.

Os cristãos estão usando as redes sociais para relatar que não estão conseguindo comprar Bíblias pela internet. Uma das maiores livrarias do país, a Xinhua, não tem Bíblias disponíveis para venda.
Segundo o jornal chinês Global Times, os reguladores do governo conversaram com a JD.com sobre a venda de produtos ilegais, publicações e outros materiais impressos online. A empresa “não conseguiu regulamentar os produtos e causou um impacto social negativo”, disseram os reguladores.
Com informações do The Telegraph

 

Maioria do Supremo nega habeas corpus a Lula

Em sessão que durou mais de 10 horas, a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votou contrariamente ao habeas corpus ao ex-presidente Lula e concluiu o julgamento na madrugada desta quinta-feira. O entendimento que prevaleceu é de que não fica ferida a presunção de inocência ao se prender em segunda instância, como já havia se posicionado o plenário sobre a questão em 17 de fevereiro de 2017. O placar final foi de 6x5 negando o hc.
A defesa recorreu ao Supremo para que o petista seja mantido em liberdade até que sejam esgotados todos os recursos, inclusive na terceira instância, sobre pena de 12 anos e um mês, relacionada à condenação de lavagem de dinheiro e corrupção passiva pelo apartamento triplex, no Guarujá.

Considerado o voto definidor da sentença, o posicionamento da ministra Rosa Weber afirmou, ao argumentar, que mesmo não concordando com a prisão em segunda instância, como tem se posicionado em diversos julgamentos na Turma, ela, no plenário acompanharia o entendimento formado pela maioria da corte.

Segundo Rosa, "nessa linha de raciocínio, e sendo prevalecente nesse STF o entendimento de que a execução provisória 'de acórdão penal condenatório proferido em julgamento de apelação ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário não compromete o princípio constitucional da presunção de inocência' que foram reiterados por decisões da Corte em fevereiro, outubro e novembro de 2016, 'quando reafirmada a jurisprudência dominante', não há como 'reputar ilegal' a decisão do Superior Tribunal de Justiça contra a qual Lula se insurge."

Primeiro a votar, o ministro Edson Fachin, relator do caso, afirmou não verificar "ilegalidade, abusividade ou teratologia no ato apontado". Fachin citou pareceres que defendem estabilidade de jurisprudência nos tribunais e votos dos ministros do STJ sobre o habeas corpus de Lula e relembrou aos colegas que os votos seguiram a jurisprudência do STF que permite prisão em segundo grau.

Rejeitaram o pedido da defesa de Lula os ministros Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux e Cármen Lúcia.

Abriram divergência em relação ao voto do relator, os ministros Gilmar Mendes, Dias Tóffoli, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio Mello e Celso de Mello.  

Como votaram os ministros:


Edson Fachin:

"Trata-se de uma análise de um ato concreto apontado como coautor e tido como configurador de ilegalidade ou abuso de poder. Por isso, é tema circunscrito e entendo de menor amplitude em relação às ações objetivas ADCs 43 e 44. Não há hipótese de implementar nesse HC uma revisita ao tema subjacente. O objeto desse HC se coaduna em meu modo de ver com a destinação constitucional desse remédio em apreço nos termos do artigo 5º inciso 68", afirmou.

Gilmar Mendes:

"Não é porque agora tem amigos dele que estão sendo atingidos. Coisa nenhuma! Não opero com esses critérios. Não existe isso. Demagogia barata, populismo vulgar. Todos sabem dessa minha capacidade de enfrentamento. De mudar de posição de maneira clara. De dizer nos olhos por que estou mudando. Aqui é notório que era preciso fazer uma revisão, porque estamos cometendo injustiças aos borbotões e estamos fortalecendo um estamento que não há mais contraste", afirmou.

Alexandre de Moraes:

"Me parece que não há nenhuma ilegalidade ou abuso de poder que permitiria a concessão do habeas corpus. A decisão do STJ ao aplicar decisão do STF agiu com total acerto. A presunção de inocência, que é relativa, não só no Brasil, mas em todo o ordenamento jurídico democrático, exige o mínimo necessário de provas. O princípio de presunção de inocência não pode ser interpretado de maneira absolutamente isolada, absolutamente prioritária em relação a outros princípios constitucionais.

