Em depoimento a policiais da Delegacia de Homicídios de Niterói e São
Gonçalo, Wagner Andrade Pimenta, conhecido como Misael, um dos filhos
adotivos de Flordelis
e do pastor Anderson do Carmo, afirmou acreditar que a mãe foi a
“mentora intelectual” da morte do pai. O relato foi dado por ele no dia
18 de junho deste ano, dois dias após o crime. Misael e o irmão Daniel
dos Santos de Souza foram os primeiros a prestar depoimento atribuindo à
Flordelis participação no assassinato.
Depois deles, outros três filhos adotivos – Luan Santos, Kelly
Cristina dos Santos e Roberta Santos – também fizeram relatos aos
policiais que comprometeram a mãe. O EXTRA teve acesso a todos os
depoimentos.
Sobre o crime, Misael disse, em seu depoimento, que Flordelis,
“manipulando os filhos, encontrou alguém com coragem para matar
Anderson”. Flávio dos Santos Rodrigues, filho biológico apenas de
Flordelis, e Lucas Cézar dos Santos, filho adotivo do casal, são réus
pela morte do pastor. De acordo com as investigações, o primeiro foi o
responsável por atirar na vítima e o segundo, o auxiliou na compra da
arma do crime. A polícia agora investiga a participação de outras
pessoas da família na execução.
Em suas declarações à polícia, Misael contou ainda que a mãe lhe
disse acreditar que Anderson estava “dando a volta nela com relação à
dinheiro”.
No depoimento, Misael contou que em outubro do ano passado, Anderson
ficou internado cinco dias e perdeu quase 20 quilos. Na época, ele disse
que não sabia o motivo, mas hoje sabe que estavam dopando o pai, dando
remédios para ele a mando de Flordelis. Ao menos outros três filhos
confirmaram que medicamentos vinham sendo dados ao pastor.
No dia 24 de junho, Misael deu um novo depoimento à polícia e, na
ocasião, relatou ter descoberto que Flordelis digitou uma das mensagens
que a irmã, Marzy Teixeira, enviou para Lucas pedindo que ele matasse
Anderson. Segundo Misael, Marzy foi questionada pela esposa dele, Luana,
sobre a mensagem, e ela admitiu que o texto foi escrito pela pastora. A
mensagem foi escrita no próprio tablet de Anderson e encontrada por ele
posteriormente. Como a igreja havia sido furtada no ano passado, o
pastor acreditou que o texto fora escrito em um outro aparelho do tipo,
levado na ocasião, e aparecido no novo tablet pela “nuvem”.
Misael afirma que teve acesso ao telefone celular do pai, que estava
com o motorista da mãe, Marcio da Costa Paulo, conhecido como Buba, no
dia seguinte ao crime. No aparelho, conseguiu recuperar a mensagem pelo
sistema da Apple, e a fotografou com seu celular, que foi entregue à
polícia. Ainda de acordo com Misael, Buba lhe relatou que entregaria o
celular para Flordelis.
Já Daniel, em seu depoimento no dia 18 de junho, também afirmou
acreditar no envolvimento de Flordelis na morte do pastor. Ele ainda
disse ter ouvido da mãe que a hora do seu pai ia chegar e não demoraria
muito. O rapaz relatou a possibilidade de envolvimento, no crime, de
Flávio, Lucas, outras duas filhas e uma neta da pastora.
Daniel também afirmou que o pai lhe mostrou a mensagem encontrada por
ele, na qual ficava claro que estavam planejando sua morte.
Assim como Daniel, Luan e Roberta também afirmaram à polícia
acreditarem no envolvimento de Flordelis na morte de Anderson. Em seu
depoimento, o rapaz afirmou que sua irmã Simone dos Santos, filha
biológica de Flordelis e irmã de Flávio, lhe disse que a mãe havia
pedido que ela contratasse alguém para “apagar” Anderson. Mas, sabendo
que Simone não faria o que ela lhe pediu, resolveu fazer a mesma
solicitação a Marzy. Ainda de acordo com Luan, a própria Simone lhe
disse que era a responsável pelos problemas de saúde de Anderson, dando a
ele remédios. Luan também contou ter ouvido a mãe falar sozinha, após o
crime, a palavra “acabou”.
Para Roberta, de acordo com seu depoimento, Flordelis ganharia paz
com a morte de Anderson. Além da mãe, ela também acredita no
envolvimento das duas irmãs e neta da pastora citadas por Daniel. Ela
disse, ainda, que ao ver a forma com que Flordelis se comporta perante a
imprensa, não tem dúvidas de que se trata de teatro e que vê nos olhos
da mãe um sentimento de alívio.
Já Kelly afirmou que a mãe sempre dizia aos filhos que “no dia em que
Anderson não estivesse mais ali, as coisas iriam melhorar”. Ela
revelou, ainda, que Flordelis tentou reunir todos os filhos com o
advogado, no dia anterior aos depoimentos, que ocorreu em 24 de junho,
para combinar o que seria dito à polícia. Kelly afirmou que não
compareceu à renião. Ela também relatou que Flordelis afirmou que
saberia, pelo advogado, o que cada um dos filhos dissera.JM
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