O pastor Sargento Isidório (Avante), deputado estadual pela Bahia e
eleito deputado federal nas últimas eleições, está sendo processado por
Daniela Mercury por declarações agressivas feitas em vídeo meses atrás,
por ocasião da chacota feita pela cantora no Festival de Inverno de
Garanhuns.
Isidório está sendo processado por injúrias, pois dirigiu-se a
Daniela Mercury como “escrava de satanás”, “puta”, “endemoniada” e
outros termos chulos, além de fazer considerações sobre o ato sexual
homoafetivo, dizendo que “sexo é feito com pênis e vagina”, e não com
“borracha”.
O processo foi aberto no último dia 31 de outubro, mas foi divulgado
apenas na última segunda-feira, 05 de novembro pelos advogados da
cantora, segundo informações do jornal Estado de Minas. Na ação, Daniela Mercury diz que o vídeo do pastor Sargento Isidório contém “afirmações falsas e agressões absurdas”.
Agressões
Daniela Mercury incitou a ira de diversos cristãos em todo o Brasil ao protestar contra uma decisão de impedir a encenação da peça O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu, protagonizada pelo travesti Renata Carvalho na cidade de Garanhuns.
Durante sua apresentação, Daniela Mercury fez seu discurso político:
“Me choca profundamente que os políticos desse país censurem uma peça de
teatro e censurem uma exposição de arte de grandes artistas. É de uma
petulância absurda”, afirmou na ocasião.
Em seguida, a artista desdenhou da intelectualidade dos cristãos
católicos e evangélicos, sugerindo que o conceito de arte não é
compreendido por religiosos: “Se nós tivéssemos protestos de pessoas que
são da religião, que não compreendem a arte, que não entendem que arte
não tem dogma, que arte é crítica social, que arte é reflexão sobre nós,
que arte é essencialmente livre, é singular, é uma palavra escrita,
desenhada, um gesto, uma atitude, uma instalação… arte é para incomodar,
é para fazer pensar, refletir, arte é para libertar a cabeça de m…”,
atacou.
“Não existe civilização sem liberdade. Não existe civilização na face
da Terra que não tenha sido construída a partir das manifestações
artísticas de seu povo. Então não me venha agora com ignorância querer
conceituar o que é arte e o que não é arte”, acrescentou, ignorando que a
peça – escrita pelo transexual Jo Clifford – ofende o sentimento
religioso e por isso tem sido alvo de protestos e ações judiciais.
“É ignorância, absurda. O [ex] ministro [do Supremo Tribunal Federal]
Carlos Ayres Brito disse que a gente está na idade da mídia mas parece
que está na Idade Média. Censurar uma peça de teatro por convicções
religiosas é o maior absurdo e isso não pode ser permitido. A nossa
Constituição não deixa isso. Nossa Constituição não é a Bíblia”,
disparou a cantora.
Mais à frente, em seu discurso político, Daniela Mercury afirmou que
as leis permitem qualquer expressão rotulada de arte sobre os símbolos
religiosos: “Eu sou de família católica e respeito profundamente, mas
nossa Constituição nos permite, sim, lidar com símbolos religiosos e
falar sobre eles, principalmente num país tão católico como o nosso”,
disse, invocando demônios sobre o palco em seguida.
Confira o discurso (repleto de palavrões):
Reação
Diversas lideranças evangélicas reagiram à fala de Daniela Mercury,
mas nenhuma no tom do deputado estadual baiano. Os advogados da cantora
argumentam, na ação contra o pastor, que “Daniela não diz que Jesus é
travesti”. Tal afirmação foi feita por outro artista, o cantor Johnny
Hooker.
“A partir do vídeo do deputado, onde há claramente o crime de
injúria, com aumento de pena por ter se utilizado de meio que facilitou a
propagação da ofensa (a internet), outras centenas de milhares de fake
news envolvendo Daniela surgiram e até hoje são motivo de agressão à
artista nas redes sociais, com ameaças de cancelamento de shows e
pedidos de explicação à produção da artista”, reforçou a equipe da
cantora. Informações gospel+
Assista ao vídeo do pastor Sargento Isidório com declarações contra
Daniela Mercury, chamando-a de “escrava de satanás” e fazendo
considerações sobre sua opção homossexual:
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