Roberto Barroso:

"É ilógico moldar o sistema em função da exceção. Nós iremos frustrar a sociedade brasileira caso mudemos a nossa interpretação. Esse não é o país que eu gostaria de deixar para os meus filhos, o paraíso de homicidas, estupradores e corruptos (…) É preciso saber se essa decisão contém ilegalidade ou abuso de poder, pois esses são os argumentos que justificam o habeas corpus. Não, cumprir decisão do STF não é ilegalidade e menos ainda abuso de poder."

Rosa Weber:

"Nessa linha de raciocínio e sendo prevalecente o entendimento de que a execução provisória, ainda que sujeita a recursos, não compromete o princípio constitucional de presunção de inocência, não tenho como reputar ilegal, abusivo ou teratológico, o acórdão da 5ª Turma do STJ que rejeitou a ordem de habeas corpus independentemente da minha posição pessoal, e ressalvado a posição a respeito, ainda que, repito, o plenário seja o locus apropriado para revisitar tais temas."

Luiz Fux:

"Um ano e meio depois da jurisprudência firmada no Plenário, numa discussão que levou horas e horas, pretende-se mudar a jurisprudência que seria atentatória aos ditames da Constituição? E efetivamente não o é, não viola a Carta"

Dias Tóffoli:

“Não há petrificação da jurisprudência. Entendo por possibilidade de reabrir o embrulho e enfrentar a questão de fundo”, disse, em referência ao entendimento atual da Corte, estabelecido em 2016, que é favorável à execução da pena após condenação em segunda

Ricardo Lewandowski:

"Hoje é um dia paradigmático para a história desta Suprema Corte. A avaliação deste dia eu deixarei para os especialistas, para os historiadores. Mas é um dia em que esta Suprema Corte colocou o sagrado direito à liberdade em um patamar inferior ao direito da propriedade"

Marco Aurélio Mello:

"Longe de mim o populismo judicial, que entendo superpernicioso. Longe de mim a postura politicamente correta, a hipocrisia. (…) "E o que temos em termos de preceitos de envergadura maior? Que ninguém será considerado culpado ate o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Não se trata de uma jabuticaba, como muitos dizem nesse tribunal"

Celso de Mello:

"Há movimentos parecem prenunciar a retomada de todo inadmissível de práticas estranhas e lesivas à ortodoxia constitucional, típicas de um pretorianismo que cumpre repelir (…) Os poderes do estado são essencialmente definidos e limitados pela própria carta política". informações com em.com.br

terça-feira, 3 de abril de 2018

Case Wanderlino Nogueira Neto será implantada em Vitória da Conquista

O secretário de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social – SJDHDS, Carlos Martins, e a diretora geral da Fundação da Criança e do Adolescente, Regina Affonso, assinaram na tarde desta segunda-feira (02), em Salvador, a ordem de serviço para elaboração e apresentação dos projetos básico e executivo da Case – Comunidade de Atendimento Socioeducativo Wanderlino Nogueira Neto, no município de Vitória da Conquista. A unidade será a primeira do Brasil construída pelo RDC – Regime Diferenciado de Contratação.

A obra terá um investimento de R$ 22 milhões, fruto de convênio entre os Governos Estadual e Federal, e atende às orientações do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), que organiza e executa as medidas socioeducativas aplicadas a adolescentes que cometem atos infracionais.  A unidade terá 90 vagas masculinas para aplicação de Medida Socioeducativa de Internação e Internação Provisória, e atenderá adolescentes da região Sudoeste, Sul e Baixo Sul do estado.

Para o secretário Carlos Martins, a construção da unidade demonstra o forte compromisso social do Governo do Estado com as crianças e adolescentes. “A construção desta unidade em Vitória da Conquista é uma conquista fruto de muitas lutas, e acontece num momento histórico extremamente importante para aqueles que atuam todos os dias em defesa de um sistema mais humanitário e com respeitos aos direitos das nossas crianças e adolescentes”, afirmou.
De acordo com Regina Affonso,  projeto arquitetônico da nova Case atende às exigências do Sinase e vai ofertar um atendimento mais humanizado e respeitoso para os adolescentes que cometeram atos infracionais, com estímulo a ações pedagógicas que integrem a arte educação, profissionalização, a escolarização formal educandos  para que eles possam ressignificar suas histórias e construírem um novo projeto de vida”.

