O senador Flávio Bolsonaro vai recorrer da decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro de manter a investigação do Ministério Público em torno de seu ex-assessor Fabrício Queiroz. Ele foi lotado no gabinete na época em que Flávio era deputado da Assembleia Legislativa do RJ.
O filho do presidente da República entende que houve vazamento de
informações sigilosas e de maneira ilegal por parte do MP no âmbito das
investigações. Flávio argumentou ainda que seu sigilo bancário foi
quebrado pelo MP sem autorização judicial.
Fabrício Queiroz é acusado de ter feito movimentações atípicas de
mais de R$ 1 milhão em suas contas em um intervalo de um ano. Em um mês
foram feitos quase 50 depósitos em espécie na conta do senador Flávio
Bolsonaro.
A suspeita do MP-RJ, com base em relatos extraoficiais, era da
prática de velho costume do Legislativo do Estado: assessores lotados em
gabinetes eram obrigados a pagar uma taxa mensal em cima do salário, e o
dinheiro, em alguns casos, é direcionado ao deputado ou a um vereador. JP
David Salomão desdenha do PSL e expõe candidaturas fantasmas do partido pelo Brasil. Ao usar a tribuna da câmera de vereadores de Vitória da Conquista, o vereador afirma ter denunciado a deputada Dayane Pimentel, da qual chama de "PAQUITA DE BOLSONARO", por ter usado R$ 483.400 reais do DINHEIRO PÚBLICO em sua campanha
eleitoral. Ainda, em sua fala, disse que a deputada lançou CANDIDATURA FANTASMA pelo PSL/BAHIA.
A Deputada reagiu e entrou com processo contra o vereador Conquistense.
O ex-presidente Lula criticou nesta
sexta-feira (26), em entrevista exclusiva concedida à Folha de S.Paulo e
ao jornal El País, o que diz ser uma diferença de tratamento dado a ele
e ao atual presidente da República, Jair Bolsonaro.
"Eu
estou achando estranho essa tal dessa milícia do Bolsonaro. Cadê aquele
cidadão dos R$ 7 milhões [Fabrício Queiroz, ligado
a Flavio Bolsonaro]? Cadê a imprensa que não está atrás do Queiroz?
Então, é o seguinte, o Brasil tem dois pesos e duas medidas", afirmou.
"Eu,
ex-presidente da República, sem nenhuma prova, foram na minha casa,
recebi vários policiais. O seu Queiroz não atendeu a nenhum pedido [para
depor no Ministério Público] e a Polícia Federal não foi buscar ele
ainda", disse Lula.
Após
uma batalha judicial na qual a entrevista chegou a ser censurada pelo
STF (Supremo Tribunal Federal), decisão revista na semana passada pelo
presidente da corte, Dias Toffoli, o petista recebeu os dois veículos,
em uma sala preparada pela Polícia Federal na sede do órgão em Curitiba,
onde está preso desde abril do ano passado.
Sobre
a eleição de 2018, Lula diz que acreditava na possibilidade de
concorrer à Presidência mesmo estando na cadeia. " Uma das condições que
fez com que eu viesse para cá era porque não havia nenhum advogado
naquele instante que não garantisse que eu disputaria as
eleições sub-judice. Mesmo condenado, eu poderia concorrer."
O
ex-presidente também se queixa da visão negativa que incide hoje sobre a
política. "A política está efetivamente demonizada. E vai se levar um
tempo muito grande para a gente tratar a política com mais seriedade."
Leia, abaixo, novos trechos da entrevista de Lula:
Lula
- No dia em que eu sair daqui, eles sabem, eu estarei com o pé na
estrada. Para, junto com esse povo, levantar a cabeça e não deixar
entregar o Brasil aos americanos. Para acabar com esse complexo de
vira-lata.
Eu nunca vi um
presidente bater continência para a bandeira americana [como fez
Bolsonaro]. Eu nunca vi um presidente ficar dizendo "eu amo os EUA, eu
amo". Ama a sua mãe, ama o seu país! Que ama os Estados Unidos! Alguém
acha que os Estados Unidos vão favorecer o Brasil?
