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segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Sarah Farias revela: “Eu cheguei a desistir, não queria gravar mais”

A cantora Sarah Farias segue em alta no YouTube por causa do clipe de Coisas Maiores, lançado no dia 10. Em entrevista ao Pleno.News, ela revelou momentos marcantes nos bastidores da gravação.

Durante a conversa, também falou sobre sua trajetória, sobre quase desistir da música, família e depressão. Confira na íntegra abaixo.

Sarah, queria começar falando sobre seu recém-lançado clipe de Coisas Maiores. Apenas 24 horas depois, já havia ultrapassado 200 mil visualizações. Como é para você chegar no topo dos vídeos mais acessados do YouTube? Como essa repercussão bate na sua emoção?
 
A gente fica muito feliz. O Coisas Maiores já estava em alta apenas três horinhas depois que estreou, entre um dos mais assistidos no dia no YouTube, ocupando a nona posição. Até 24 horas depois ele ainda estava em alta, no 22º lugar. Então é muita emoção, Deus está superando as nossas expectativas.

Eu assisti o clipe e é muito lindo, aquelas pessoas atrás de você louvando junto como uma congregação. Quem são aquelas pessoas? Como foi a dinâmica da gravação com tanta gente?

Ali todo mundo é de Maceió. Eu sou alagoana. Assim que a gravadora ouviu a música já quis mandar direto para a produção. E o que a gente podia fazer para ser muito rápido era gravar em Maceió mesmo. Gravamos naquele galpão e até o dono, que não tem religião, é agnóstico, se arrepiava e chorava. Ele dizia: “eu não sei o que está acontecendo comigo”. Você falou que era como uma congregação e era culto mesmo. Tiveram momentos em que tivemos que parar a produção porque estava todo mundo chorando e não tinha como continuar a gravação. Então a gente parava, retocava a maquiagem e “vamos continuar”. De todos os clipes que nós fizemos, esse foi o que eu mais vi impactar as pessoas que estavam envolvidas trabalhando. No meio daquelas pessoas estão filhos espirituais, primos, filhos de minhas amigas, uma irmã minha e pessoas que fazem parte dos intercessores lá de Maceió. Fãs. A gente falou que precisava de uma quantidade de pessoas e o pessoal foi e se inscreveu.
E você falou do dono do galpão, né, que é agnóstico. Como foi a aproximação com ele e com o local?

Coincidiu que o dia da nossa gravação era um feriado em Maceió e nenhum funcionário estava lá. Então o próprio dono foi lá e ficou conversando com a gente. Ele nem é brasileiro, se não me engano é italiano, e ficava tentando arrumar palavras para explicar o que estava sentindo porque ele nunca havia se visto daquela forma. Eu tive uma ideia do possível impacto que a música teria na vida das pessoas.

Ele sabia que era a gravação de um clipe de música gospel?
 
Sim, ele sabia. Mas tentava arrumar palavras, ficava dizendo “que energia”, “o que é isso que estou sentindo?”, ficava tocando no braço e se arrepiando… Foi bem interessante.

Em vídeos na sua rede social, você mostra uma dessas cenas que falou em que as pessoas estão chorando, se abraçando e louvando. O que acontece com esse pessoal que está trabalhando, mas consegue se deixar levar pela emoção da música?
 
Nesse momento a gente estava em um intervalo e uma amiga me abraçou. Nisso ela colocou a mão no meu ventre e falava algumas palavras proféticas de que Deus estava me levantando como mãe espiritual de muitos jovens. E todo mundo começou a ser contagiado, porque ninguém esperava. Ela é mãe de duas adolescentes e uma delas me abraçou e me agradeceu por eu me deixar ser usada por Deus para criar essa música (Coisas Maiores). E isso já tem acontecido. O que eu mais tenho recebido são directs de jovens pedindo oração. E isso é maternidade espiritual.

Sobre outra música, Sobrevivi. Uma música muito forte e há uma história que eu queria relembrar. Uma menina de 10 anos chamada Mariany Oliveira Gomes que sofria de dengue hemorrágica e cantou sua música e o vídeo se espalhou nas redes sociais. Ela estava comemorando que tinha sido tratada. Como você se sente quando recebe esse tipo de história?
 
É uma conexão que só Deus pode fazer porque é feito com muita verdade. Quando eu escrevi a Sobrevivi eu estava com esse mesmo sentimento de sobreviver, de lutar, de não parar. Estava cheia de questionamentos e lembro claramente que, quando eu comecei a escrever a música, Deus falou comigo que melhor do que entender era sobreviver. Às vezes nós perdemos muito tempo tentando entender. E assim a gente entra numa depressão, numa síndrome do pânico, para de guerrear. Mas quando você foca em sobreviver, no final você entende. Por causa disso eu vejo que as pessoas sentem o mesmo impacto na vida delas. E quando eu ouvi aquele testemunho me emocionei. E pensei: “como é bom fazer algo verdadeiro”. Porque as pessoas sentem o que é verdadeiro e foi o que aconteceu com ela. Eu dou glória a Deus por isso.

