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terça-feira, 20 de novembro de 2018

Pastor fala sobre a realidade dos negros no Brasil

Nesta terça-feira (20), data celebrada como o Dia da Consciência Negra, o Pleno.News conversou com o pastor Marco Davi Oliveira, da Nossa Igreja Brasileira, localizada no centro do Rio de Janeiro. Apesar de acreditar que a população negra conquistou muitos espaços, Marco Davi declara que os mesmos ainda são pequenos e há muito a se fazer.
 
O ano de 2018 foi de verdadeiros contrastes. Enquanto 11 brasileiros negros foram reconhecidos por uma grande premiação em Nova Iorque e tivemos ainda a nomeação do subtenente Hélio Fernando Barbosa Lopes como deputado federal mais votado do Rio de Janeiro, com 345.234 votos, também vimos recentemente um segurança negro ser morto por um policial nos Estados Unidos
 
Autor do livro A Religião mais Negra do Brasil: Por que os Negros fazem Opção pelo Pentecostalismo?, pastor Marco Davi Oliveira também avalia como a igreja tem se posicionado diante desses momentos e como ela enxerga a realidade da população negra no país.
Passados 130 anos desde a abolição da escravatura, o que ainda há para ser conquistado pela população negra no país e o que há a ser comemorado principalmente por esse Dia da Consciência Negra?
 
A população negra obviamente conquistou mais espaços, mas são bem pequenos diante de 400 anos de escravidão. A gente sabe que houve avanço, possibilidades de acesso à educação e a emprego. Houve um pouquinho de melhorias, mas a gente acha que precisa se conquistar muita coisa ainda. Infelizmente, a população negra é a que mais é assassinada e não está onde deveria estar. A gente está num período de muita decisão e preocupações. Tem muita coisa para conquistar na mídia, na política, tem muito o que conquistar na área de educação mesmo. Andamos um pouquinho, é óbvio, mas o racismo estrutural ainda está bem presente nesse país.

Sendo o Brasil um povo miscigenado, acredita que realmente conhecemos nosso próprio DNA?
O problema é quando a miscigenação escurece e a dificuldade para aqueles miscigenados de pele escura é muito maior. Eu não gosto da expressão miscigenação porque ela é fruto da legitimação de estupro de indígenas e de negras. Também tivemos um processo de ideologia de branqueamento no Brasil. Então, é uma miscigenação forçada, não genuína e não natural por isso não gosto muito dessa expressão e nós vemos tantas confusões na nossa própria história.

Em seu livro A Religião mais Negra do Brasil, você tenta explicar o porquê da maioria da população negra do Brasil optar pelo pentecostalismo. Como avalia esse fenômeno diferente do que acontece nas igrejas consideradas históricas?
 
São várias coisas que fazem os negros optarem pelo pentecostalismo. A própria liturgia no sentido da valorização do corpo, músicas mais fincadas talvez na própria cultura, embora os ritmos africanos sejam demonizados em algumas igrejas. Mas acho que a gente pode pensar no limite estabelecido dentro da própria igreja pentecostal. Embora rejeitem um pouco da africanidade, há muita africanidade mesmo não querendo na própria liturgia. Então, talvez isso chame muito mais atenção do que nas igrejas históricas, embora a Igreja Batista é a que mais se aproxima dos negros, mas ainda falta muito para caminhar

O racismo é um assunto que a igreja evangélica realmente se envolve ou ainda estamos encobertos por um véu da religiosidade e achamos que isso não é algo que acontece em nosso meio?
 
A Igreja ainda não se envolve a contento com a questão racial. É um tabu para a igreja, mas está acontecendo uma coisa interessante no movimento de algumas igrejas refletirem. A gente já percebe uma mudança muito grandes nesses quase 20 anos em que eu trabalho essa questão. Hoje a gente vê uma igreja querendo discutir mais sobre isso. Mesmo que seja discutir para fechar a questão, mas estamos vendo a igreja se preocupando com isso. A realidade do movimento negro evangélico, por exemplo, é fruto de que assunto está efervescente nas igrejas evangélicas, sobretudo nas pentecostais.

O quanto a cultura negra colaborou para o Evangelho e nossa arte?
 
Eu não posso dizer que a cultura negra contribuiu para o Evangelho. O Evangelho é ele em si mesmo e não tem contribuição. O Evangelho é o que Cristo fez por nós, não aquilo que fazemos por Ele. O que fazemos por Ele é consequência da nossa gratidão por tudo o que Ele já fez. Então, não há contribuição da cultura para o Evangelho. O Evangelho pode influenciar a cultura, trabalhar com a cultura ou contra ela, mas ela não contribuiu para o Evangelho especificamente. Muitos contribuíram para a arte desse país. Não sei se poderia citar muitos evangélicos, mas existe muita gente anônima contribuindo para a arte e para a cultura. Pessoas evangélicas estão fazendo coisas extraordinárias nesse país e nem vou denominá-las, mas vemos que estão contribuindo para a arte e para a cultura. Isso tudo faz parte da graça de Deus. Deus usa a todos para Sua honra e para a Sua glória mesmo que a pessoa não esteja em uma igreja evangélica. Informações pleno.news

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