Americano
pensa em americano em primeiro lugar, pensa em americano em segundo
lugar, pensa em americano em terceiro lugar, pensa em americano em
quinto e se sobrar tempo pensa em americano.
E
ficam os lacaios brasileiros achando que os americanos vão fazer alguma
coisa por nós. Quem tem que fazer por nós somos nós. A solução dos
problemas do Brasil está dentro do Brasil.
O
seu partido perdeu a eleição e a extrema direita chegou ao poder com
muitos votos que eram do PT. Como o senhor avalia essa guinada?
Lula
- Vamos só relativizar tudo isso. Uma das condições que fez com que eu
viesse para cá era porque não havia nenhum advogado naquele instante que
não garantisse que eu disputaria as eleições sub-judice. Mesmo
condenado, eu poderia concorrer.
E
eu estava com um orgulho muito grande de ganhar as eleições de dentro
da cadeia. É importante lembrar que eu cresci 16 pontos aqui dentro [da
prisão]. Sem poder falar.
Aí
quando o ministro [do STF e do TSE, Luís Roberto Barroso] fez aquela
loucura [foi decidido que Lula não poderia se candidatar], eu tive que
assinar uma carta dizendo para o [Fernando Haddad] ser candidato.
Ali eu senti que nós estaríamos correndo risco. A transferência de votos não é simples, automática. Leva tempo.
Eu tinha certeza de que o Haddad poderia representar muito bem a candidatura, como representou.
Nós
tivemos uma eleição atípica no Brasil. O papel do fake news na
campanha, a quantidade de mentira, foi uma coisa maluca. E depois [teve]
a falta de sensibilidade dos setores de esquerda de não se unirem.
A coisa foi tão maluca que a Marina [Silva, da Rede], que quase foi presidente da República em 2014, teve 1% dos votos.
Eu
respeito o voto do povo. O povo não é bom só quando vota em mim. Mas a
verdade é que eu nunca tinha visto o povo com tanto ódio nas ruas.
Eu
já fui muito a estádio de futebol. Eu sou corintiano. Eu ia com
palmeirense, com são-paulino, com santista. A gente brincava, brigava.
Mas, agora, era loucura. É ódio. E eu tenho acompanhado por leitura.
Está no mundo inteiro assim.
A
política está efetivamente demonizada. E vai se levar um tempo muito
grande para a gente tratar a política com mais seriedade. Veja o caso do
Brasil. O que você tem visto nesses quatro meses? Eu não esperava que o
Bolsonaro fosse resolver o problema do Brasil em quatro meses.
Quem
acha que em cem dias pode apresentar alguma coisa, realmente não
aprendeu a sentar a bunda na cadeira. E, depois, com a família que ele
tem. Com a loucura que tem. Quem é o primeiro inimigo que ele tem? É o
vice [general Hamilton Mourão]. Ele [Bolsonaro] passa a agredir os
deputados, depois tenta agradar os deputados. Diz que está fazendo a
nova política e a política que ele faz é a mesma porque ele é um velho
político.
Ou seja, o país
está desgovernado. Ele [Bolsonaro] não sabe até agora o que fazer e quem
dita regras é o Paulo Guedes. O homem de R$ 1 trilhão [que o ministro
afirma que será economizado com a reforma da Previdência]. A única coisa
que o povo sabe é do R$ 1 trilhão.
Eu
vejo jornal das 7, das 8, das 11, do meio-dia, em todos os canais.
Nunca vi tanto jornal na vida. É tudo a mesma coisa. Parece as sentenças
que dão contra mim.
Fez a
reforma da Previdência, acabou o teu problema. Acabou o problema do
Brasil. Todo mundo vai ficar maravilhosamente bem. E eu acho que todo
mundo vai se lascar se for aprovada a Previdência tal como ele [Guedes]
quer.
Se a Previdência
precisava de reforma, senta com os trabalhadores, com os empresários,
com os aposentados, os políticos, e encontra uma solução para arrumar
onde tem que arrumar.
Dá para
culpar muitos pela derrota. Mas vocês ficaram muito tempo no poder.
