O meio cristão protestante vem assistindo a um aumento considerável
do número de sacerdotes mulheres nas últimas décadas. A constatação,
feita através de um estudo, mostra que a falta de consenso sobre a
nomeação feminina ao pastorado não tem impedido que muitas denominações
ordenem mulheres ao ministério.
O estudo em questão foi desenvolvido nos Estados Unidos pela Dra.
Eileen Campbell-Reed, teóloga que leciona no Seminário Teológico Batista
Central do Kansas. A ideia da pesquisadora é que o “Estado das Mulheres
Pastoras nos EUA: Uma Atualização Estatística” preencha uma lacuna de
dados a respeito da atuação pastoral feminina dos últimos 20 anos.
Segundo informações do portal RNS,
Eileen contou com a ajuda de três assistentes de pós-graduação na
equipe que conduziu o estudo, realizado através do contato com
escritórios das igrejas, pesquisa de dados online e consulta a dados da
Associação de Escolas Teológicas nos EUA e no Canadá.
Dessa forma, a equipe de pesquisa montou um cenário “instantâneo” dos
grupos demográficos de gênero do clero atual. “Eu sabia que esperar por
outro grande estudo poderia levar mais de 20 anos, e eu queria entender
o panorama do progresso das mulheres na liderança da igreja agora”,
disse Eileen Campbell-Reed em um comunicado.
Na década de 1960, o sociólogo Wilbur Bock usou dados do censo para
sugerir que as mulheres compreendiam apenas 2,3% do clero nos EUA.
Segundo a coordenadora do estudo atual, a ordenação de mulheres
“explodiu” na década de 1970 e continuou a crescer nas quatro décadas
seguintes. A partir de 2017 as mulheres já somam cerca de 20,7% do corpo
de sacerdotes nos Estados Unidos, com resultados variando dependendo da
denominação ou tradição religiosa.
O estudo aponta em seu relatório que na maioria das denominações principais, o percentual de pastoras
duplicou ou triplicou desde 1994. Ao combinar os totais das Igrejas
Batistas Americanas, Discípulos de Cristo, a Igreja Evangélica Luterana
na América, a Igreja Episcopal, a Igreja Unida de Cristo e denominações
Metodistas Unidas, os dados mostram que as mulheres formam cerca de 32%
do clero dessas denominações em 2017.
Em comparação, as mulheres representavam apenas 15% do corpo
sacerdotal dessas denominações em 1994 e 2,8% do clero nessas
denominações em 1977.
“Em 2017, a porcentagem média combinada de pastoras nas principais
denominações é de 27%, com base em nossos cálculos de relatórios
denominacionais”, afirma o relatório. “Estes dados contrastam com o
estudo divulgado pelo Barna Group em 2017, que estima que cerca de 9%
dos pastores nos EUA são mulheres. O estudo do Barna analisou todos os
pastores protestantes, e muitos grupos evangélicos e batistas ainda não
admitem mulheres ao pastorado em grande número”, ponderou a autora.
O estudo observa que, em 2018, as mulheres estão pastoreando igrejas
em quase todas as denominações, exceto duas das maiores denominações da
América: a Igreja Católica Apostólica Romana e a Convenção Batista do
Sul, essa segunda, considerada por muitos como a maior denominação
evangélica do mundo.
“Um número incontável de mulheres veio dessas tradições para se
tornarem líderes em outras denominações”, ressalta o estudo. “Em outros
casos, pequenas comunidades e grupos maiores se separaram da Convenção
Batista do Sul e da Igreja Católica Romana sobre várias questões
doutrinárias e práticas, incluindo a ordenação de mulheres. Nos grupos
dissidentes de batistas e realinhados grupos de católicos, mulheres se
tornam sacerdotes em número crescente”, acrescentou.
A progressista Aliança dos Batistas, que rompeu com a
tradicionalíssima Convenção Batista do Sul em 1987, tem mulheres
pastoreando 40% de suas congregações, de acordo com o estudo. Enquanto
isso, as mulheres pastoreiam menos de 7% das igrejas da Cooperativa
Batista Cooperativa.
A porcentagem de mulheres em outras igrejas também está crescendo. As
mulheres compreendiam cerca de 30% do clero nas igrejas menonitas,
enquanto também somam cerca de 25% dos sacerdotes em outras denominações
menores.
Sendo dependente de dados denominacionais, o relatório não toca na
porcentagem de clero feminino dentro das muitas igrejas evangélicas
independentes ou não-denominacionais da nação. Informações Gospel+
0 comentários:
Postar um comentário