Como é o seu processo de escrever as músicas? Por que elas são muito fortes mesmo e muito pessoais. 
 
No dia a dia vou vivendo. Sou muito observadora e vou vendo as pessoas, às vezes faço perguntas para ver se o que elas estão sentindo eu já senti. Eu converso muito. Nos eventos em que vou, sempre converso muito com as pessoas. E isso coincide com o que eu passo também. Quando não é assim é baseada em alguma oração, alguma palavra, reflexão bíblica que eu preguei na igreja. E também a pregação que eu escuto de outros pastores.

É tudo uma conexão, né? Voltando para Coisas Maiores, como foi fazer a gravação do vídeo com o áudio junto?
 
Isso é muito difícil. Inclusive eu fiquei muito nervosa porque, no mês que eu gravei, eu havia cantado 25 vezes. E preocupada com minha voz. Mas conseguimos fazer e captamos ao vivo (o áudio) para ter aquele clima de ministração e foi uma experiência extraordinária. Fiquei nervosa porque você fica preocupada com a qualidade da voz, mas deu certo, graças a Deus.

Você nasceu num lar evangélico e cresceu na igreja. Mas como foi sua iniciação na música gospel?
 
Eu canto desde os 5 anos na igreja. Em cantatas de Natal, coral de Natal. Naquela época nem se chamava “gospel”, que é uma junção de God (Deus) com spell (palavra) da música negra americana. Eram hinos. Com 11 anos eu entrei num grupo infantil que existia em Maceió, da tia Elielza, nós gravamos três discos vinil.

Disco de vinil é onde a música fica melhor…
 
É verdade. E depois disso foi quando eu lancei meu primeiro álbum solo (Dono do Tempo). Foi um pouco frustrante, mas eu precisava passar por aquela frustração. E depois que eu me frustrei naquele primeiro álbum eu fiquei num hiato de seis anos, quando eu desisti da música. Não queria gravar mais nada. Por fim, em 2007 eu lancei meu álbum De Joelhos, independente, e foi através dele que as portas começaram a se abrir. Em 2014 (sic) lancei Vivendo a Novidade e em 2015 nós lançamos a (música) Deixa Eu Te Usar, que já vai para quase 200 milhões de visualizações.

Quando foi que você percebeu que as músicas que você cantava e compunha podiam se tornar a sua carreira?
 
Não foi logo. Foi depois do álbum De Joelhos. Quando as agendas começaram, eu trabalhava. Eu sou publicitária e trabalhava com agência e não com produtora. Eu não conseguia mais conciliar as agendas para cantar com o meu trabalho, então teve uma hora em que eu tive que escolher. Comecei a ver que o meu futuro era ali. Me fazia muito feliz e estava dando para me sustentar. Já estava dando para pagar as contas.

E sua família sempre te incentivou nesse processo?
 
Minha mãe sempre me incentivou, meu pai não. Ele fez um curso de Engenharia Técnica por correspondência. A gente morava no interior de Alagoas. E ele tinha os empregos certos dele, trabalhou e usinas e se aposentou na Braskem, que é do grupo Odebrecht. Para ele, emprego é carteira assinada, estabilidade. Então sempre quis assim para mim: ou faz concurso ou trabalha em algo de carteira assinada que seja fixo. Ele nunca quis que eu viesse para a música. Mas minha mãe sempre foi mais emoção, o sonho dela era ser cantora e de uma certa forma ela se realizava em mim. Mas quando meu pai viu que eu estava bem encaminhada, hoje é um dos maiores apoiadores.

E vamos falar do seu marido. Como você conheceu o Davi (Marau)?

Conheci meu marido no Rio de Janeiro, ele é carioca. Eu vim cantar numa igreja em 2009 e meu esposo estava de férias. A igreja perguntou se ele poderia ajudar no translado, então ele foi quem ficou dirigindo para a gente, foi assim que a gente se conheceu. E eu digo para as pessoas que eu via ele dirigindo e pedia: “Jesus, mostra a mão esquerda naquele volante”. E quando eu olhei e não tinha nenhuma aliança, eu falei “o caminho está livre, glória a Deus” (risos). E aí a gente se apaixonou.

Foi amor à primeira vista?
 
