A China não aprovou nenhum novo frigorífico brasileiro para exportação neste ano devido à epidemia de coronavírus
e todas as habilitações estão suspensas até um alívio na crise de saúde
pública, disse à Reuters o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Agricultura, Orlando Leite Ribeiro.
Importante destacar que os frigoríficos que estão autorizados pelos chineses continuam a vender normalmente para o país.
A paralisação ocorre mesmo após os governos do Brasil e da China terem
chegado a um acordo em janeiro sobre um novo sistema que visa acelerar
as aprovações.
Segundo Ribeiro, o ministério tentou entrar em contato com
representantes chineses no início deste ano sobre o início da
implantação do sistema, mas naquela época, com o coronavírus surgindo, a
Administração Geral das Alfândegas da China (GACC) não estava
funcionando normalmente.
E, agora que o Brasil foi atingido pela epidemia, muitos funcionários
públicos estão trabalhando em regime de "home office" para evitar a
disseminação do vírus, o que os impede de realizar as reuniões
necessárias para obter novas aprovações de plantas, disse ele.
Mas ainda assim há boa vontade de ambos os lados, acrescentou.
"O que está acontecendo é um descasamento temporário. A China foi
afetada primeiro pelo Covid-19 e agora, quando a China começou a voltar
ao normal, o Brasil foi afetado pelo coronavírus", disse Ribeiro em
entrevista por telefone na noite de segunda-feira (30).
Ribeiro ainda alertou que novas habilitações são pouco prováveis até que o surto no Brasil diminua, o que pode levar meses.
A China é o maior comprador de carne bovina, suína e de frango do Brasil.
Sem aglomerações
O novo sistema acordado com o Brasil em dezembro permite à China
realizar "inspeções virtuais" nas plantas do país, via link de vídeo
remoto, substituindo a necessidade anterior de visita presencial de uma
delegação chinesa às unidades industriais. Houve um primeiro teste em
setembro.
Mas o sistema ainda exige que muitas pessoas do lado brasileiro se
reúnam no ministério, incluindo representantes de vários departamentos e
tradutores. Equipe semelhante é necessária no lado chinês, além de uma
equipe no local da planta alvo de inspeção.
"Não podemos mobilizar uma equipe para fazer uma videoconferência ...
são muitas pessoas juntas em vários lugares, o que estamos evitando no
momento", disse Ribeiro.
Ele afirmou, no entanto, que é impossível saber qual será o impacto do coronavírus sobre o mercado global para a carne brasileira e se a China continuará comprando mais.
"Há uma mudança em todos os padrões de consumo. Então, na verdade, não posso dizer como será a demanda chinesa ou global por carne", disse Ribeiro.Expectativa frustrada, por enquanto
Havia expectativa de que as vendas de carne continuassem em constante ascensão devido à peste suína africana na Ásia, que dizimou a criação de porcos da China e a impulsionou a demanda por proteína suína e outras carnes no exterior, como substitutos.
Dezenas de frigoríficos aprovados no ano passado já obtiveram permissões para exportação e não têm sido afetados, disse Ribeiro. A China aprovou 25 novas plantas em setembro e mais 13 em novembro.
Além disso, outros mercados importadores implantaram medidas para preservar os embarques, como o Chile que prorrogou as habilitações que estavam em vencimento, disse a associação que representa os frigoríficos exportadores de carne de frango e porco (ABPA).G1
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