O site The Intercept, do jornalista Glenn Greenwald, divulgou na noite desta sexta-feira (14) a ‘Parte 6’ das mensagens trocadas entre o ex-juiz Sergio Moro e os procuradores responsáveis pela operação Lava Jato.
O lote inédito de diálogos deixa evidente que a
função de coordenador da operação estava realmente a cargo do atual
ministro da Justiça do governo Bolsonaro.
Sergio Moro chegou a pedir aos procuradores para
que eles divulgassem uma nota à imprensa para rebater o que ele chamou
de ‘showzinho’ da defesa do ex-presidente Lula.
Segundo a lei, o juiz não pode auxiliar ou
aconselhar nenhuma das partes do processo. Os diálogos revelados podem
levar à anulação de condenações proferidas por Moro, caso haja
entendimento que ele era suspeito.
A maioria dos diálogos do vazamento ocorreu entre
Moro e o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima no aplicativo de
mensagens Telegram.
Confira alguns trechos:
Santos Lima – 22:10 – Achei que
ficou muito bom. Ele começou polarizando conosco, o que me deixou
tranquilo. Ele cometeu muitas pequenas contradições e deixou de
responder muita coisa, o que não é bem compreendido pela população. Você
ter começado com o Triplex desmontou um pouco ele.
Moro – 22:11 – A comunicação é complicada pois a imprensa não é muito atenta a detalhes
Moro – 22:11 – E alguns esperam algo conclusivo
Um minuto depois da última mensagem, Moro mandou para o procurador Santos Lima:
Moro – 22:12 – Talvez vcs devessem
amanhã editar uma nota esclarecendo as contradições do depoimento com o
resto das provas ou com o depoimento anterior dele
Moro – 22:13 – Por que a Defesa já fez o showzinho dela.
Santos Lima – 22:13 – Podemos fazer. Vou conversar com o pessoal.
Santos Lima – 22:16 – Não estarei
aqui amanhã. Mas o mais importante foi frustrar a ideia de que
ele
conseguiria transformar tudo em uma perseguição sua.
Naquele dia, um vídeo com Lula tomava conta da
internet e dos telejornais. Depois de sair do prédio da Justiça Federal,
o ex-presidente se dirigiu à Praça Santos Andrade, em Curitiba, e fez
um pronunciamento diante de uma multidão. Por 11 minutos, Lula atacou a
Lava Jato, o Jornal Nacional e o então juiz Sergio Moro.
O ex-presidente disse que estava sendo “massacrado”
e encerrou com uma frase que entraria para sua história judicial: “Eu
estou vivo, e estou me preparando para voltar a ser candidato a
presidente desse país”. Era o lançamento informal de sua candidatura às
eleições de 2018.
Depois disso, como já se sabe a partir do que foi
revelado em mensagens anteriores, impedir a candidatura de Lula
tornou-se uma espécie de missão — bem sucedida — dos procuradores e de
Sergio Moro.
Um fato curioso: Este PRAGMATISMO POLÍTICO
noticiou, em 2016, que o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima,
protagonista deste novo lote de mensagens, disse que o “PT é o único
partido político que não impede investigações” É possível que esse episódio tenha sido repercutido de alguma maneira nos grupos internos dos membros do Ministério Público. pragmatismopolitico
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