Ídolo dos esportes e símbolo de persistência e foco, o ginasta Diego
Hypolito protagonizou manchetes em todo o país nesta quarta-feira (8),
agora como inspiração de coragem e autenticidade. Em entrevista especial
ao UOL, o atleta revelou ser homossexual e desabafou sobre como o
processo de descoberta e aceitação foi sempre coberto de incertezas,
medo e culpa. “Não escolhi ser gay, porque ser gay não é uma
escolha. É simplesmente o que eu sou, e isso não vai mudar os valores
que eu tenho!“, disse ele.
Apaixonado pela ginástica artística desde a infância, o medalhista de
prata na Rio-2016 contou que só foi entender e identificar sua
sexualidade aos 19 anos de idade, mas desde criança já enfrentava o
preconceito entre os colegas. “Por mais que todo mundo tenha a
impressão de que tem muito gay na ginástica, não tem. Todo mundo me
zoava, zombava do meu jeito. Eu tinha o sonho de conseguir uma medalha
olímpica e faria de tudo para chegar lá, até esconder quem eu era. Eu
tinha certeza que se um dia eu saísse do armário publicamente, perderia
patrocínios e minha carreira seria prejudicada“, contou.
“Fui criado na igreja, tenho uma tatuagem
de Jesus crucificado no braço, até hoje frequento cultos da Bola de
Neve todas as quintas-feiras. Eu tinha vergonha porque na minha cabeça
ser gay era ser um demônio, um ser amaldiçoado que vive em pecado”,
disse ele.
O atleta relembrou que, aos 10 anos de
idade, um treinador disse à sua mãe que ela precisava mudar sua educação
ou então ele se tornaria gay. “Ela veio falar comigo, preocupada. Eu era muito inocente, nem sabia o que era isso. Mas isso me marcou“,
desabafou. Inclusive, a revelação da sexualidade para a mãe aconteceu
só em 2014, enquanto ele se preparava para o Mundial da China. “Não
tinha coragem de falar por telefone, então, de novo, escrevi uma
mensagem. Disse que a amava muito, que esperava que isso não fosse mudar
a nossa relação, porque eu continuaria a amando da mesma maneira. Eu
era gay. E não um demônio“, revelou.
Criado em uma família evangélica, a família não recebeu bem a notícia,
com exceção de sua irmã, a ginasta Daniele Hypolito, que o apoiou
incondicionalmente. Diego chegou a se afastar de todos e faltar a um
Natal em casa. Hoje, após muita terapia e o próprio processo de
amadurecimento, o esportista se sente confortável para falar abertamente
sobre sua sexualidade. “Quero que as pessoas saibam que eu sou gay e
que eu não tenho vergonha disso. E não é porque eu sou que outras
pessoas vão querer ser. Isso não tem nada a ver. Já vivi muitos anos
pensando no julgamento que os outros fariam sobre mim. Hoje só aceito
ser julgado por Deus”, afirmou.jmnoticia
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