A discussão do projeto de lei que acelera o bloqueio de bens de pessoas, empresas e entidades ligadas ao terrorismo (PL 10431/18) reacendeu o debate sobre a possível criminalização de movimentos sociais.
A proposta analisada em Plenário obriga o governo brasileiro a
cumprir, de imediato, as sanções do Conselho de Segurança das Nações
Unidas relacionadas ao crime de terrorismo, principalmente o bloqueio de
ativos. A determinação será tomada pelo Ministério das Relações
Exteriores e pelo Ministério da Justiça, sem necessidade de aval do
Poder Judiciário.
PCdoB, PT e Psol protestaram contra o projeto, em função do poder
dado às autoridades nacionais. “O que está atrás dessa proposta é a
criminalização de movimentos sociais”, disse o líder do Psol, deputado
Ivan Valente (SP).
O deputado Fábio Trad (PSD-MS) lembrou que a lei antiterrorismo (Lei
13.170/15) traz uma ressalva específica para determinar que não se
aplica a pessoas em protestos, partidos, sindicatos ou movimentos
sociais. “A lei é clara. Não há criminalização de movimento social”,
afirmou.
Já a deputada Maria do Rosário (PT-RS) disse que não há clima de
confiança entre o governo e os movimentos sociais. “A lei atual pode ser
modificada. Não queremos que os movimentos sociais sejam confundidos
com terrorismo”, declarou.
O deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ) ressaltou que um inquérito da
Polícia Federal pode originar uma denúncia de terrorismo e, desta forma,
atingir os movimentos sociais. “Retirar o bloqueio de bens da esfera do
Judiciário é o ministro da Justiça, Sérgio Moro, querendo ser ministro e
juiz ao mesmo tempo. E autoridades internacionais poderão intervir no
Brasil sem que haja direito de defesa”, criticou.
Padrão internacional
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), no entanto, destacou que a legislação segue um padrão internacional já adotado por outros países e que a proposta vai adequar o Brasil às regras do Grupo de Ação Financeira Internacional (Gafi), cujo foco é o combate à corrupção e à lavagem de dinheiro, inclusive se associados a atos de terrorismo.
Padrão internacional
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), no entanto, destacou que a legislação segue um padrão internacional já adotado por outros países e que a proposta vai adequar o Brasil às regras do Grupo de Ação Financeira Internacional (Gafi), cujo foco é o combate à corrupção e à lavagem de dinheiro, inclusive se associados a atos de terrorismo.
“Estamos falando de criminosos internacionais que lidam com
terrorismo e armas de destruição em massa. Se deixarmos a votação da
proposta para depois, não teremos o selo do Gafi e sofreremos sanção por
isso. Trata-se apenas de seguir outros países, nos moldes de normas já
existentes, por exemplo, sobre a Interpol”, disse.
Para o deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), as pessoas ou organizações
que lidam com terrorismo ou armas de destruição em massa “têm de
encontrar a mão forte do Estado”. “O Brasil se compromete com a
comunidade internacional em combater o terrorismo”, disse.
O deputado Marcelo Ramos (PR-AM) criticou os “extremismos” envolvidos
na discussão da medida. “O texto faz remissão à lei que exclui a
possibilidade de criminalização de movimentos sociais, faz parte de uma
estratégia transnacional para o combate ao terrorismo”, declarou.
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