O secretário Carlos Martins registrou ainda a contribuição dos deputados federais Jorge Solla (presente na assinatura desta segunda-feira), Nelson Pelegrino, Antônio Brito, Waldenor Pereira, Luiz Caetano e Daniel Almeida, que alocaram recursos de emendas para as obras. Os deputados estaduais Zé Raimundo e Fabrício Falcão também estiveram presentes, bem como o diretor de Edificações da Conder, Anxieta Moita, e o diretor do consórcio vencedor da licitação, Mauro Prates. O consórcio Sudoeste, que foi o vencedor do processo licitatório, será o responsável pela construção da unidade.
Homenagem – A escolha do nome da Case de Vitória da Conquista é uma homenagem ao jurista baiano Wanderlino Nogueira Neto, que faleceu em fevereiro deste ano. Conhecido internacionalmente como defensor dos direitos das crianças e adolescentes, Wanderlino Nogueira Neto chefiou o Ministério Público do Estado da Bahia de 1987 a 1989, tendo sido o primeiro promotor a ocupar o cargo de procurador-geral de Justiça. O jurista tornou – se referência na luta pelos direitos infanto juvenil, como consultor especial para os escritórios do representante do Unicef no Brasil, Cabo Verde, Angola e Paraguai.

Em 2011, recebeu da presidente Dilma Rousseff o maior reconhecimento do governo brasileiro sobre direitos humanos: o Prêmio Direitos Humanos, na categoria Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente.

 Fonte: Fundac.ba.gov.b


Entrevista com Mateus Santana (P2) - Marielle Franco e o Feminismo - Cê Viu?

A segunda parte da entrevista com Mateus Santana, já está disponível no canal "Cê Viu?" na plataforma do YouTube. O primeiro vídeo gerou bastantes comentários tendo boa aceitação dos internautas que esperavam ansiosos pela continuação.

Nesse segundo momento, assuntos relacionados a Marielle Franco, e sua representatividade para o feminismo (essencialmente para o movimento da esquerda) foram pontos discutidos durante a entrevista.

As possíveis causas que culminaram na morte de Marielle Franco, e a sua repercussão, também foram desencadeados durante o dialogo. Acompanhe na integra como foi a segunda parte da entrevista com Mateus Santana.

Assista o vídeo

segunda-feira, 2 de abril de 2018

O julgamento que tirou Bolsonaro do anonimato

Áudios inéditos do Superior Tribunal Militar (STM), solicitados pelo Estado, mostram a íntegra de um julgamento de trinta anos atrás: o do então capitão do Exército Jair Messias Bolsonaro, à época com 33 anos, hoje com 63 e bem cotado presidenciável da extrema-direita. Entre 1987 e 1988, Bolsonaro foi julgado duas vezes, por diferentes Conselhos de Justificação, sob a acusação de “ter tido conduta irregular e praticado atos que afetam a honra pessoal, o pundonor militar e o decoro da classe”. Na primeira instância, em janeiro de 1988, foi considerado culpado pela unanimidade dos três julgadores, todos oficiais militares. Na última – o STM, em sessão secreta de 16 de junho de 1988, integralmente gravada - Bolsonaro foi considerado não-culpado por a 9 a 4 (ouça os áudios no final da reportagem). 

Bolsonaro e aliados de Lula trocam acusações durante atos em Curitiba
 
O julgamento do STM foi a última etapa do longo e momentoso caso de rebeldia militar ocorrido durante a presidência de José Sarney – a primeira depois da ditadura – e o desenrolar do segundo ano da Constituinte. O maior derrotado pela absolvição do capitão Bolsonaro foi o general Leônidas Pires Gonçalves, ministro do Exército de Sarney, que avalizara publicamente a decisão da primeira instância, reformada pelo tribunal superior.
São 37 áudios nítidos, uns longos, outros mais curtos. Jogam luz numa história que vai sendo esquecida, tem sido mal contada, e que esclarece uma parte importante na trajetória do polêmico personagem. Foi com esse episódio, cheio de vais e vens, que Bolsonaro saiu do anonimato, virou político e agora se lança à presidência da República. 