Houve corrupção de fato, comprovada. Que auto-crítica que o senhor faz? E
como fica o PT agora, sem o senhor?
Lula
- Obviamente que reconhecemos que perdemos as eleições. Mas é
importante lembrar a força do PT. Porque só eu pessoalmente tenho mais
de 80 capas de revistas contra mim. Quando eu fui preso, eu tinha 80
horas de Jornal Nacional contra mim. Mais 80 horas da Record, mais 80
horas do SBT, mais 80 horas de um monte de coisas. E eles não
conseguiram me destruir. Isso significa que o PT tem uma força muito
grande.
O PT não foi
destruído. O PT perdeu a eleição. Provou que é o único partido que
existe nesse país. O resto é sigla de interesses eleitorais em momentos
certos. Quem acabou foi o PSDB. Esse acabou. Esse foi dizimado.
Então
o PT perdeu as eleições. Deve ter cometido erros durante os nossos
governos. O Ayrton Senna cometeu erros, um só, e morreu.
E a corrupção?
Lula
- Ela pode ter havido. Agora, que se faça prova. Teve corrupção, a
polícia investiga, faz acusação, prova, está condenado. Fomos nós do PT
que criamos os melhores mecanismos para apurar a corrupção. Não foi o
Moro, não foi ninguém. Combater a corrupção é uma marca do PT.
Se alguém do PT cometeu um erro, tem que pagar. A única coisa que queremos é que se apure, que se investigue.
Eu falo por mim. Eu desafio Moro, Dallagnol, 209 milhões de pessoas -inclusive você- a provar a minha culpa.
Na
questão do sítio, houve de fato uma reforma, comprovada, e o senhor
usufruiu dessa reforma. A Justiça decidirá se houve crime. Mas não houve
um erro?
Lula - Eu poderia
ter aceito e nunca ter ido naquele sítio. Então eu cometi o erro de ter
ido no sítio. Eu disse que está provado que eu fiquei sabendo daquele
maldito sítio dia 15 de janeiro de 2011. E o sítio tinha dono, dono,
pré-dono, e bidono. O Jacó Bittar era meu amigo de 40 anos, comprou o
sítio no nome do filho dele, com cheque dado pela Caixa Econômica
Federal, e a polícia sabe disso, a polícia investigou.
Nós
tivemos policiais e procuradores visitando casa de trabalhador rural
[do sítio], casa de pedreiro, casa do caseiro, perguntando até para as
galinhas: "Você conhece o Lula? O Lula é o dono?" Nem as galinhas
falaram. Porque se eu quisesse eu podia comprar.
Então,
se eu cometi o erro de ir num sítio em que alguém pediu e a Odebrecht
reformou, vamos discutir a questão ética. Aí é outra questão.
Acontece que o impeachment da Dilma [Rousseff], o golpe, não fecharia com o Lula em liberdade.
Qual
é o meu incômodo? Se eu tivesse aqui preso e o salário mínimo tivesse
dobrado, [pensaria] "o Lula realmente é um desgraçado, prendeu e
melhorou [a vida do] povo". Mas não.
Acabaram
agora com o aumento real do salário mínimo. Inventaram uma carteira de
trabalho verde e amarela [com menos direitos, para quem estiver entrando
no mercado de trabalho]. Nenhum empresário vai contratar um trabalhador
que não esteja com carteira verde e amarela.
Essa gente pensa que o povo é imbecil para ficar mentido o tempo inteiro para o povo.
Quando
falam em autocrítica, eu acho que nós devemos ter muitos erros. Eu, por
exemplo, tive um erro grave. Eu poderia ter feito a regulamentação dos
meios de comunicação.
É uma
autocrítica que eu faço. Mas imagina se todo mundo nesse Brasil fizesse
uma autocrítica. A elite brasileira deveria estar agora fazendo
autocrítica: "Poxa vida, como a gente ganhou tanto dinheiro no governo
do Lula, como é que o povo pobre vivia tão bem, como é que o povo pobre
estava viajando para o Piauí, para Sergipe, para Guaranhus, de avião e
agora nem de ônibus pode viajar?".