Eu acho que sim. É que a gente tem um certo preconceito com o amor à primeira vista, mas a gente se conheceu e já se interessou um pelo outro. E ele fez uma pergunta para mim no dia em que eu fui embora, se ele tinha o perfil para ser o meu esposo. Bem objetivo. E hoje ele conta que esperava que eu fosse dizer para a gente orar três meses (risos), mas eu falei “tem sim” e já saí do Rio de Janeiro com tudo amarradinho. Com um ano e três meses nós casamos e temos uma filha de 5 anos. Estamos juntos há nove anos.
E como vocês três são como família?
 
Eu me mudei para São Paulo justamente por causa deles. Em morava em Maceió e a ponte aérea de lá é muito limitada. Então, dependendo do lugar em que eu fosse cantar, eu passava muitos dias fora de casa. Visando a família, eu me mudei para São Paulo. Faz dois anos que a nossa qualidade de vida familiar subiu muito, porque onde eu mais canto é em São Paulo. Nas agendas de São Paulo eles vão comigo. A gente conversa muito, os três. Os três falam muito (risos) e, por conta disso, a gente não tem segredos. Somos muito transparentes, inclusive com a Ana Vitória. E hoje eu não fico mais de três dias fora de casa, com algumas exceções.

E ela pede um irmãozinho?
Pede. Eu achava que ela não ia pedir, mas chegou a fase em que ela pede. Ela pede um irmão ou irmã, não diz se prefere menino ou menina, mas diz que quer. Mas eu digo “ai Jesus”, mas se for para ter, vamos lá.

Você falou um pouco sobre ser uma mãe espiritual de jovem. E, aproveitando que a gente está em setembro, na campanha Setembro Amarelo, eu queria que você comentasse o que acha sobre um grande problema entre os jovens que é a depressão. E ela pode chegar ao suicídio.
 
O jovem está sem três coisas. É uma crise de propósito, amor e verdade. Eu sempre converso com pessoas que tentaram suicídio ou com parentes que perderam alguém que se suicidou. A maioria já vem de uma depressão, mas também há uma quantidade muito significativa de pessoas que não estavam em depressão e se matam. Elas não suportaram alguma coisa ou perderam o prazer pela vida. 

Eu conversei com uma pessoa que atendeu uma criança de 6 anos que não queria viver. Ela dizia que não pediu para nascer e não queria estar vivo.

Quem pode ajudar?
 
O pai, a mãe, a igreja e a sociedade. Se essa pessoa tem um contato superficial com algum desses, ela está perdida. Porque você não vai encontrar verdade ou amor num relacionamento superficial e não vai encontrar propósito na superficialidade. E a internet, que é uma ferramenta tão boa, infelizmente, tem um pouco de responsabilidade nisso. Porque nas redes sociais nada é profundo. Porque não tem como ser profundo. Eu não tenho como me aprofundar sem tocar, sem sentir, sem passar tempo com aquela pessoa sem artifícios. Mas as pessoas dizem “mas ele tinha um mãe maravilhosa, um pai maravilhoso”. Você estava dentro da casa? Você viu como era?
E como ajudar?
 
É difícil ajudar uma pessoa que se fechou. Alguém que tomou a decisão do suicídio mesmo quer passar para todo mundo que ela está bem, porque não quer que ninguém interrompa o plano dela. O meu irmão foi convidado por um amigo para participar de um churrasco na cidade de Arapiraca, que tem um dos maiores índices de suicídio do Brasil. Esse rapaz convidou meu irmão, serviu para todo mundo o churrasco e no outro dia se matou. Essa pessoa estava decidida. Você tem que entender os primeiros sinais, pesquisar e encontrar uma forma de alcançar o coração daquela pessoa. Cada pessoa tem uma chavezinha diferente.

E a igreja?
 
Muitas pessoas ignoram, mas o caso de suicídio, muitas vezes, você só consegue vencer espiritualmente. Porque você vai precisar de algo mais poderoso do que a palavra, do que a interferência humana. Vai precisar de uma interferência espiritual. Não é chegar e gritar, não é repreender demônio, é fazer uma oração poderosa. A Bíblia diz em Tiago 5 que a oração de um justo libertará o doente. Se ele desistiu da vida, ele está com uma doença de propósito.

É um trabalho de formiguinha?
 
Um trabalhinho de formiguinha. Ir lá sempre e observar. E, para você que é mãe e pai, presta atenção no que eles falam sem abrir a boca. As pessoas dizem que criança não vem com bula. Manoel Carlos discorda dessa expressão, ele diz que vem sim, só que a gente não tem paciência de ler. É uma ação conjunta da família, da igreja e da sociedade. PN

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