Um bom começo é vê-lo, ali pelo final de agosto de 1986, caminhando à paisana em direção à sucursal da revista Veja, no Rio de Janeiro. Levava na bolsa a farda de capitão – e com ela foi fotografado na redação. A foto e o artigo “O salário está baixo” – um petardo inusual contra a autoridade militar e o governo Sarney – foram publicadas na seção “Ponto de vista”, última página de Veja de 3 de setembro de 1986.
Fruto de uma demorada negociação, obtida por iniciativa de Veja, mas francamente colaborativa por parte do capitão, o artigo precisou de mais de uma ida à redação, e de adaptações compatíveis com o estilo da seção. Não era sempre que um oficial do Exército dava a cara pra bater, com nome, sobrenome, clareza, radicalidade e contundência. O pé do artigo – disponível na internet - informava que seu autor era “capitão do 8º Grupo de Artilharia de Campanha, paraquedista, 31 anos, casado e pai de três filhos”.
Foi levado à prisão disciplinar, por quinze dias, a partir de 1º de setembro, determinada em boletim interno pelo comandante da Brigada de Paraquedistas, coronel Ary Schittiny Mesquita. Entre as razões da “transgressão grave” estava “a de ter elaborado e feito publicar em revista semanal de tiragem nacional, sem conhecimento e autorização de seus superiores, artigo em que tece comentários sobre a política de remuneração do pessoal civil e militar da União”. E, também, “a de ter ferido a ética gerando clima de inquietação no âmbito da Organização Militar”.
O rebelde da ocasião ganhou admirações nos quartéis, espaço na mídia, e simpatia da oposição, inclusive à esquerda. Cumprida a prisão, seguiu a carreira no 8º GAC de Paraquedistas. Continuou a receber elogios por desempenho – uma marca de sua trajetória desde que entrou no Exército, como registram os assentamentos militares que constam dos autos do processo guardados no STM, assim como os áudios.
São três volumes, com 1.535 páginas, que o Estado consultou com atenção. É no primeiro deles que consta o que aconteceu em fevereiro de 1987, seis meses depois da prisão: ao sair dos paraquedistas para a Escola Superior de Aperfeiçoamento de Oficiais (ESAO) Bolsonaro recebeu elogios formais por “autoconfiança, combatividade, coragem, idealismo, indivíduo de ideias e de juízo, iniciativa e vigor físico”. 
  
Arma é garantia de nossa liberdade', defende Bolsonaro em Curitiba
 
“Pôr bomba nos quartéis, um plano na ESAO”, publicou a revista Veja na edição de 25 de outubro daquele 1987, terceiro ano do governo Sarney. A reportagem informava que Bolsonaro e seu colega da ESAO, Fábio Passos, prepararam um plano, “Beco sem saída”, para explodir bombas em unidades militares do Rio. Tarde da noite da sexta-feira em que Veja saía, os dois oficiais foram chamados ao comando da ESAO, e escreveram, de próprio punho, textos em que negavam a autoria do “Beco sem saída” e contatos com a revista. Bolsonaro considerou o publicado como “uma fantasia”.
Na edição seguinte, de 1º de novembro, Veja publicou “De próprio punho” – reafirmando a reportagem anterior e reproduzindo o que seria um fac-simile de dois croquis, supostamente desenhados por Bolsonaro, indicando locais em que as bombas seriam detonadas. Inquirido e reinquerido em sindicância da ESAO, Bolsonaro nega. Na questão mais delicada – a autoria dos croquis - dois exames grafotécnicos, um da Polícia Federal, outro do Exército, consideraram impossível determinar. 

