A Polícia Federal (PF) copiou mensagens extraídas do telefone celular do ex-ministro da Justiça Sergio Moro
durante o depoimento de mais de oito horas que ele prestou na
superintendência da corporação em Curitiba (PR). Dois peritos passaram o
dia de prontidão no prédio da PF no bairro Santa Cândida, enquanto o
ex-juiz da Lava Jato reafirmava as acusações de que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tentou interferir na corporação.
De
outro lado, pessoas presentes ao depoimento no sábado (2) já estudavam,
neste domingo (3), um dos próximos passos da investigação. Obter os
dados do telefone celular do deputada Carla Zambelli (PSL-SP) ou
conseguir um depoimento dela seria importante para dirimir a suspeita de
que o presidente participou da oferta de vaga no Supremo Tribunal
Federal (STF) horas antes de Moro pedir demissão do cargo, em 24 de abril.
Apesar de ter mensagens retiradas do telefone do ex-ministro, a PF
não fez ainda uma perícia no aparelho celular. Esse procedimento envolve
entregar o dispositivo eletrônico para uma cópia completa dos dados,
verificação de autenticidade e análise do conteúdo. Só depois são
produzidos os laudos, ou seja, relatórios sobre as informações
relevantes encontradas no aparelho e que servirão para a investigação,
que corre no Supremo Tribunal Federal (STF).
Conversa sobre STF segue como peça central
Um
dos episódios que chamou a atenção de pessoas presentes ao depoimento
ontem foi a oferta de vaga ao STF feita pela deputada Carla Zambelli ao
então ainda ministro Sergio Moro, possivelmente entre o dia 23 e 24 de
abril. Horas depois da proposta, o próprio presidente da República
mencionou o fato em um pronunciamento ao lado dela.
As imagens das
trocas de mensagens já tornadas públicas mostram uma conversa entre
Zambelli e Moro por volta das 18h, possivelmente ainda na quinta-feira
(23), quando já corriam rumores de que o ministro deixaria o governo
caso o então diretor da PF, Mauricio Valeixo, fosse demitido.
Apurar
essa linha de investigação é uma aposta "muito boa", avaliou hoje uma
fonte ligada ao caso. Seria preciso tomar o depoimento da deputada e,
quem sabe, periciar seu celular. Isso poderia mostrar se, enquanto Carla
Zambelli tratava com Moro, também discutia a oferta com o presidente
Jair Bolsonaro, avalia essa fonte.
Oitiva foi "tranquila", avaliou ex-ministro
Neste domingo,
Moro e seus advogados não quiseram comentar o depoimento. No entanto,
ele disse a interlocutores que foi uma oitiva "tranquila", apesar de
longa, tratando de vários episódios durante o governo Bolsonaro, segundo
noticiou a revista Veja.
A Polícia Federal não prestou esclarecimentos. O Palácio do Planalto disse ao UOL que
não comentaria o depoimento e a oferta de vaga no Supremo. A deputada
Carla Zambelli não retornou os contatos feitos por telefone.
Ex-juiz reafirmou acusações contra Bolsonaro
Moro prestou depoimento no sábado a partir do início da tarde. Só deixou a Superintendência da PF em Curitiba no início da madrugada de hoje.
Houve duas interrupções, para tomar café e jantar pizzas.
Três
procuradores indicados pelo procurador-geral da República, Augusto
Aras, tomaram o depoimento junto com a chefe do Serviço de Inquéritos do
PF em Brasília (Sinq), a delegada Christiane Corrêa. O diretor de
Combate ao Crime Organizado da polícia, Igor Romário, acompanhou tudo,
assim como outro delegado.
Moro estava acompanhado de quatro advogados, um deles o chefe da equipe, o criminalista Rodrigo Sánchez Rios. UOL
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