Vamos
fazer uma autocrítica por causa do que aconteceu em 2018 na eleição.
Vamos fazer uma autocrítica geral nesse país. O que não pode é esse país
estar governado por esse bando de maluco.
O senhor se sente injustiçado por empresários que cresceram em seu governo fazerem delações premiadas contra o PT e o senhor?
Lula
- Eu não fico com raiva. Eu tenho desafiado os empresários a dizerem
quem é que me deu cinco centavos. A coisa é que mais acontece no Brasil é
denúncia. E sou favorável que todas as denúncias feitas sejam apuradas.
Investiga, investiga, apura, apura, faz o que quiser.
Eu
estou achando estranho essa tal dessa milícia do Bolsonaro. Cadê aquele
cidadão dos R$ 7 milhões [Fabrício Queiroz, ligado a Flavio
Bolsonaro]? Cadê a imprensa que não está atrás do Queiroz? Então, é o
seguinte, o Brasil tem dois pesos e duas medidas.
Eu,
ex-presidente da República, sem nenhuma prova, foram na minha casa,
recebi vários policiais. O seu Queiroz não atendeu a nenhum pedido [para
depor no Ministério Público] e a Polícia Federal não foi buscar ele
ainda.
Os policiais do
Exército dão 80 tiros num carro, matam um negro. E vai [a imprensa]
perguntar para o ministro da Justiça e ele fala: "Isso pode acontecer". É
por isso que eu não tenho o direito de baixar a cabeça, de ficar
esmorecido, fraquejar. Eu estou mais tinhoso que nunca. gauchazh
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira, 26, a segunda
fase da Operação Condotieri, que está relacionada a crimes eleitorais
cometidos em 2016, por um candidato que foi eleito vereador na cidade de
Vitória da Conquista (a 518 quilômetros de Salvador).
Nesta quinta, a operação tem como objetivo apurar a conduta de alguns
dos indiciados, que segundo a PF, estão tentando impedir ou empatar a
instrução criminal do Inquérito Policial da Operação Condotieri.
A ação conta com 20 policiais federais que cumprem quatro mandados de
busca e apreensão, quatro mandados de medidas cautelares diversas da
prisão e cinco mandados de intimação, todos em Conquista. Todos os
envolvidos irão responder pelo crime do art. 2º, § 1º da Lei
12.850/2013, com pena que varia entre três e oito anos de reclusão. A Tarde
O juiz Adilson Aparecido Rodrigues Cruz, da 34.ª Vara Cível de São
Paulo, determinou que a empreiteira OAS e a Cooperativa Habitacional dos
Bancários (Bancoop) devolvam solidariamente ao ex-presidente Lula
66,67% da cota-parte do apartamento 141 adquirida pela ex-primeira dama
Marisa Leticia no condomínio Mar Cantábrico, atual Solaris, no Guarujá,
litoral paulista. O edifício é o mesmo onde fica o triplex, pivô da
condenação do petista na Operação Lava Jato e pela qual Lula cumpre pena
de 8 anos e 10 meses de prisão em Curitiba.
“Julgo parcialmente procedente a ação de restituição de valores pagos
que Marisa Letícia Lula da Silva (depois, espólio de Marisa Letícia
Lula da Sila, representando pelo seu inventariante Luiz Inácio Lula da
Silva) ajuizou contra Bancoop Cooperativa Habitacional dos Bancários e
OAS Empreendimentos S/A em recuperação judicial”, determinou o
magistrado.
Adilson Aparecido Rodrigues Cruz afastou alegações de prescrição do
caso e acolheu o pedido da defesa da família Lula. “Declaro abusivas as
cláusulas referidas e, na adequação dos valores devidos, condeno a parte
ré, solidariamente, a pagar à parte autora a quantia de 66,67%
referente ao acolhido cálculo, atualizado e com juros legais”, anotou o
magistrado.