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Em 13 de novembro, o caso foi levado para um Conselho de Justificação. Nomeado pelo ministro do Exército, Leônidas Pires Gonçalves, o conselho se instala em 8 de dezembro. É composto pelo coronel Marcos Bechara Couto, presidente, e pelos tenentes-coronéis Nilton Correa Lampert, interrogante e relator, e Carlos José do Couto Barroso, escrivão. É quando se formaliza a acusação de “conduta irregular, ter praticado atos que afetam a honra pessoal, o pundonor militar e o decoro da classe”.
O conselho ouviu Bolsonaro meia dúzia de vezes, além de seus advogados. A negativa foi mantida. Ouviu, ainda, jornalistas e editores da revista Veja, oficiais do Exército vizinhos de Bolsonaro, as esposas de alguns deles, incluindo Rogéria Nantes, mulher do capitão, que recusou-se a falar. Ouviu também generais indicados pela defesa – entre eles o general Newton Cruz, linha dura que Bolsonaro admirava superlativamente.
Um novo laudo da Polícia Federal cravou a culpa do acusado: “Não restam dúvidas ao ser afirmado que os manuscritos “promanaram do punho gráfico do capitão Jair Messias Bolsonaro”. Logo depois, a pedido do conselho, um quarto exame grafotécnico dos peritos do Exército que fizeram o primeiro laudo não acusatório, acrescentou um “complemento” contrário, afirmando que os caracteres “promanaram de um mesmo punho gráfico”.  Quatro exames grafotécnicos, portanto, empatando em 2 a 2. 
Em 25 de janeiro, Bolsonaro foi condenado pela unanimidade do conselho com um libelo duro em que se registra “desvio grave de personalidade e uma deformação profissional”, “falta de coragem moral para sair do Exército” e “ter mentido ao longo de todo o processo” ao negar contatos frequentes com a revista Veja.
Em fevereiro de 88, um despacho do ministro do Exército concorda com o parecer do conselho – e ao mesmo tempo encaminha os autos do processo para o Superior Tribunal Militar. É o Conselho de Justificação 129-9 – relatado pelo general Sérgio de Ary Pires, tendo por revisor o jurista e ex-deputado federal Aldo da Silva Fagundes.
Treze ministros participaram da sessão secreta de julgamento de quatro meses depois, em 16 de junho de 88. Bolsonaro em princípio não aceitou advogado – ele próprio fez sua defesa escrita -, mas, no julgamento, foi defendido pela advogada Elizabeth Diniz Martins Souto, que segue atuando em Brasília.
A sessão começa com o relatório do general Sérgio Pires, que lê o libelo acusatório do primeiro Conselho de Justificação. Passa muito tempo às voltas com uma questão de ordem sobre se o representante do Ministério Público Militar poderia ou não poderia falar – acabou não falando. Depois de um intervalo, já pelo meio da tarde, falou a defesa. “Este processo constitui uma aberração jurídica terrível”, diz a dra. Martins Souto no áudio 16, com 32 minutos. A posição do Ministério Público Militar, lida pelo relator, diz que os autos colocam Bolsonaro “na inconfortável posição de incompatibilidade para o oficialato”.
“Não culpado”, vota o relator, general Sérgio Pires. Argumenta, no essencial, 1) que o capitão já pagou a pena pelo artigo na revista Veja – os quinze dias de prisão; 2) carência de prova testemunhal e 3) “profundas contradições existentes nos quatro exames grafotécnicos, dos quais dois não apontam a autoria dos croquis” e dois apontam, o que chama o princípio in dúbio pro réu
Oito ministros seguiram o relator: Ruy de Lima Pessoa, Antônio Carlos de Seixas Telles, Roberto Andersen Cavalcanti, Paulo Cesar Cataldo, Raphael de Azevedo Branco, Alzir Benjamin Chaloub, George Belham da Mota e Aldo Fagundes, o revisor. Quatro votaram pela culpa e pela reforma do capitão: Antônio Geraldo Peixoto, José Luiz Clerot, José Luiz Leal Ferreira e Haroldo Erichsen da Fonseca. Aldo Fagundes, pelos primeiros, entendeu que Bolsonaro se deixara levar pela vaidade – “essa caminhada do anonimato à notoriedade é muito difícil” – e que isso era “muito pouco” para afastá-lo do Exército. José Luiz Clerot, pelos últimos, considerou que o que estava em jogo era “a mentira do capitão Bolsonaro”, a quem atribuiu a autoria dos croquis, “o que o leva às profundezas do inferno de Dante”.
Já era perto de onze da noite quando o julgamento terminou. O presidente mandou entrar a imprensa, e anunciou: “Estando em sessão pública, vou declarar o resultado dessa sessão secreta: por maioria de votos o capitão Bolsonaro foi julgado não-culpado”.
Em dezembro de 1988, Bolsonaro foi para a reserva remunerada com a patente de capitão. Já era, desde novembro, vereador eleito do Rio de Janeiro pelo Partido Democrata Cristão. Bolsonaro não quis dar entrevista. 

Fonte: Estadão