O presidente Jair Bolsonaro (PSL) anunciou na manhã desta sexta-feira, 14, que vai demitir o presidente dos Correios general Juarez Aparecido de Paula Cunha. Em
um café da manhã com jornalistas, o presidente da República afirmou que
Cunha “foi ao Congresso e agiu como sindicalista”, em referência à
participação do militar em uma audiência pública no dia 5 de junho, em
que fez críticas à privatização da estatal.
Segundo revelou o blog Radar,
em um debate realizado na Comissão de Legislação Participativa,
comandada por deputados petistas, o general fez um discurso que agradou a
plateia composta por sindicalistas e servidores da empresa. “É uma
empresa estratégica, autossustentável, insubstituível. Uma empresa
cidadã, orgulho do Brasil”, disse. No final, Cunha posou para uma foto com o grupo, e postou-se ao lado de deputados do PT e do PSOL.
A venda dos Correios foi anunciada pelo próprio Bolsonaro em entrevista exclusiva a VEJA, em sua edição 2637, ao ser indagado sobre o que o governo faria após a aprovação da reforma da Previdência. “Vamos
partir para a reforma tributária e para as privatizações. Já dei sinal
verde para privatizar os Correios. A orientação é que a gente explique
por que é necessário privatizar”, disse.
Reportagem publicada por VEJA
em sua edição mostra que, com operações ineficientes e deficitárias, a
estatal precisa ser vendida nos próximos cinco anos, ou já não terão
mais valor de mercado. Os cálculos preliminares feitos pela equipe do
governo mostram que o tempo de vida útil para concretizar a venda dos
Correios está em torno de cinco anos.
Desde o início de 2018, a principal fonte de receita da estatal deixou
de ser o monopólio postal — a entrega de cartas, largamente substituídas
por várias formas de mensagem eletrônica — e passou a ser a entrega de
encomendas, mudança impulsionada, sobretudo, pelo crescimento do
e-commerce. A questão é que a ineficiência da empresa na entrega final —
que no jargão da área é chamada de last mile delivery —
vem minando a participação dos Correios no setor. No prazo previsto
pelo governo, as transportadoras privadas ultrapassarão a estatal na
prestação do serviço. O ponto de virada inviabilizaria por completo a
sua venda. Veja
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