O Solaris era da Bancoop, a cooperativa fundada nos anos 1990 por um
núcleo do PT. Em dificuldade financeira, a Bancoop repassou para a OAS
empreendimentos inacabados, o que provocou a revolta de milhares de
cooperados – eles protestam na Justiça que a empreiteira cobrou valores
muito acima do previsto contratualmente.
Na ação distribuída para a 34.ª Vara Cível da Capital, a família Lula
afirmou que, em abril de 2005, assinou o Termo de Adesão e Compromisso
de Participação com a Bancoop e adquiriu ‘uma cota-parte para a
implantação do empreendimento então denominado Mar Cantábrico’. A
previsão de entrega, de acordo com a defesa, era 2007.
Segundo o documento, subscrito pelos advogados Roberto Teixeira,
Cristiano Zanin Martins, Maria de Lourdes Lopes e Rodrigo V. Domingos, a
Bancoop reservou previamente uma unidade do edifício que seria
construído para Marisa Letícia.
“No caso, o apartamento 141 no Edifício Navia, uma unidade padrão,
com três dormitórios (um com banheiro) e área privativa de 82,5 metros
quadrados”, descreveram os criminalistas.
Os advogados afirmaram que Marisa Letícia pagou a entrada de R$ 20
mil, as prestações mensais e intermediárias até setembro de 2009.
Segundo os criminalistas, naquele ano, a Bancoop repassou o
empreendimento à OAS e deu duas opções aos cooperados: solicitar a
devolução dos recursos financeiros integralizados no empreendimento ou
adquirir uma unidade da OAS, por um valor pré-estabelecido, utilizando,
como parte do pagamento, o valor já pago à Cooperativa.
A defesa relatou que Marisa Letícia à época não se manifestou sobre o
tema, mas o fez em 2015 quando pediu a restituição dos valores
colocados no empreendimento. Os advogados sustentaram que, desde então, a
Bancoop ‘não realizou a devolução do valor investido ou forneceu
qualquer justificativa’ e também que ‘ao assumir o empreendimento e
comercializá-lo, a OAS se tornou co-responsável pelo ressarcimento da
cota-parte dos cooperados’.
Na sentença, o juiz Adilson Aparecido Rodrigues Cruz afirmou que ‘é
parcialmente procedente porque, no adiante, inviável carrear a culpa
exclusiva do promitente vendedor/construtor’.
“Sopesa, de modo bastante preponderante, que ao tempo da manifestação
da vontade de Marisa Leticia Lula da Silva em não prosseguir com a
aquisição da unidade autônoma o imóvel já havia sido entregue. A
consequência, fundamentada à frente, é a restituição parcial do total
das parcelas pagas”, registrou o magistrado.
“A então adquirente Marisa Letícia Lula da Silva não deu causa ao
atraso da obra, pagou todas as prestações tidas pelas partes como
devidas até a transferência de direitos e obrigações para a OAS
Empreendimentos S.A e, de outro lado, a despeito de ter ela assinado a
declaração à restituição com a quitação total à cooperativa não recebeu,
nos autos, quaisquer quantias à restituição parcial ou total do valor
devido.” Istoé
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
entra em um pequeno auditório da superintendência da Polícia Federal em
Curitiba. Lá dentro, é esperado pelos jornalistas do EL PAÍS e do
jornal Folha de S. Paulo. Chega de tênis, camisa social, calça
jeans e paletó cinza, e um calhamaço de papeis embaixo do braço.
Senta-se numa mesa ao centro com alguns poucos microfones. Não está
feliz nem triste. Nem tampouco envelhecido. Mas está diferente. “Tudo
bem?”, diz ele aos presentes, ainda com o rosto um pouco fechado, e se
dirige para uma mesa improvisada ao centro, onde fica de frente para o
repórter do EL PAÍS e para Mônica Bergamo da Folha, que vão
conduzir a entrevista. “Antes de vocês fazerem a primeira pergunta...
quero fazer um micropronunciamento para tratar especificamente do meu
caso, e depois do caso do Brasil”, diz ele, em tom grave.
Suas mãos tremem um pouco quando começa a ler. Seu rosto fica
vermelho olhando para o texto que traz um rosário de críticas contra
seus julgadores. “Sei muito bem qual lugar que a história me reserva. E
sei também quem estará na lixeira.” Lula critica o ex-juiz Sergio Moro,
responsável pela sua condenação, a Operação Lava Jato,
e o procurador Deltan Dallagnol. “Reafirmo minha inocência, comprovada
em diversas ações”. O silêncio é absoluto, apesar da presença de
delegados da Polícia Federal e de três oficiais armados, todos a serviço
da PF, que está sob o guarda-chuva do Ministério da Justiça, conduzido
por Sergio Moro.
Lula está engasgado e sabe que esta entrevista é a oportunidade para falar depois de um ano silenciado pela prisão em abril de 2018.
A conversa tem início e o ex-presidente ainda mantém um semblante
sério. Mas uma pergunta quebra a rigidez. Quando é questionado sobre a
morte do irmão Vavá, em janeiro deste ano, e o neto, Arthur Araújo Lula da Silva, de 7anos, dois meses depois.
“Esses dois momentos foram os mais graves”, lembra ele, citando também a
perda do ex-deputado Sigmaringa Seixas, morto no final do ano passado.
“O Vavá é como se fosse um pai pra família toda. E a morte do meu neto
foi uma coisa que efetivamente não, não, não… [pausa e chora]. Eu às
vezes penso que seria tão mais fácil que eu tivesse morrido. Porque eu
já vivi 73 anos, eu poderia morrer e deixar meu neto viver."
“Não tem problema que eu fique aqui para o resto da vida. Quem não dorme bem é o Moro”
Lula diz que há outros momentos que o deixam triste, com uma mágoa
profunda. “Quando vejo essa gente que me condenou na televisão, sabendo
que eles são mentirosos, sabendo que eles forjaram uma história, aquela
história do powerpoint do Dallagnol, aquilo nem o bisneto dele vai
acreditar naquilo. Esse messianismo ignorante, sabe? Então eu tenho
muitos momentos de tristeza aqui. Mas o que me mantém vivo, e é isso que
eles têm que saber, eu tenho um compromisso com este país, com este
povo”, completa.
Começa a entrevista, que virou caso de Justiça.
Só foi realizada após a interferência do Supremo Tribunal Federal. Uma
conversa que vai durar duas horas. E o ex-presidente começa a relaxar. É
o Lula de sempre. Ele está igual. Quem esperava vê-lo envelhecido ou
derrotado, se frustra. Ele tem fúria. E obsessão para provar sua
inocência. “Não tem problema que eu fique aqui para o resto da vida.
Quem não dorme bem é o Moro, Dallagnol e o juiz do TRF-4 [que confirmou
sua condenação em segunda instância].”
Os detalhes desta conversa serão publicados ao longo do dia no site e nas redes sociais do EL PAÍS.
. @LulaOficial: “Tenho certeza de que durmo todo dia com a minha consciência tranquila. E tenho certeza de que o Dallagnol e o Moro não dormem.”
Vídeo da Folha de S.Paulo pic.twitter.com/T8cZHfGr9k
— Henrique Lula Fontana (@HenriqueFontana) April 26, 2019
Queiroz é investigado porque o Coaf detectou uma movimentação considerada atípica em sua conta bancária.
A Justiça do Rio de Janeiro negou nesta quinta-feira (25) pedido do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) para interromper a investigação conduzida pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ) contra seu ex-assessor Fabrício Queiroz.
O parlamentar alegou que durante a investigação, a pedido do MP-RJ, seu sigilo bancário foi quebrado sem autorização judicial.
O desembargador Antônio Carlos Nascimento Amado, da
3.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), negou o
pedido alegando que a investigação não se baseia em dados sigilosos
obtidos irregularmente.
Em nota divulgada no início da noite, Flávio afirmou que “fica cada vez mais claro para o Brasil que não fez nada de errado”. renovamidia
“Vou recorrer a todas as instâncias para fazer valer meu direito e
para responsabilizar aqueles que tentam atacar minha reputação ilibada
com acusações absurdas e fantasiosas”, completou o senador, segundo o jornalista Fausto Macedo.